Reforma Política

Lista fechada leva políticos a trocar de estado para garantir mandato em 2018

No Partido dos Trabalhadores o movimento de candidatos já é intenso, sobretudo após o desgaste por causa da Operação Lava Jato

Atualizada em 11/10/2022 às 12h39
Dilma Rousseff e Ricardo Berzoini devem tgrocar de estado para ser candidatos
Dilma Rousseff e Ricardo Berzoini devem tgrocar de estado para ser candidatos (Dilma Rousseff)

BRASÍLIA - De olho na aprovação do sistema de lista fechada para as eleições de deputado federal e estadual nas eleições de 2018, políticos de vários partidos já estão montando uma estratégia para sobreviver ás urnas. Candidatos de siglas com muitos caciques vão buscar eleição por outros estados.

No Partido dos Trabalhadores (PT), o movimento neste sentido já é intenso. A legenda é a mais desgastada no cenário político nacional, desde a operação Lava Jato e o impeachment da presidente Dilma Rousseff. Apesar de os líderes não estimularem a mudança, alguns petistas já se articulam para mudar de domicílio eleitoral com um olho na eleição em lista.

Ex-ministro e ex-deputado por quatro legislaturas Ricardo Berzoini tomou a frente e transferiu o título de eleitor de São Paulo para o Distrito Federal.

Berzoini informou a mudança em uma rede social e garantiu que não tem pretensão de concorrer a nada em 2018. Ele explicou que o lado pessoal pesou na decisão. “A principal razão para isso é o fato de estar morando com minha esposa Sonia e dois de meus filhos em Brasília desde 2003, quando o presidente Lula me nomeou para sua equipe ministerial. Como estou vivendo mais em Brasília do que em São Paulo, acho correto integrar-me ao eleitorado de onde resido”, justificou.

Outro que estuda se mudar de mala e cuia para Brasília - literalmente, pois é gaúcho - é o deputado federal Paulo Pimenta (PT-RS). Com o PT em baixa e com pouca mobilização após Agnelo Queiroz (PT) perder a reeleição para o Executivo local, ele liderou os principais movimentos do partido nos protestos contra o impeachment de Dilma Rousseff (PT). Como criou os filhos e mora com a mulher na capital desde 2003, além da grande integração na legenda local, surgiram, há algum tempo, os rumores de que estaria planejando se mudar de vez para o DF.

O sistema de listas fechadas e pré-ordenada é uma das principais estratégias de deputados e senadores para evitar, neste momento de descrédito dos políticos, uma ampla renovação do Congresso Nacional. Na prática, o eleitor não votaria mais no candidato a deputado ou vereador, mas, sim, na legenda. Dessa forma, um candidato desconhecido, mas com influência dentro do partido, poderá ser eleito se estiver em uma posição privilegiada na lista, elaborada internamente.

Para o corregedor nacional de Justiça, ministro João Otávio de Noronha, uma legislação mais dura sobre abuso de autoridade não vai evitar investigações contra agentes políticos. Assim, o Congresso deve ser “prudente” na discussão do projeto que pode punir juízes e procuradores. Noronha, que é responsável por orientar juízes e puni-los administrativamente, diz que é muito “complicado” que parlamentares na mira de investigação discutam o projeto.

“Hoje, talvez, alguns ansiosos que querem punir (juízes), certamente vão, amanhã, acabar com a Justiça, porque ficarão para sempre impunes”, disse.

A Câmara dos Deputados pretende aprovar até maio mudanças no sistema eleitoral e no financiamento de campanhas para que as novas regras entrem em vigor nas eleições de 2018. Pelo texto que será apresentado no dia 4 de abril pelo relator Vicente Cândido (PT-SP), 70% dos recursos das campanhas virão de financiamento público e 30% serão provenientes de doações de pessoas físicas. Modelo preferencial entre os principais líderes partidários, a lista fechada também estará praticamente consolidada no relatório final do petista.

Pelo voto em lista fechada, o eleitor vota no partido, que define previamente os candidatos que serão eleitos em ordem de prioridade. Atua

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Até mesmo a própria Dilma Rousseff pode entrar nesse grupo de petistas andarilhos. Ela sofreu o impeachment, mas, por uma manobra orquestrada pelo então presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), não perdeu os direitos políticos - pelo menos enquanto a chapa dela com o presidente Michel Temer não for cassada pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE). A amiga, senadora e ex-ministra da Agricultura, Kátia Abreu (PMDB-TO), trabalha para que a ex-presidente concorra a uma das duas vagas de senador por Tocantins.

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