Em Londres

Chefe da operação que matou Jean Charles assume polícia de Londres

Cressida Dick foi a oficial a cargo da operação policial que acabou, por erro, na morte do brasileiro Jean Charles de Menezes, em 2005, no metrô de Londres

Atualizada em 11/10/2022 às 12h41
Cressida Dick é a primeira mulher a comandar Polícia Metropolitana desde a criação da força
Cressida Dick é a primeira mulher a comandar Polícia Metropolitana desde a criação da força ( Cressida Dick é a primeira mulher a comandar Polícia Metropolitana desde a criação da força)

LONDRES - Cressida Dick, a policial que comandou a operação em que o brasileiro Jean Charles de Menezes foi morto por engano por policiais em uma estação do metrô de Londres, foi anunciada ontem como a nova comandante da Polícia Metropolitana de Londres (também conhecida como Scotland Yard). Ela será a primeira mulher a ocupar o cargo policial mais importante do Reino Unido desde a criação da força, em 1829.

Ela substituirá no cargo Bernard Hogan-Howe, que anunciou no ano passado sua saída após cinco anos e meio no posto.

No dia 22 de julho de 2005, Cressida comandou, do centro de operações da Scotland Yard, a perseguição a um homem identificado como um dos suspeitos de uma tentativa de atentado a trens do metrô no dia anterior –o etíope naturalizado britânico Osman Hussain, que morava no mesmo conjunto habitacional do brasileiro.

Depois de uma ordem da comandante para que o suspeito fosse impedido de entrar no metrô, Jean Charles foi morto com sete tiros na cabeça por agentes à paisana.

Cressida foi inocentada de qualquer responsabilidade pelo inquérito que apurou o incidente –a Scotland Yard recebeu apenas uma multa por violações à mesma legislação que regula acidentes de trabalho.

Candidatos

A nova comissária de polícia, que trabalhava há dois anos para o Ministério das Relações Exteriores e que previamente tinha sido responsável pela unidade antiterrorista da Met, era a candidata favorita para assumir o cargo.Os outros candidatos a substituir Hogan-Howe eram o subcomissário da Polícia Metropolitana Mark Rowley, a presidente do Conselho Nacional de Chefes de Polícia, Sara Thornton, e Stephen Kavanagh, chefe da Polícia de Essex.

Após conhecer sua designação, Dick afirmou se sentir "encantada e honrada" e manifestou sua vontade de "trabalhar de novo com os fabulosos homens e mulheres da Met".

"Esta é uma grande responsabilidade e uma fantástica oportunidade", indicou a nova chefe da Scotland Yard. Por sua vez, a ministra britânica de Interior, a conservadora Amber Rudd, disse que Dick é uma "líder excepcional", com uma "clara visão para o futuro da Polícia Metropolitana e um conhecimento da ampla variedade de comunidades à qual serve".

"Agora assume um dos trabalhos mais exigentes e importantes e de mais alto perfil, frente ao contexto de alerta terrorista e de ameaças crescentes de crimes de fraude e internet", observou a ministra.

Críticas

Em entrevista à BBC Brasil, dois primos do eletricista mineiro, Patrícia Armani e Alex Pereira, criticaram a promoção de Cressida a comissária. Armani contou que a família enviou no início da semana uma carta ao prefeito de Londres, Sadiq Khan, pedindo que ele não endossasse a nomeação. Khan, ao lado da ministra do Interior, Amber Rudd, fez parte do painel que entrevistou os candidatos ao cargo ocupado nos últimos cinco anos por Bernard Hogan-Howe.

"Estamos muitos desapontados com a decisão, porque a Cressida Dick foi no mínimo incompetente no comando da operação em que meu primo morreu. Não há garantia de que outras pessoas não morrerão em erros deste tipo, ainda mais neste momento em que várias cidades europeias estão em alerta por causa de ataques como o da [milícia terrorista] Estado Islâmico", afirmou ela.

Pereira acusou a policial de se "beneficiar de uma tragédia que ela mesmo provocou."

"Não é fácil vê-la promovida ao mais alto cargo policial do Reino Unido", disse. O novo cargo dará a Cressida um salário anual de cerca de R$ 1 milhão, maior que o da primeira-ministra, Theresa May.

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