Poluição

Praias poluídas afastam banhistas da orla de São Luís

Esgotos escorrem a céu aberto poluindo pelo menos 20 dos 21 trechos, segundo laudo divulgado pela Sema, que liberou apenas uma área na Praia do Meio

Jock Dean

Atualizada em 11/10/2022 às 12h39
Poucos banhistas se aventuraram a entrar no mar já que o esgoto continua invadindo as praias da capital.
Poucos banhistas se aventuraram a entrar no mar já que o esgoto continua invadindo as praias da capital. (Praias poluídas afastam banhistas da orla der SL)

SÃO LUÍS - Segundo o laudo divulgado pela Secretaria de Estado do Meio Ambiente e Recursos Naturais (Sema) no dia 11, as praias da Ilha de São Luís estão sem condições de balneabilidade. Apesar disso, a população de São Luís continua frequentando os locais normalmente, sobretudo durante o feriadão prolongado da Paixão de Cristo. Quem insiste em tomar banho de mar nos trechos não recomendados afirma que ir à praia é uma das poucas opções de lazer na capital durante a semana.

O laudo divulgado pela Sema refere-se à ação de monitoramento realizada no período de 12 de março a 9 de abril deste ano, integrando a série de acompanhamento semanal das condições de balneabilidade das praias da Ilha de São Luís. Para o laudo, foram coletadas e analisadas amostras de água de 21 pontos distribuídos nas praias da Ponta d’Areia, São Marcos, Calhau, Olho d’Água, Praia do Meio e Araçagi. A ação foi executada por técnicos da Secretaria de Estado de Saúde (SES) e do Laboratório Central de Saúde Pública (LACEN/MA).

Em 13 de outubro do ano passado, um laudo da Sema apontou que toda a orla estava liberada para banho. A notícia foi recebida com desconfiança e os laudos chegaram a ser contestados em audiências públicas. A desconfiança da população aumentou ainda mais no dia 4 de setembro quando uma mancha negra voltou a ser vista por banhistas e frequentadores da Praia do Calhau. A mancha saia da foz do Rio Calhau e ia em direção à praia. A situação evidenciava que esgotos in natura estavam sendo despejados diretamente no rio e, consequentemente, poluindo o trecho da praia. Na mesma semana, um novo laudo da Sema apontou que este estava sem condições de balneabilidade. Apesar do Governo do Estado ter feito obras no local, o trecho continua mostrando sinais de poluição, com o esgoto correndo para o mar.

Praia do Meio

Dos 21 trechos analisados, 20 foram considerados impróprios para banho. Esses pontos não estão recomendados para banho porque não estão de acordo com o estabelecido pelo Conselho Nacional de Meio Ambiente (Conama) que, em sua resolução nº 240/00, considera impróprio para banho o trecho cuja presença de coliformes fecais for superior a 2000 por 100 mililitros de água. Os trechos onde o banho está proibido ficam nas praias da Ponta d’Areia, São Marcos, Calhau, Olho d’Agua, Meio e Araçagi. Segundo o laudo, apenas um trecho da Praia do Meio, em frente o Bar da Praia, está em condições de banho.

Segundo o órgão, as águas das praias são consideradas próprias para banho quando em 80% ou em mais de um conjunto das amostras houver, no máximo, 800 coliformes fecais por 100 mililitros de água. Para alertar os frequentadores das praias da Região Metropolitana de São Luís, todos os trechos interditados ou impróprios estão sinalizados com placas.

Ação Civil Pública

A Sema passou a divulgar os laudos com as condições de balneabilidade das praias após Ação Civil Pública (ACP) proposta pelo Ministério Público Federal (MPF) do Maranhão obrigando a secretaria a divulgar amplamente as condições de balneabilidade das praias de São Luís, Raposa, São José de Ribamar e Paço do Lumiar, incluindo a fixação de placas em trechos impróprios para banho. Em abril de 2012, a Justiça Federal acolheu o pedido do MPF, determinando que a Sema divulgasse as condições de balneabilidade das praias e interditasse todos os trechos onde houvesse lançamento direto de esgotos.

Cuidados

Apesar disso, e como se está em período de feriado, as praias continuam recebendo grupos de amigos e famílias que se reúnem para praticar esportes ou até mesmo tomar banho de mar. “Ao longo da semana a gente tem pouca opção de lazer, por isso vim à praia. Por causa da poluição a gente toma alguns cuidados extras com a higiene ou não mergulha tanto para evitar qualquer problema”, comentou Antônio Oliveira Guimarães, professor de uma escola privada.

Ontem, Luciana Rodrigues levou as filhas e as sobrinhas à praia. As crianças, como é comum, brincavam nas poças d’água e se enterrar na areia. Para evitar que as meninas tenham algum problema de saúde, ela toma certos cuidados. “Além do protetor solar, eu trago água filtrada para que elas lavem as mãos e quando chegam em casa, elas tomam banho e lavam os cabelos”, afirmou.

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