Disputas

Holanda, França e Alemanha: três eleições marcantes para a Europa

Eleições acontecem em meio ao crescimento de correntes anti-europeias ou anti-imigrantes, encorajadas pelo Brexit no Reino Unido; ontem, foram realizadas eleições parlamentares na Holanda; na França, o pleito acontecerá nos dias 23 de abril e 7 de maio

Atualizada em 11/10/2022 às 12h40
Geert Wilders defende saída da Holanda da União Europeia
Geert Wilders defende saída da Holanda da União Europeia ( Geert Wilders defende saída da Holanda da União Europeia)

LONDRES - As eleições legislativas na Holanda, ontem, serão acompanhadas por duas outras eleições cruciais, na França e na Alemanha, marcadas pelo crescimento de correntes anti-europeias ou anti-imigrantes, encorajadas pelo Brexit.

Os colégios eleitorais na Holanda abriram ontem suas portas às 7h30 (3h30 de Brasília) para dar início as decisivas eleições parlamentares. 12,6 milhões de cidadãos elegerão o futuro governo. Os mais de 10 mil centros de votação em todo o país permaneceram abertos até às 21h (17h de Brasília), quando foi iniciada a apuração.

Ontem, durante as eleições parlamentares, o Partido pela Liberdade (PVV) do islamofóbico e eurocético Geert Wilders, que liderou as pesquisas por vários meses, pode marcar um recorde de votos desde a sua criação em 2006.

O Partido Popular Liberal e Democrata (VVD), do primeiro-ministro Mark Rutte, está atualmente liderando as pesquisas. A campanha eleitoral, engolida nos últimos dias pela crise diplomática com a Turquia, centrou-se principalmente sobre os temas do Islã e da imigração, bem como questões sociais.

E mesmo que o PVV termine a votação como o maior partido do país, não deverá obter uma maioria de 150 assentos no Parlamento e ser capaz de formar um governo. Com 28 partidos na briga, dos quais um grande número estará representado no Parlamento, os partidos pequenos vão desempenhar um papel crucial na formação de uma coalizão.

França: duelo anunciado

O presidente François Hollande, que enfrenta uma impopularidade recorde, desistiu de concorrer a um segundo mandato de cinco anos nas eleições presidenciais de 23 de abril e 7 de maio.

Creditada com cerca de um quarto dos votos nas pesquisas, a presidente da Frente Nacional (FN, extrema-direita) Marine Le Pen, defende a saída da zona do euro e o restabelecimento das fronteiras nacionais, especialmente para fechar as portas aos imigrantes. Todas as pesquisas apontam que ela disputará o segundo turno, mas, em todos os cenários, seria derrotada seja qual for o seu adversário.

Para enfrentar este duelo final, as últimas pesquisas favorecem Emmanuel Macron, de 39 anos, ex-ministro da Economia de François Hollande, que se instalou no centro do espectro político com seu novo movimento "En marche" e que apresenta um programa social-liberal.

Inicialmente grande favorito na corrida ao Eliseu, o vencedor das primárias da direita, Francois Fillon, está mergulhado há semanas em um escândalo de empregos fictícios envolvendo a sua família.

Ele se recusou a retirar a sua candidatura, apesar da pressão, e acabou sendo indiciado na terça-feira por desvio de fundos públicos e abuso de bens sociais.

Nesta campanha cheia de reviravoltas, a candidata da extrema-direita também é visada pela Justiça por suspeitas de empregos fictícios de assistentes da FN no Parlamento Europeu. Convocada em 10 de março por um juiz, recusou-se a apresentar-se à Justiça.

Alemanha: Merkel pressionada

Por ocasião das eleições legislativas de 24 de setembro, a chanceler conservadora Angela Merkel, pressionada dentro de seu próprio partido, a CDU (União Democrata Cristã), por ter aberto seu país em 2015 para mais de um milhão de requerentes asilo, luta por um quarto mandato. Para tentar tranquilizar os eleitores, tem endurecido nos últimos meses sua política de boas-vindas aos migrantes.

A corrida para a chancelaria poderia ser mais difícil do que o esperado para a favorita das eleições, com o retorno dos social-democratas do SPD, impulsionados pela popularidade de Martin Schulz, ex-presidente do Parlamento Europeu, recentemente indicado como candidatos.

Os dois correm lado a lado, cada um sendo apontado como vencedor nas pesquisas, com Schulz defendendo um programa mais à esquerda, mas que lhe valeram acusações de populismo.

O partido de direita populista Alternativa para a Alemanha (AFD), que floresceu com a crise migratória, entrou com força nos parlamentos regionais. De acordo com pesquisas recentes (11% dos votos), o seu crescimento, no entanto, parece ter estagnado, enquanto o partido é particularmente atormentado por disputas internas.

Sua entrada no Bundestag seria, no entanto, sem precedentes desde 1945. A jovem formação nacionalista pretende focar sua campanha na rejeição ao Islã e à imigração, o fim do euro e um referendo sobre a permanência na UE.

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