Brasília - Em viagem à Genebra, convidada para participar do Festival Internacional de Filmes de Direitos Humanos, a ex-presidente Dilma Rousseff fez um comentário sobre a declaração do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) e presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), Gilmar Mendes, que afirmou que doações em caixa dois podem não configurar corrupção.
"Acho isso muito interessante. Passei toda uma campanha eleitoral e nunca ouvi isso. Acho que uma coisa está mudando. Não há como deixar de chegar no PSDB", afirmou Dilma com ironia aos jornalistas no evento.
Sobre sua gestão, Dilma Rousseff admitiu que cometeu um "grande erro" ao promover uma ampla desoneração fiscal no país quando foi questionada se era capaz de assumir erros e se estava arrependida de alguma decisão que tomou enquanto foi presidente do Brasil.
"Eu acreditava que, se diminuísse impostos, teria um aumento de investimentos", disse. "Eu diminuí. Eu me arrependo disso. No lugar de investir, eles (os setores desonerados) aumentaram a margem de lucro."
Ela voltou a fazer a mesma afirmação quando foi entrevistada neste domingo pela TV pública suíça, a RTS. "Sempre temos de reconhecer erros. Em certos momentos, você repassa a sua vida, o que poderia ter feito diferente", disse.
Segundo a petista, uma das acusações feitas a ela é a de ter mantido uma política fiscal "mais frágil". "Fiz uma grande desoneração, brutalmente reduzimos os impostos", disse. "Ali fiz um grande erro." Parte das políticas de Dilma chegou a ser condenada na Organização Mundial de Comércio (OMC), como a redução de IPI para empresas automobilísticas e fabricantes de eletrodomésticos.
Apesar de reconhecer o erro, Dilma afirma que as razões da crise econômica foram "subestimadas". "Todos sabem que, na metade de 2014, houve queda significativa dos preços das commodities”, disse.
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No evento, ela também defendeu o legado do PT no poder, falou dos programas de seu governo e atribuiu a transposição do Rio São Francisco ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Na sexta-feira,10, a obra do trecho leste foi inaugurada pelo presidente Michel Temer (PMDB). Se referindo a ele como "presidente ilegítimo", Dilma disse que Temer não pode buscar melhorar sua popularidade "em cima da obra alheia".
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