Artigo

Barcos existem para navegar

Atualizada em 11/10/2022 às 12h40

Estamos o tempo todo tentando nos preservar. É muito mais fácil não nos expormos ao perigo, não nos lançar ao desconhecido, e permanecer na nossa zona de conforto.

Não gostamos de ser incomodados, e evitar situações novas sempre foi o caminho natural que encontramos para não nos sentir em perigo. Quase todas as pessoas pensam dessa forma, e se conduzem diante da vida com uma boa dose de covardia.

É como aquele dono de barco que mantém a sua embarcação presa à margem do mar todos os dias, por medo de enfrentar as tempestades. Ali, não corre o risco de naufragar, e nem de ser surpreendido por uma pane no motor em meio ao mar revolto.

Apesar de permanecer numa área tranquila, que garante a sua segurança e a de seu barco, o dono do barco nunca conhecerá novos lugares, e jamais desvendará todos os mistérios do mar.

Irá permanecer sempre ali, naquele marasmo, pescando os mesmos pequenos peixes, e vivendo uma vida pequena, como se estivesse estático posando para a foto do quadro de um barco que está sempre no mesmo lugar.

Mas a vida é muito para ser insignificante. A vida pra ser vivida de verdade exige outra postura. Não se pode o tempo todo evitar os conflitos, os confrontos imprescindíveis e inadiáveis para a conquista da felicidade, sob pena de deixar de aproveitar o que de melhor a vida pode oferecer.

É preciso que lancemos fora a âncora, que nos arrisquemos em alto mar, que estejamos dispostos a pagar pra ver. Só assim saberemos até onde podemos chegar.

Se o horizonte é tão amplo, a perder de vista, por que, então, limitarmos a nossa aventura ao alcance de nossa visão? Se o mar é infinito, por que nos contentar em ficar apenas a poucos metros da praia?

E uma coisa que acontece muito é que quando decidimos enfrentar as tempestades, descobrimos que elas não são tão severas como pensávamos. A fúria do mar não se revela tão impiedosa, e enfrentá-lo não foi tão difícil. É quando notamos que as tempestades não são tão perigosas assim, e que nós não somos tão pequenos.

Então, deixe de supervalorizar os seus desafios e os encare com coragem, destemor e fé. Não perca tanto tempo impressionado com as lutas que estão por vir. Ponha as luvas, faça uma oração, e tome a iniciativa do combate.

Às vezes, o monte a ser escalado não é tão alto. O problema é que enquanto não damos o primeiro passo rumo à escalada, ficamos superestimando-o, como se os nossos olhos o enxergasse bem mais alto do que realmente é.

Não podemos ficar por muito tempo contemplando o grau de dificuldade dos nossos problemas, sob pena de nos convencer de que são insuperáveis.

Ao invés de permanecermos ao pé do monte impressionados com a sua altura e antevendo a dificuldade que teremos em fazer a escalada, devemos encará-lo com coragem, certos de que a coisa não é tão difícil como supomos.

O mais difícil é dar o primeiro passo. Meu Deus, quantas brigas eu perdi antes mesmo de entrar no ringue?! Mas a vida ensina, e eu, depois de muito apanhar, aprendi. Não podemos deixar de lutar por medo do tamanho do nosso adversário. Ele pode até aparentar ser inquebrantável, mas não o é.

Não perca tempo supervalorizando o seu adversário. Lance-se ao mar, afinal, barcos existem para navegar.

Alex Murad

Conselheiro federal da OAB, presidente da Comissão de Mediação e Arbitragem da OAB/MA, especialista em Direito Constitucional, Direito Civil e Processo Civil

E-mail: alexmurad@uol.com.br

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