Coluna / Panorama Político

O primeiro embate de Serraglio

Ilimar Franco

Atualizada em 11/10/2022 às 12h40

A escolha de Osmar Serraglio (PMDB) para o Ministério da Justiça incomodou a Funai, vinculada à pasta. Ele foi relator do projeto de emenda constitucional (PEC 215) que esvazia o órgão ao passar ao Congresso a palavra final na demarcação de terras indígenas. Nomeado em janeiro, o presidente da Funai, Antonio Castro, já confrontou a bancada ruralista ao condenar a emenda. Deputados prometem pedir sua demissão ao novo ministro.

No muro
A sucessão de José Serra no Itamaraty só deve ser decidida após o feriado de carnaval. Ontem à noite, dois nomes eram os mais fortes: o senador Aloysio Ferreira Nunes (SP) e o embaixador Sérgio Amaral, atualmente em Washington. Durante a tarde, também teve alta cotação o senador Tasso Jereissati (CE), mas ele fez chegar ao PSDB que não aceitaria o posto. Aloysio e Serra tiveram um encontro com o presidente Temer no Palácio da Alvorada. Se nomeado, Aloysio poderá ser um ministro transitório, pois planejava disputar o governo paulista em 2018. Teria de deixar o cargo para concorrer. E o PSDB perderia uma vaga no Senado - seu suplente, Airton Sandoval, é do PMDB.

O conselheiro de Temer
A bancada do PMDB culpa Moreira Franco pela escolha de Osmar Serraglio para a Justiça. Diz que ele joga contra o partido e faz dupla com o presidente da Câmara, Rodrigo Maia, seu genro. Atribui a ele a notícia da nomeação de Aguinaldo Ribeiro (PP) como líder do governo, abrindo espaço ao centrão.

Tchau, queridos
Durou pouco a passagem de Alberto Goldman (PSDB) pela Comissão de Anistia. Nomeado conselheiro em setembro, o ex-governador paulista entrou em confronto com colegas por divergir do pagamento de indenização a ex-perseguidos políticos. Deixou o cargo alegando ter outros afazeres. E disse que não imaginava o peso da carga de julgar os processos.

Know-how
Em Lima, o juiz Sérgio Moro elogiou empreiteiras que fizeram acordos de delação com a Lava-Jato e deu a magistrados peruanos sua receita para tratar empresas envolvidas em corrupção: estimular as que decidem ajudar a Justiça e reconhecer delitos, e não castigá-las mais do que aquelas que não colaboram.

Caixa de surpresas
A atuação do operador foragido Jorge Luz incluiu transações com ministros argentinos nos governos de Carlos Menem (1989-1999) e do casal Néstor e Cristina Kirchner (2003-2015). Quando capturado, seu depoimento poderá revelar suas andanças pela Argentina como representante dos interesses do PMDB do Senado na Petrobras.

Reforma
José Aníbal perdeu a vaga no Senado com a volta de José Serra, mas deve ser abrigado pelo governo paulista. Geraldo Alckmin pretende trocar os titulares de quatro secretarias depois do carnaval, e Aníbal ficará com uma das vagas.

Agrado ao curral eleitoral
Em meio à crise política e econômica, os líderes dos partidos fizeram um pedido especial ao presidente da Câmara, Rodrigo Maia: querem que ele reclame no Senado melhor tratamento aos prefeitos que visitam a Casa. "É muita burocracia para entrar", dizem.

O grito "Fora, Temer!" continua no carnaval, mas com uma atualização. Foliões acrescentaram ao ataque contra o presidente: "Mas obrigado pelo FGTS".

Com Amanda Almeida , sucursais e correspondentes

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