Editorial

Falta senso de oportunidade

Atualizada em 11/10/2022 às 12h39

Muitas vezes o que falta para mudar a realidade é uma oportunidade. Não são poucas as reclamações do trade turístico de São Luís com relação aos índices não tão interessantes do turismo local. O que é um contra-senso, já que a capital maranhense tem o maior conjunto arquitetônico colonial português da América Latina, além de sua culinária elogiada por muitos que nos visitam além de manifestações folclóricas que juntas dão à cidade um dos maiores potenciais turísticos do Nordeste onde cidades igualmente históricas como Salvador (BA) e Recife e Olinda (PE) concentram a maior parte dos visitantes.

Se por um lado o Centro Histórico de São Luís tem graves problemas de conservação da maior parte do seu casario, de outro falta senso de oportunidade tanto ao poder público quanto à iniciativa privada. No Aterro do Bacanga, em pleno Centro Histórico de São Luís, está o papódromo ou o que sobrou da estrutura construída pelo Governo do Estado para a visita do Papa João Paulo II a São Luís em outubro de 1991, quase 26 anos atrás.

Em 2014, quase 10 anos após a sua morte, o pontífice mais popular da história recente da Igreja Católica faleceu, deixando uma legião de admiradores que após sua santificação tornaram-se devotos. Quatro anos depois do falecimento do papa, a pequena Wadowice, no sul da Polônia, cidade natal de João Paulo II, começou a converter a memória em turismo já que muitos católicos passaram a peregrinar para a lá, melhorando o turismo da cidade.

Mas em São Luís, pouca coisa sobrou da estrutura metálica construída em 1991 para a celebração da missa comanda pelo papa. A depredação da área foi tamanha que até as cadeiras foram arrancadas e a cobertura do local não existe mais. Apenas as rampas laterais, onde bailarinas apresentaram­-se durante a celebração, ainda resistem ao tempo, embora com rachaduras e em péssimo estado.

Em pleno centro histórico, se restaurado, seja pela iniciativa privada ou com apoio do poder público, o local seria um atrativo a mais para o visitante da cidade, sobretudo de cidades vizinhas do Norte e Nordeste do país onde a religiosidade e o sincretismo ainda são uma forma motora para a população. Mas isso nunca foi feito mesmo quando o país não vivia uma crise econômica que obriga aos mais desumanos corte de gastos.

E são várias as possibilidades para o local. Capela, memorial, museu, anfiteatro... Revitalizado o local serviria ainda como mais um ponto de concentração da população, principalmente para a realização de atos públicos na área do seu estacionamento, tirando dele a destinação estritamente religiosa ou turística. Assim, ganhariam a comunidade católica, os amantes da história da cidade, os visitantes e a população em geral. Agora com a economia em recessão e falta de recursos até para o essencial fica mais difícil.

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