Entrevista

Tite lamenta por não ter conseguido recuperar Adriano no Corinthians

Em programa de TV, técnico da Seleção Brasileira falou das alegrias da carreira, mas lembrou também dos momentos ruins

Atualizada em 11/10/2022 às 12h39
(Tite - Técnico da Seleção)

SÃO PAULO - A Seleção Brasileira é líder das Eliminatórias Sul-Americanas, foi a primeira a garantir sua vaga na Copa do Mundo de 2018, está no topo do ranking da Fifa novamente e vive uma série inédita de ficar nove vitórias seguidas sob o comando de um mesmo técnico. Tudo isso aliado ao resgate do bom futebol, do apoio popular e do clima revigorado dentro do grupo de atletas.

Mas, nada disso é o suficiente para que os 7 a 1 tomados diante da Alemanha no último Mundial, em casa, sejam esquecidos. O reencontro está marcado. Dia 27 de março do ano que vem, um amistoso em Berlim colocará os brasileiros frente a frente com os responsáveis pelo seu maior vexame. E Tite garante que o a equipe canarinho está pronta.

“Quando chegar a hora nós vamos estar preparados para enfrentar a Alemanha. Temos um tempo todo de afirmação, de eu melhorar, de conhecer atletas, de dar oportunidade para jogar”, avisou o treinador, em entrevista ao Mesa Redonda, da TV Gazeta.

Tido como maior responsável por essa reviravolta na Seleção Brasileira e grande esperança para que o Brasil conquiste o Hexa, na Rússia, Tite também revelou que a partir de agora é que passará a estudar com mais atenção seus possíveis adversários durante a campanha na Copa do Mundo.

“Primeiro, o que mais me deixa orgulho é a forma como a Seleção está jogando. O desempenho. Segundo, eu vou começar agora também a me oportunizar a entrar nas outras seleções. A França tem um time jovem, mas de muita velocidade e técnica, a Bélgica, talvez, é a melhor geração da história, Alemanha está reciclando, saindo alguns jogadores importantes, trazendo outros, mas vou ter agora uma condição melhor de avaliação. A Espanha mantém a qualidade, mesmo saindo alguns atletas, Itália sempre forte”, analisou, evitando apontar a melhor entre todas.

Ao ser questionados sobre a braçadeira de capitão, que voltou a ser utilizado por Neymar no duelo contra o Paraguai, em São Paulo, depois do atacante ter sofrido muitas críticas no passado por causa do posto de líder, Tite revelou como tudo aconteceu para que o camisa 10 voltasse a ser o representante do grupo dentro de uma partida.

“Jogador em evolução tanto no aspecto técnico quanto de maturidade pessoal. Eu vinha observando e depois das Olimpíadas ele me chamou e disse que não queria mais ser capitão. Deixei o tempo passar, falei que ele era referência em nível técnico e que ele viesse me procurar quando se sentisse pronto”, contou, antes de completar.

“Uma semana depois, ele veio e me disse: ‘pode contar comigo’. Afirmei que queria revezar a faixa de capitão, mas que contava com ele para esse papel de liderança. Antes do jogo na Arena (Corinthians), o chamei e falei: você merece ser capitão, fez por merecer. Ele agradeceu, disse que estava feliz e queria ser capitão”.

Toda essa atmosfera criada, a bola relação com todos e o fato dos atletas, principalmente, terem aceito e acolhido Tite de uma forma tão respeitosa e positiva, pode dar margem para que alguém cite a Seleção de hoje como uma “família”, termo que ficou conhecido à época de Luis Felipe Scolari, mas, o atual comandante garantiu de refutar rapidamente o termo.

“Família eu só tenho uma. É a minha esposa, meu filho e minha filha. O resto são relações profissionais que você coloca no teu grupo e no teu trabalho”, concluiu.

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Carille no Corinthians

“Estou muito feliz e contente pelo Carille. Baita profissional, baita caráter e está tendo tempo da direção e o respaldo disciplinar para montar o trabalho. Essa segurança e a forma linear para essas expectativas. Ele está tendo muita luz para conduzir isso tudo e, aos poucos… Atrapalhado por lesões, e ai o criativo fica abaixo. Quando você perde Giovanni Augusto, Marquinhos, Rodriguinho, esses jogadores, teu problema é maior. Mas tenho certeza que essa equipe vai evoluir muito”.

Melhora no comportamento dos atletas após a chegada de Tite

“Não. É o conjunto da obra. No futebol o técnico da seleção potencializa e o dos clubes complementam. Se eles estiverem mal nos clubes e vieram para a Seleção, não vão vir bem. O Paulinho retomou o auto-rendimento independentemente de ser China. O Coutinho e o Firmino voltaram da Seleção e jogaram bem lá no Liverpool. O desempenho é sim uma condição de treinamento, mas também é uma condição humana”.

Medo de “enferrujar”

“O meu reinventar foi isso também. Nisso eu me descobri um pouco. Eu sinto a necessidade de assistir jogos no estádio, porque eu sinto a adrenalina do técnico do jogo. Eu sinto este ambiente de estar trabalhando e nisso eu fico imaginando formas para tentar solucionar o jogo em que estou assistindo. Ir aos jogos foi uma forma que encontrei para amenizar o número menor de jogos a frente de uma seleção”.

Sobre Marco Polo del Nero

“Eu fui convidado pelo presidente para assumir a seleção brasileira e coloquei minha posição de forma muito clara, de transparência e democratização do futebol. Deixei claro também que não queria assumir outras categorias. Nós precisamos da CBF, que precisa dos clubes, que precisa da imprensa, para o futebol crescer como um todo. Eu não tenho condições de extrapolar em uma área que não é minha”.

Lista de convocados primeiro para o chefe

“Faço todo o acompanhamento. foram 56 atletas nessa última convocação, acompanhamento em vídeo e em treinos e jogos. Feito isso, até o último momento a gente acompanha o atleta, momento físico e técnico. 10h30 nós conversamos com presidente (Marco Polo del Nero), passo (a convocação) ao presidente, depois eu faço a entrevista (coletiva com a imprensa). Toda vez eu faço isso”.

Regime da Seleção na Copa

“Primeiro, não gosto de comparações. Segundo, quando for necessário, sim (vai fechar treinos), desde que haja um respeito com a imprensa para que ela possa fazer o seu trabalho”.

Planos pós-Seleção

“Eu aprendi, no futebol, a planejar uma semana depois. Nunca imaginei que voltaria ao Corinthians depois que saí em 2013, que pudesse ficar um ano fora, aprender, ler, estudar, relaxar, e voltei. Não dá para imaginar”.

O que fez também enquanto não assumia nenhum clube

“Quando se está trabalhando não dá tempo de assistir aos programas esportivos inteiros. Eu também me dei o direito de parar para ouvir vocês (jornalistas). Vocês têm outro enfoque, daquilo que vocês pensam, vale resultado ou desempenho, olha só o placar ou se tem trabalho atrás, olha se tem conduta”.

O que mais marcou durante a fase de estudos

“Ficou muito marcante para mim o (ex-técnico do Boca Juniors, Carlos) Bianchi, que me disse: ‘quando íamos enfrentar vocês (Corinthians), vocês tinham uma concentração muito forte, a gente não conseguia desvirtuar a forma de jogar, uma falta, de provocar. O brasileiro tem essa característica e vocês não tinham’. A observação dele de o nosso time saber jogar com essas diferentes provocações me marcou muito”.

Onde a pressão é maior

“Na Seleção. Sim. Não adianta eu falar que não. Com todo respeito a todos os clubes. É uma responsabilidade muito grande. Medo. Tem pessoas que têm medo de falar de medo. Eu tenho medo. Medo é sadio. O que não pode haver é pânico, porque pânico te engessa e tu não faz nada. Medo te faz preparar melhor. Uma pitadinha de medo sempre é importante. Eu não conheço quem não tenha, tem quem pode mentir, ou quem não tem vira inconsequente.”

Argentina

“Classifica”.

Tite para presidente

“As pessoas têm alegria em relação a Seleção, e outras em termos políticos. Isso é uma brincadeira, eu não tenho veia nenhuma para trabalhar com isso. Eu só procuro, na política, educação e punição à pessoa corrupta. Isso, como ser humano, eu gostaria”.

Relação com Felipão após caso do “fala muito”

Nós temos uma relação profissional. Não tão próxima quanto tínhamos”.

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