Números

Número de cesarianas cai pela primeira vez no Brasil

Ministério da Saúde revela que esse tipo de procedimento , que apresentava curva ascendente, caiu 1,5 ponto percentual no ano passado

Atualizada em 11/10/2022 às 12h40
Dos 3 milhões de partos feitos no Brasil no período, 55,5% foram cesáreas e 44,5%, partos normais
Dos 3 milhões de partos feitos no Brasil no período, 55,5% foram cesáreas e 44,5%, partos normais ( Dos 3 milhões de partos feitos no Brasil no período, 55,5% foram cesáreas e 44,5%, partos normais)

BRASÍLIA - Pela primeira vez desde 2010, o número de cesarianas na rede pública e privada de saúde não cresceu no país. Dados divulgados na sexta-feira,10, pelo Ministério da Saúde revelam que esse tipo de procedimento, que apresentava curva ascendente, caiu 1,5 ponto percentual em 2015. Dos 3 milhões de partos feitos no Brasil no período, 55,5% foram cesáreas e 44,5%, partos normais.

Os números mostram ainda que, considerando apenas partos realizados no Sistema Único de Saúde (SUS), o percentual de partos normais permanece maior – 59,8% contra 40,2% de cesarianas. No ano passado, segundo a pasta, dados preliminares indicam tendência de estabilização do índice, que ficou em torno de 55,5%.

A pasta informou ainda que, por meio de cooperação com a Universidade Federal de Minas Gerais, vai capacitar profissionais de saúde em 86 hospitais de ensino, localizados nas 27 unidades da Federação, que fazem mais de mil partos por ano.

“Trata-se de um projeto de qualificação da atenção obstétrica e neonatal hospitalar com atividades de ensino, com produção de impacto em toda a rede de serviços da linha de cuidados da saúde da mulher e da criança. A medida totaliza, em quatro anos, investimento de R$ 13,6 milhões.”

Riscos da cesárea

Em 2016, o ministério publicou o Protocolo Clínico de Diretrizes Terapêuticas para Cesariana, com parâmetros que devem ser seguidos pelos serviços de saúde. A proposta é auxiliar e orientar profissionais da saúde a diminuir o número de cesarianas desnecessárias, já que o procedimento, quando não indicado corretamente, traz riscos como o aumento da probabilidade de surgimento de problemas respiratórios para o recém-nascido e grande risco de morte materna e infantil.

Para o ministério, a estabilização das cesarianas no país é consequência de medidas como a implementação da Rede Cegonha e investimentos em 15 centros de Parto Normal; a qualificação das maternidades de alto risco; a maior presença de enfermeiras obstétricas na cena do parto e a atuação da Agência Nacional de Saúde Suplementar junto às operadoras de planos de saúde.

Parto humanizado

Esta semana, o Ministério da Saúde lançou um conjunto de recomendações que devem ser seguidas pelos profissionais de saúde e maternidades para atendimento do parto normal. As medidas, chamadas de diretrizes de assistência ao parto normal, servem de estímulo para o parto humanizado.

Entre as recomendações, estão o uso de métodos para alívio da dor, como banhos quentes e massagem, a presença de doulas e acompanhantes durante o parto, o direito ao uso de anestesia, a não obrigatoriedade de jejum e a liberdade da gestante escolher a posição que achar mais confortável durante o parto.

O documento também reforça o direito de que as mães tenham contato pele a pele imediato com o bebê após o parto e orienta as maternidades a evitarem separar mãe e filho na primeira hora após o nascimento. Procedimentos de rotina, como pesagem, medições e banho são recomendados após esse período.

Procedimentos

As diretrizes incluem ainda recomendações para reduzir o uso de procedimentos desnecessários durante o parto, como episiotomia (corte no períneo) e uso de ocitocina, hormônio que facilita a saída do bebê. A ideia é que essas práticas sejam realizadas apenas quando necessário, conforme a avaliação da equipe médica e gestante.

Manobras agressivas, como a manobra de Kristeller, em que o profissional empurra a barriga da mãe para tentar forçar a saída do bebê, passam a ser contraindicadas. O documento estabelece ainda que as mulheres sejam informadas de todos os riscos e benefícios durante o atendimento e participem de todas as decisões sobre o parto.

Além do médico obstetra, o documento permite que o procedimento seja realizado também por enfermeiras obstétricas ou obstetrizes em casos de baixo risco, prática já adotada em centros de parto normal.

Segundo o ministro da Saúde, Ricardo Barros, a pasta deve investir em treinamento dos profissionais de saúde para que as diretrizes sejam adotadas pelas unidades de saúde. "Qualquer procedimento fora do nosso protocolo será averiguado", afirmou.

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