Brexit

UE lamenta saída do Reino Unido do bloco, mas diz estar preparada

O presidente do Conselho Europeu disse ontem que lamenta a decisão do Reino Unido; ele ressaltou que a maioria dos europeus e cerca de metade dos britânicos desejavam permanecer juntos; para Donald Tusk, a UE continuará determinada e unida

Atualizada em 11/10/2022 às 12h40
Trusk lembrou que o Conselho convocou uma cúpula para 29 de abril, na qual serão tratadas as diretrizes negociadoras com o Reino Unido.
Trusk lembrou que o Conselho convocou uma cúpula para 29 de abril, na qual serão tratadas as diretrizes negociadoras com o Reino Unido. ( Donald Tusk disse que a prioridade 'minimizar a incerteza causada pela decisão do Reino Unido')

LONDRES - A União Europeia (UE) lamentou ontem a saída do Reino Unido do bloco, mas disse estar "preparada" para o processo, que se centrará em primeiro lugar nos acordos fundamentais para garantir "uma retirada ordenada".

O presidente do Conselho Europeu, Donald Tusk, se referiu a uma declaração dessa organização na qual informa ter recebido a carta da primeira-ministra britânica, Theresa May, ativando o Brexit e ressaltou que o bloco atuará "unido". A prioridade, apontou, será "minimizar a incerteza causada pela decisão do Reino Unido a nossos cidadãos, empresas e Estados-membros".

"Não há razão para achar que é um dia feliz aqui ou em Londres", disse Tusk, visivelmente triste, ressaltando que "a maioria dos europeus e cerca de metade dos britânicos desejavam permanecer juntos". Ele acrescentou que "paradoxalmente, também existe algo positivo" no Brexit, já que "deixou os 27 mais determinados e unidos do que antes".

O presidente do Conselho disse que acredita que a UE continuará "determinada e unida também no futuro" e nas "difíceis negociações" que surgirão nos próximos meses. Nesse contexto, indicou que ele mesmo e a Comissão Europeia têm o "forte mandato de proteger o interesse dos 27".

De acordo com ele, o processo de negociação consistirá essencialmente em um "controle de danos" e ressaltou que o objetivo da UE é "diminuir o custo para os cidadãos, empresas e Estados-membros".

Tusk acrescentou que, para isso, a UE recorrerá a "todos os instrumentos" possíveis. Além disso, ressaltou que por enquanto "nada vai mudar" e que, até que o Reino Unido saia da União, o país continuará aplicando a legislação europeia.

Na declaração do Conselho Europeu informando ter recebido o documento de May, o grupo lamenta que Londres "abandone a UE", mas ressalta que o bloco está "preparado para o processo que virá agora".

Segundo ele, para a UE "o primeiro passo será a adoção das diretrizes" das negociações, que "estabelecerão o conjunto das posições e princípios à luz dos quais a União, representada pela Comissão Europeia, negociará com o Reino Unido". Nessas conversas "a UE atuará para preservar seus interesses", acrescenta o texto.

"Por isso, começaremos nos centrando em todos os acordos-chave para uma retirada ordenada", afirma a declaração.

Ele garantiu que a UE fará as conversas de maneira "construtiva" e que se esforçará para achar um acordo. "No futuro, esperamos ter ao Reino Unido como um parceiro próximo", acrescenta.

Trusk lembrou que o Conselho convocou uma cúpula para 29 de abril, na qual serão tratadas as diretrizes negociadoras com o Reino Unido. Nas próximas semanas, esse documento será debatido em diferentes níveis - em reuniões de analistas e ministros, indicaram à Agência Efe fontes europeias.

Eurocâmara

O presidente do Parlamento Europeu, o italiano Antonio Tajani, disse que a UE começa "um novo capítulo" com a ativação do artigo 50 do Tratado de Lisboa por parte do Reino Unido.

"O Brexit marca um novo capítulo na história da UE. Mas estamos preparados. Seguiremos adiante e confiamos que o Reino Unido continuará sendo um aliado próximo", disse Tajani no Twitter.

O vice-presidente do Parlamento Europeu, o espanhol Ramón Luis Valcárcel, afirmou que "a União Europeia é a melhor solução" para maioria dos problemas enfrentados pelos países do continente.

O líder dos social-democratas na Eurocâmara, o também italiano Gianni Pittella, teve uma reação mais focada na negociação que se aproxima ao afirmar que, "quando alguém sai de sua casa, tem que pagar a conta".

"Vamos ver o que o Reino Unido terá que pagar agora", acrescentou o político italiano.

Saída da UE

O Reino Unido deu início na manhã de ontem ao processo de saída da União Europeia. O afastamento efetivo só acontecerá depois de pelo menos dois anos de negociação com os outros 27 integrantes do bloco. Essa é a 1ª vez que um país pede para deixar o grupo.

May também indicou a intenção de buscar um acordo comercial "audaz e ambicioso" ao mesmo tempo que negocia o Brexit. , uma carta que simboliza o acionamento do Artigo 50 do Tratado de Lisboa – dando início às discussões sobre o processo de afastamento. A carta de seis páginas é assinada pela premiê britânica, Theresa May.

'Sem volta'

Logo após a entrega da carta, Theresa May fez um pronunciamento no Parlamento britânico. “O Reino Unido está deixando a União Europeia. Este é um momento histórico do qual não pode haver volta". May também indicou a intenção de buscar um acordo comercial "audaz e ambicioso" ao mesmo tempo em que negocia o Brexit.

A premiê fez um apelo pela união do Reino Unido no Parlamento britânico. "Agora é a hora de nos unirmos nesta casa [do Parlamento] e em todo o país para garantir que trabalhamos para o melhor acordo possível para o Reino Unido e para o melhor futuro possível para todos nós", declarou May. Na terça-feira, a Escócia aprovou a realização de um novo referendo sobre a independência.

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