Funcionalismo

Deputados questionam MP com reajuste de professores do MA

Em audiência pública na Assembleia Legislativa, medida do governo Flávio Dino (PCdoB) foi considerada ilegal

Gilberto Léda

Atualizada em 11/10/2022 às 12h40
Professor diuscursa em audiência na Assembleia
Professor diuscursa em audiência na Assembleia (Professores)

MARANHÃO - Deputados do Bloco Parlamentar Independente da Assembleia Legislativa receberam ontem em audiência pública representantes da rede estadual de ensino, que protestam contra a Medida Provisória nº 230/2017.

O novo dispositivo altera o Estatuto do Magistério, sancionado em 2013, e prevê, em 2017, um reajuste de 8% sobre os vencimentos e a Gratificação por Atividade no Magistério (GAM), para quem ganha abaixo do piso, e somente sobre a GAM para as demais classes. A categoria, no entanto, alega que o professores que ganham abaixo do piso são a minoria e exige reajuste dos vencimentos, como definido na chamada Lei do Estatuo, para toda a classe.

Durante a audiência, comandada pelos deputados Eduardo Braide (PMN), Max Barros (PRP) e Wellington do Curso (PP), vários professores externaram insatisfação com a medida do governo Flávio Dino (PCdoB).

Para eles, o comunista usou de força bruta ao encaminhar à Assembleia a proposta de reajuste em forma de MP – que tem força de lei, sem a necessidade de aprovação imediata dos deputados, o que pode ocorrer em até 60 dias.

“Um governo que nasceu sob o diálogo, agora usa de força bruto, de um ardil ditatorial para conceder aos professores um reajuste que não foi debatido com a classe”, reclamou Euges Lima, secretário de Cultura do Sindicato dos Trabalhadores em Educação Pública do Maranhão (Sinproesemma).

Diretor jurídico do sindicato, o professor Francarlos Ribeiro contesta, ainda, a legalidade da medida. Segundo ele, a MP institui uma nova dinâmica de reajuste, aumentando apenas a GAM, quando o Estatuto do Magistério, em seu artigo 32, estabelece que, na data base, o Poder Executivo deve proceder “aos ajustes dos valores do vencimento do Subgrupo Magistério da Educação Básica (sic)”.

“Ao editar a MP 230/2017 o governo não fez qualquer modificação ao artigo 32 do Estatuto. Então, esse trecho do Estatuto segue valendo, no nosso entendimento”, declarou.

Ilegal – Para o deputado Eduardo Braide (PMN), a MP 203/2017 também é ilegal. Segundo ele, o texto encaminhado pelo governo à Assembleia não modificou o artigo que trata do reajuste no vencimento e, portanto, não pode conter dispositivo que contrarie um lei ainda em vigor.

Ele destacou, contudo, que espera dificuldades para conseguir reverter a situação. “Nós sabemos que não será fácil, e que teremos duas batalhas: uma na CCJ [Comissão de Constituição, Justiça e Cidadania], a outra é no plenário”, disse.

O deputado Wellington do Curso (PP) fala em congelamento dos salários da classe. “Nós não somos contra a gratificação. Ao contrário, nós defendemos isso. Nós não concordamos é com o fato de a Medida não conceder reajuste de vencimento a todos os professores. Os professores de Nível III, por exemplo, não terão vencimentos reajustados. Estamos diante do congelamento dos vencimentos de tais profissionais e, consequentemente, de todas as vantagens que incidem sobre ele”, pontuou.

Na mensagem encaminhada ao Legislativo na semana passada, Flávio Dino defendeu a fórmula apresentada pelo governo.

“A Medida Provisória reafirma o compromisso da atual gestão com a valorização dos servidores da educação, essenciais para a sociedade como formadores das novas gerações, bem como para a melhoria do desempenho e da qualidade dos serviços prestados à população escolar do Estado do Maranhão, além da eficácia e da continuidade da ação administrativa, diretrizes que orientam o nosso trabalho”, justificou.

MAIS

O que diz a MP

A Medida Provisória 230/2017 altera a forma de reajuste dos salários dos professores, garantindo aumento apenas sobre a gratificação. Desta forma, o reajuste não refletirá em outras gratificações, o que ocorreria se o ajuste fosse sobre os vencimentos.

Base governista age para conter ânimos

Deputados da base do governo e diretores do Sindicato dos Trabalhadores em Educação Pública do Maranhão (Sinproesemma) se reuniram pela manhã para tratar da Medida Provisória nº 230/17.

Participaram da reunião os deputados Othelino Neto (PCdoB), vice-presidente da AL; Professor Marco Aurélio (PCdoB), presidente da CCJ; Rogério Cafeteira (PSB), líder da base do governo; Francisca Primo (PCdoB); Júnior Verde (PRB); Rafael Leitoa (PDT); Josimar de Maranhãozinho (PR); Bira do Pindaré (PSB); e Antônio Pereira (DEM). Nenhum deles participou da audiência pública da tarde.

Segundo o deputado Rafael Leitoa, o encontro serviu para que a base governista ficasse a par das alterações propostas pela MP e quais ganhos devem trazer para a categoria. “Tivemos a preocupação de chamar todos da base do governo para que pudéssemos ouvir do sindicato, que é o legítimo representante da categoria, quais serão os ganhos. Percebemos que a MP já é ponto pacificado dentro do sindicato. A matéria já está tramitando na Casa e deve vir a Plenário depois do Carnaval para que seja aprovada”, ressaltou.

Já o deputado Professor Marco Aurélio destacou que a proposta enviada pelo Governo do Estado ao Legislativo corrobora com as ações que estão sendo tomadas para a valorização dos professores do Maranhão.

“O reajuste salarial é um dos pontos contemplados, mas tantas outras pautas já foram conseguidas pelo governo Flávio Dino, a exemplo da unificação e ampliação de matrículas, perícias médicas em várias regionais e tantas outras conquistas que vêm reforçando a carreira do Magistério”, completou.

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