Anticorrupção

Moro critica Congresso pela não aprovação das propostas anticorrupção

Falando para estudantes brasileiros no exterior, ele destaca propostas do MPF

Atualizada em 11/10/2022 às 12h39
Sérgio Moro falou a estudantes brasileiros de Harvard e MIT.
Sérgio Moro falou a estudantes brasileiros de Harvard e MIT. (Moro)

BRASÍLIA - O juiz federal Sérgio Moro criticou o Congresso brasileiro pela não aprovação das propostas do Ministério Público para o combate à corrupção. Ele participou sábado, 8, da "Brazil Conference at Harvard & MIT", organizada por estudantes brasileiros nas duas universidades americanas.

No evento, Moro afirmou que o pacote de dez medidas de combate à corrupção proposto pelo Ministério Público não precisa ser aprovado integralmente pelo Congresso, mas não pode ser desfigurado pelos parlamentares. O juiz manifestou frustração diante das críticas à iniciativa. "O Parlamento tem de ter sensibilidade em relação aos anseios de uma sociedade que se indignou com esses casos graves de corrupção. Se não aprovarem essas [medidas], aprovem outras."

Na avaliação do juiz federal, duas das dez propostas seriam fundamentais para tornar mais eficaz o combate à corrupção no Brasil: uma melhor tipificação e o aumento da pena para o crime de caixa 2, assim como a criminalização do enriquecimento ilícito dos servidores públicos. Isso permitiria que funcionários corruptos que têm fortunas absolutamente incompatíveis com seus rendimentos fossem punidos mesmo quando não surgissem provas detalhadas da prática de corrupção, segundo ele.

Moro defendeu que o Congresso dê o aval ao menos a medidas menos controversas do pacote proposto pelo Ministério Público. "A aprovação do projeto seria um passo relevante do Congresso Nacional", disse. "As pessoas querem ter esperança nas instituições e querem ter esperança no Congresso. Eles são os nossos representantes eleitos." Ele também disse que o projeto de abuso de autoridade ameaça a independência de juízes e se colocou contra a proposta de anistia ao caixa 2.

Deltan Dallagnol, um dos procuradores da Lava Jato, disse em outro painel da conferência nos EUA que, até agora, a operação comprovou o pagamento de R$ 6,2 bilhões em propina. Mas, segundo Dallagnol, o prejuízo causado para a Petrobras pelos contratos chega a R$ 42 bilhões.

Questionado se era a favor da descriminalização das drogas, Sérgio Moro foi evasivo. "Eu entendo que não existe uma solução muito fácil para esse modelo. Talvez seja o caso de algum experimentalismo, mas eu tenho muitas dúvidas sobre o que precisa ser feito", afirmou.

"O tráfico de drogas é um desafio no mundo inteiro e embora haja controvérsias sobre a eficácia do enfrentamento de drogas neste momento, as alternativas também são questionáveis, porque não se sabe exatamente o resultado da descriminalização."

Mais

Moro falou no mesmo auditório que havia sido ocupado pela ex-presidente Dilma Rousseff poucas horas antes e disse, em entrevista, não ter se encontrado com a petista.

Dilma fala sobre lava jato, eleições e impeachment

A ex-presidente Dilma Rousseff participou na tarde de sábado, 8, da terceira edição do seminário Brazil Conference, realizado pelas universidades de Harvard e MIT (Instituto de Tecnologia de Massachusetts). Em pouco mais de 1 hora, ela falou sobre democracia, eleições, Lava Jato e o "golpe" do impeachment.

Dilma Rousseff afirmou que os atores do impeachment subestimaram a crise política que eles próprios criaram e agora sofrem as consequências, com um governo altamente impopular e travado pela crise econômica.

"A democracia é o lado certo da história e eu acredito no Brasil. Nós precisamos de eleições diretas. Só vamos retomar o desenvolvimento com eleições diretas."

Sobre o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, Dilma falou: "Me preocupa que prendam o Lula, que tirem o Lula da parada. Ele tem nas pesquisas 38% mesmo com tudo que fizeram. Acho que Lula tem que concorrer, se perder é das regras do jogo". "Deixa ele [Lula] concorrer para ver se ele não ganha", completou.

Na plateia, estavam os petistas José Eduardo Cardozo, Fernando Haddad, Eduardo Suplicy (que publicou parte da palestra em sua páginas nas redes sociais), o empresário Jorge Paulo Lemann, o publicitário Nizan Guanaes e o músico e ex-ministro da Cultura Gilberto Gil.

A presidente deposta encerrou sua participação com a frase: "Eu não tenho medo nem culpa".

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