Fé e tradição

Devoções populares encerram celebrações da Semana Santa

Fazer jejum às sextas-feiras, se abster de carne vermelha e guardar silêncio na Sexta-Feira da Paixão são alguns dos costumes que têm sido cumpridos por cristãos

Jock Dean / O Estado

Atualizada em 11/10/2022 às 12h39
Procissão do Fogaréu, conhecida também como Noite da Prisão, faz parte do universo da religiosidade popular
Procissão do Fogaréu, conhecida também como Noite da Prisão, faz parte do universo da religiosidade popular (fogaréu)

Ao longo dos séculos, a Semana Santa mobiliza milhares de fiéis para reviver os últimos passos de Jesus Cristo. Diversas tradições são realizadas ao longo de toda a semana em preparação ao acontecimento mais importante para esses religiosos: a Páscoa do Senhor. Os fiéis da Igreja Católica Apostólica Romana são os que mais guardam tradições populares, que, embora não oficiais, são importantes porque mostram as manifestações de fé da comunidade cristã em todo o mundo.

Nem todas as celebrações da Semana Santa são universais. Procissão do Encontro, na Quarta-Feira Santa, Procissão do Fogaréu, conhecida também como Noite da Prisão, Procissão do Enterro ou do Senhor Morto e Malhação do Judas no Sábado de Aleluia são algumas ações que não são realizadas em todas as paróquias. É que estas não são celebrações prescritas pela Igreja para a Semana Santa, mas fazem parte do universo da religiosidade popular e acabam sendo mais intensas em alguns lugares e em outros não.

O arcebispo de São Luís, dom José Belisário da Silva, explica que as tradições da Semana Santa são mais costumes que mandamentos religiosos. “Esses são costumes que ainda são muito vivos nas comunidades, mas são elementos culturais que vão mudando ao longo do tempo e dos lugares. Eles não estão especificamente nas Sagradas Escrituras”, diz.


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Essas tradições podem ser vistas como práticas da devoção popular, o que a Igreja não condena, já que ela tem o seu valor na experiência de fé do povo. São práticas que ajudam o povo a se colocar nessa intimidade com o Senhor, sendo uma forma de manifestarem sua fé, à sua maneira. “São práticas que vem dos tempos de Cristo e que a população manteve. São memórias. Essa memória de Jesus é conservada e não é simplesmente um sentimento do passado. É algo que nos impulsiona e nos traz presentes os fatos passados”, comenta o arcebispo.

Jejum
Uma das principais tradições da páscoa católica é a quaresma, tempo de 40 dias, iniciado na Quarta-feira de Cinzas e encerrada no Domingo de Ramos, em que os fiéis se preparam para a Semana Santa. É um tempo de reflexão. Nesse período, muitos fazem jejum e se abstêm de comer carne vermelha. Mas, com o preço do pescado cada vez mais caro, não é todo mundo que consegue aliar a tradição com o orçamento doméstico.

Felizmente, segundo esclarece dom Belisário, o jejum de carne vermelha é uma tradição ligada aos costumes do tempo de Cristo e não um mandamento da igreja. “Antigamente, o peixe era um alimento disponível a todos. Hoje, os tempos mudaram. Essa tradição não está especificada nas Sagradas Escrituras”, afirma.

Devoções populares
Embora não oficiais, outras devoções populares têm significado importante para piedade popular. No Sábado de Aleluia acontece a Malhação de Judas, tradição vigente em diversas comunidades católicas e ortodoxas que foi introduzida na América Latina pelos espanhóis e portugueses. É também realizada em diversos outros países, sempre no Sábado de Aleluia. Cada país realiza a tradição de um modo. No Brasil, é comum enfeitar o boneco com máscaras ou placas com o nome de políticos, técnicos de futebol ou mesmo personalidades não tão bem aceitas pelo povo. Em São Luís, moradores de bairros como Centro, Monte Castelo, Liberdade, Camboa e João Paulo cumprem a tradição. “A boa malhação de Judas é aquela em que o povo critica governos, costumes sociais. Ela é importante neste sentido”, diz dom Belisário.

Essas tradições não fazem parte do calendário litúrgico da Igreja Católica, mas são vivenciadas com emoção pelos católicos. Com cânticos religiosos e orações, os fiéis renovam seus votos de fé e refletem acerca de suas vidas e do sofrimento de Jesus na cruz, buscando a solidariedade e a humildade.

SAIBA MAIS

O que dizem as outras religiões

Judeus: A Páscoa judaica remete a fatos ocorridos há cerca de 3,3 mil anos. O povo hebreu, descendente dos patriarcas Abraão, Isaac e Jacob, estava escravizado no Egito. A Torá, o primeiro e mais sagrado dos três livros que compõem a Bíblia judaica, fala da intervenção divina para libertá-lo. Moisés foi o instrumento desta libertação. A data significa, então, a libertação do povo judeu do cativeiro do Egito.

Espíritas: Os espíritas, apesar de não comemorarem datas consagradas por outras religiões, respeitam as manifestações de religiosidade de todas as igrejas cristãs, já que o espiritismo é uma doutrina que se traduz pela ausência absoluta de ritualismos.

Mulçumanos: Os muçulmanos também não festejam a Páscoa. As cerimônias mais importantes do islamismo são o Ramadã, um mês de jejum, em que se celebra a primeira revelação feita por Deus a Maomé, e o tempo de peregrinação a Meca.

Budistas: O budismo não comemora a Páscoa. A doutrina tem suas festas e as mais importantes são as que comemoram o nascimento de Buda (o Hanatmatsuri), a sua iluminação e morte, explica a monja Kokai, da comunidade Zen Vale do Sinos.

Programação das igrejas Neste fim de semana

Igreja da Sé
15/4 – Sábado de Aleluia - Vigília Pascal -18h
16/4 – Domingo de Páscoa – Missa da Ressurreição – 10h e 17h30
Paróquia Nossa Senhora de Nazaré
16/4 – 9h e 19h
Santuário de São José de Ribamar
16/4 – 6h, 8h30, 11h, 17h, 18h30
Santuário Nossa Senhora da Conceição
16/4 – 6h30 e 17h30
Paróquia Nossa Senhora dos Remédios
16/4 – 7h30, 18h30, 20h
Paróquia São João Batista
16/4 – 7h e 10h30
Igreja Santo Antônio
16/4 – 8h
Paróquia São José e São Pantaleão
16/4 – 8h30 e 17h30
Igreja São Roque
16/4 – 7h e 18h
Paróquia São José do Bonfim
16/4 – 7h30
Paróquia Nossa Senhora Aparecida
16/4 – 7h30 e 17h30
Paróquia Divino Espírito Santo
16/4 – 7h e 19h
Paróquia Nossa Senhora da Conceição (Coroadinho)
16/4 – 7h
Paróquia Nossa Senhora da Conceição (Anil)
16/4 – 9h30 e 19h
Paróquia Santíssima Trindade
16/4 – 19h
Paróquia Nossa Senhora da Luz
16/4 – 19h30
Paróquia Nossa Senhora de Fátima
16/4 – 19h
Paróquia São Pedro Apóstolo
16/4 – 19h
Paróquia Nossa Senhora da Saúde e São Benedito
16/4 – 8h, 18h e 19h

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