Esquema

Lava Jato identifica quatro operadores de propina no PMDB

Partido do presidente Michel Temer controlava setores importante da Petrobras e usava os cargos para operacionalizar recursos para as campanhas das lideranças partidárias

Atualizada em 11/10/2022 às 12h40
Michel Temer sofre as consequências do PMDB
Michel Temer sofre as consequências do PMDB (Michel Temer)

BRASÍLIA - O PMDB, partido do presidente Michel Temer (PMDB), tem quatro operadores de propinas identificados pela Lava-Jato no esquema de corrupção na Petrobras: Jorge e Bruno Luz, João Augusto Henriques e Fernando Falcão Soares, o Fernando Baiano. Os dois primeiros - pai e filho - foram presos na sexta-feira, 24, nos Estados Unidos, alvo da 38ª fase da operação.

Com três anos de investigações, a Lava-Jato fecha o cerco contra políticos do PMDB. O partido controlava a Diretoria de Internacional da Petrobras, no esquema de fatiamento da áreas estratégicas da estatal por partidos da base do governo Luiz Inácio Lula da Silva. À partir de 2007, a legenda também teve participação na área de Abastecimento, junto com o PP.

Considerados por investigadores da força-tarefa, em Curitiba, engrenagem da complexa e sofisticada máquina de corrupção engendrada na Petrobras, por políticos agentes públicos e empresários, os operadores de propina foram nos três anos de Lava-Jato os principais pontos de expansão da investigação - que se encontra em seu momento de maior contra-ofensiva política.


É da Diretoria Internacional o estrondoso episódio da compra da Refinaria de Pasadena, no Texas (EUA). Sob o negócio, paira a acusação de prejuízo de cerca de R$ 800 milhões, como a do Tribunal de Contas da União (TCU). A Lava-Jato tem um inquérito aberto, em que já foram identificados pagamentos de propinas e irregularidades no negócio.

Além da aquisição de refinarias no exterior, a diretoria cota do PMDB cuidava das compras de plataformas de exploração de petróleo fora do Brasil, da aquisição de campos de exploração de petróleo e gás.

Operadores

Fernando Baiano foi o primeiro operador do PMDB preso pela Lava Jato. Ele foi detido em novembro de 2014, acusado de atuar em nome do ex-diretor de Internacional Nestor Cerveró.
O lobista fechou em 2015 acordo de delação premiada com a Procuradoria Geral da República (PGR) e conseguiu o direito de cumprir prisão domiciliar - a partir de novembro de 2015 - por suas revelações.

Ex-Internacional entre 2003 e 2008, Cerveró teve que fazer delação premiada, após o operador do PMDB confessar seu envolvimento no esquema e a arrecadação de valores para os políticos do partido - que lhe davam sustentação no cargo.

João Henriques é um ex-executivo da Petrobras, que depois de deixar o cargo passou a atuar como lobista. Além de abrir portas na estatal para empresários, operacionalizava a corrupção de agentes públicos e políticos, para garantir benefícios nas disputas de mercado por contratos.
Henriques foi preso em setembro de 2015, mesmo mês em que Fernando Baiano fechou sua delação premiada com a força-tarefa. Segundo a Lava Jato, ele tinha relação direta com o ex-diretor de Internacional Jorge Zelada, preso desde julho de 2015 e que sucedeu Cerveró no cargo.
Foi das investigações que tinham como alvo os dois operadores ligados ao PMDB que a Lava Jato chegou à Blackout. A 38ª fase levou para a cadeia o mais antigo operador de propinas da Petrobras, que foi citado em delações premiadas como elo da corrupção com medalhões do partido. O lobista está preso desde sábado, 25, no Brasil.
Com ameaças veladas de Eduardo Cunha de virar delator e agora a prisão de mais um operador de propinas do PMDB, as chances de um deles buscar a força-tarefa para fazer revelações aumenta, na avaliação de investigadores.

Mais

A assessoria do PMDB diz: "O presidente do PMDB, senador Romero Jucá, afirma que os envolvidos nesta operação "não tem relação com o partido e nunca foram autorizados a falar em nome do PMDB."

Ex-assessor de Temer diz estar pronto para acareação

José Yunes reafirma ter recebido envelope em nome de Eliseu Padilha

Em resposta ao operador Lúcio Bolonha Funaro, o ex-assessor especial da Presidência da República José Yunes disse que aceita fazer uma acareação com quem quer que seja para esclarecer o episódio do recebimento de um envelope endereçado ao ministro licenciado da Cara Civil, Eliseu Padilha.

"Aceito acareação com quem quer que seja ratificando todos os dizeres do meu depoimento", disse Yunes à reportagem na manhã desta segunda-feira (27/2).

Os assessor e amigo pessoal do presidente Michel Temer (PMDB) relatou em depoimento à Procuradoria Geral da República e em entrevistas ter recebido Funaro em seu escritório, em São Paulo, no final de 2014. No encontro, Funaro, apontado como um dos principais operadores do ex-presidente da Câmara Eduardo Cunha (PMDB-RJ), teria entregue um envelope endereçado a Padilha.
A declaração de Yunes corrobora o depoimento do ex-vice-presidente de Relações Institucionais da Odebrecht, Cláudio Melo Filho que disse, em delação premiada, que o escritório de Yunes era um dos lugares usados para o depósito de dinheiro destinado às campanhas do PMDB.

A defesa de Funaro disse ao jornal Folha de S.Paulo que vai processar Yunes por calúnia e pedir uma acareação entre o ex-assessor da Presidência, Padilha e Melo Filho para negar as declarações.

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