Centro de Lançamento

Quatro países estão interessados em parceria com o Brasil no CLA

Informação foi dada ontem pelo ministro da Defesa, Raul Jungmann; ele conheceu ontem as instalações do Centro de Lançamento de Alcântara

Atualizada em 11/10/2022 às 12h39
Raul Jungmann ( c) e militares em frente da Torre Móvel de Integração, no CLA
Raul Jungmann ( c) e militares em frente da Torre Móvel de Integração, no CLA (Raul Jungmann ( c) e militares em frente da Torre Móvel de Integração, no CLA)

ALCÂNTARA - Estados Unidos, França, Rússia e Israel manifestaram interesse em formalizar parceria com o Brasil para utilização do Centro de Lançamento de Alcântara (CLA), no Maranhão. A informação é do ministro da Defesa, Raul Jungmann, que esteve ontem conhecendo as instalações do CLA e o programa espacial brasileiro. Jungmann frisou que qualquer acordo com as partes interessadas se dará sempre levando em consideração a soberania do Brasil.

“Na semana passada, um grupo francês esteve visitando o Centro de Lançamento. Obtive informações hoje [ontem] que o CLA está em condições operacionais, ou seja, se houver algumas demandas, o Centro pode lançar foguetes num prazo de uma semana”, afirmou o ministro.

Além disso, Jungmann explicou que mantém conversas com a direção da Embraer Defesa no sentido de o conglomerado nacional, que é sócio na Visiona, junto com a Telebrás, também feche acordos com o CLA. A Visiona é a empresa que contratou junto à francesa Thales o Satélite Geoestacionário de Defesa e Comunicação (SGDC).

“Vou também procurar o BNDES para que o banco possa apontar formas de fomento para o Centro de Lançamento. Numa outra frente, conversarei com os responsáveis na Casa Civil da Presidência da República para equacionar as questões de natureza fundiárias”, contou.

Positivo

O ministro da Defesa avaliou positivamente o CLA, destacando a sua posição estratégica no mundo. “Esse Centro é o que tem melhores condições, não só geográficas, mas também em termos de equipamento em todo o hemisfério sul do planeta. Aqui o Brasil investiu muito e o Brasil tem muito a lucrar com a operação do Centro de Alcântara. Nós estamos redefinindo toda a governança e revendo os acordos de salvaguardas. Existe a ideia em firmar exatamente esses acordos com a Rússia, que tem manifestado interesse; com a França, com Israel e com Estados Unidos. Retiramos o acordo anterior que tínhamos com os Estados Unidos no Congresso Nacional e vamos reenviá-lo em breve”, destacou.

Ele ressaltou a importância do centro para o desenvolvimento do país. "Dado o mercado hoje e o valor de um lançamento, que pode girar em torno de 30 a 120 milhões de dólares, nós temos condições aqui de gerar recursos da ordem de 1,2 a 1,5 bilhão de dólares ao ano para o Brasil", disse.

Jungmann ressaltou ainda que o Centro de Lançamento tem suas finalidades de defesa e comerciais. “Em qualquer lugar do mundo, existe algo semelhante com o que vai ter no Brasil. Portanto, a soberania e a independência nacional estarão absolutamente preservadas. Além do fato que nenhum país, nenhuma empresa, terá o monopólio disto aqui., Quem terá o controle integral dessa área, do Centro de Lançamento, será o Brasil, a partir da sua soberania e a partir daquilo que o Congresso Nacional entender que deve ser feito.”

Visita

Acompanhado do comandante da Aeronáutica, brigadeiro Nivaldo Luiz Rossato; do chefe de Assuntos Estratégicos do Ministério da Defesa, brigadeiro Alvani Adão da Silva; e do diretor-geral de Ciência e Tecnologia Aeroespacial, brigadeiro Carlos Augusto Amaral Oliveira, o ministro Jungmann foi recebido em Alcântara pelo comandante do CLA, coronel Luciano Valentim Rechiuti.

O ministro visitou o Centro de Controle, que é o local que coordena as atividades de lançamento; o Centro de Controle Avançado, a instalação mais próxima à área de lançamento, onde trabalha a equipe responsável pela integração do motor-foguete à carga útil dos veículos e pela segurança terrestre; e a Torre Móvel de Integração, plataforma de lançamento do principal foguete de fabricação nacional, o Veículo Lançador de Satélites (VLS), e futuramente do VLM (Veículo Lançador de Microssatélites).

No auditório do prédio central, o coronel Luciano realizou um briefing com a narrativa do histórico do Centro de Lançamento. O comandante disse que o CLA começou a ganhar forma em 1979 e, no ano seguinte, houve a declaração de uma área de 62 mil hectares como de utilidade para a construção do Centro. Por meio do Decreto nº 88.136/83 se instituiu o CLA. Já no ano seguinte, ocorreu a desapropriação do território para a montagem da estrutura.

Os primeiros lançamentos se iniciaram nos anos 1990 com o Sonda II. Em 1994 dois avanços importantes: a criação da Agência Espacial Brasileira (AEB) e o Programa Nacional de Atividades Espaciais (PNAE). O coronel Luciano mostrou à comitiva, durante a palestra, os cinco setores do centro de lançamento: comando e controle, preparação de lançamentos, controle de satélites, apoio e residencial e hoteleiro.

“Tivemos muitos avanços em termos de modernização, em termos de equipamentos. Temos agora uma área específica de segurança de voo e uma sala de crise. Posso assegurar que o CLA dispõe de plena capacidade operacional”, disse o coronel Luciano.

Após o término da visita ao CLA, o ministro Jungmann e o brigadeiro Rossato sobrevoaram a área e depois seguiram para o Palácio dos Leões, sede do Governo do Estado, onde foram recebidos, em audiência, pelo governador Flávio Dino.

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