Lava Jato

Campeão de pedidos de investigação de Janot, Aécio recebeu R$ 50 milhões

Delação premiada de Marcelo Odebrecht revela que o senador do PSDB recebeu também da Andrade Gutierrez

Atualizada em 11/10/2022 às 12h40
Aécio Neves é o mais citado na lista de Janot
Aécio Neves é o mais citado na lista de Janot (Aécio neves)

BRASÍLIA - Campeão de pedidos de investigações para o Supremo Tribunal Federal (STF) na lista do procurador-geral da República, Rodrigo Janot, o senador Aécio Neves (PSDB-MG) manteve conversas com o ex-presidente da Odebrecht, Marcelo Odebrecht, para receber R$ 50 milhões. A informação consta da delação premiada de Marcelo Odebrecht e foi divulgada neste domingo, 19, em reportagem da Folha de S.Paulo.

O acordo entre Aécio e Odebrecht tinha também a participação da Andrade Gutierrez e está relacionado ao leilão para a construção da hidrelétrica Santo Antônio, em Rondônia, em dezembro de 2007. Outras delações complementaram as informações dadas por Marcelo Odebrecht: a Odebrecht se comprometeu a pagar R$ 30 milhões para o senador tucano, enquanto a Andrade Gutierrez faria o repasse dos R$ 20 milhões restantes.

Ainda segundo a Folha, embora fosse um dos principais nomes de oposição ao governo Lula, Aécio, à época governador de Minas em seu segundo mandato, tinha sob seu comando uma das empresas que integravam o consórcio que ganhou a disputa, a Cemig (Companhia Energética de Minas Gerais). Ainda hoje a empresa de energia é controlado pelo governo mineiro. Aécio tinha, ainda, influência sobre o principal investidor da usina, a empresa Furnas (Furnas é a principal acionista da Santo Antônio Energia, com 39% do capital).

A Odebrecht e a Andrade Gutierrez detêm, respectivamente, 18,6% e 12,4% das ações. Um fundo da Caixa Econômica Federal controla outros 20% e a Cemig tem 10%. A construção da hidrelétrica custou R$ 20 milhões.

Marcelo Odebrecht e outros executivos da empreiteira disseram aos procuradores da Lava Jato que o acerto com Aécio Neves foi feito para que houvesse uma boa relação com as duas sócias da usina sobre as quais o senador tucano tinha influência (Furnas e Cemig).

Em nota, o senador Aécio Neves afirmou que "é absolutamente falsa a pretensa acusação" de Marcelo Odebrecht e que não foi apontado nenhum ilícito que teria sido cometido por ele à época em que era governador de Minas Gerais. O senador rebateu, também, a informação de que os pagamentos seriam classificados como propina e que os delatores sequer mencionam se eles foram pagos.

Mais

O publicitário Marcos Valério está tentando um novo acordo de delação premiada com o Ministério Público de Minas Gerais. O principal alvo da delação de Valério é o senador Aécio Neves (PSDB-MG). Tucanos acreditam que o PT mineiro está influenciando as intenções de Valério. Por isso, o PSDB de Minas vai entrar com uma queixa-crime contra o publicitário, alegando que as informações prestadas por ele ao Ministério Público são falsas.

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