Transporte

Taxistas se preocupam é com piratas e táxis-lotação

Inicialmente, chegada do Uber não causou preocupação aos “profissionais da praça”, que têm problemas mais antigos para discutir, como a presença cada vez maior dos carrinhos na cidade

Atualizada em 11/10/2022 às 12h41
Mesmo com a chegada do novo serviço de transporte em São Luís, o Uber, taxistas ainda estão mais preocupados com a proliferação dos carrinhos
Mesmo com a chegada do novo serviço de transporte em São Luís, o Uber, taxistas ainda estão mais preocupados com a proliferação dos carrinhos

SÃO LUÍS - Ontem, às 14h, começou a funcionar em São Luís o aplicativo de viagens Uber, que presta serviços de transporte privado a passageiros por meio de um aplicativo de celular. Apesar de todo o bate-boca que vem ocorrendo em diversas cidades do país por causa da legalidade ou não do serviço, os taxistas da capital maranhense parecem estar bem mais preocupados com um concorrente mais próximo e frequente: os táxis-lotação.

Raimundo Medeiros, presidente do Sindicato dos Taxistas de São Luís, afirmou que em 30 anos exercendo a atividade, a situação dos veículos piratas nunca tinha chegado à situação em que está agora, completamente fora de controle. “É carro de placa cinza, moto, ônibus. Até bicicleta faz serviço de transporte pirata. Falta fiscalização, falta controle, falta tudo”, afirma o presidente.

O discurso de Raimundo Medeiros é apoiado por taxistas. Segundo eles, hoje os táxis-lotação, ou carrinhos, não fazem mais apenas o transporte habitual para a região Itaqui-Bacanga, como ocorria anteriormente. Agora, estão transportando pessoas para toda a cidade.

E o pior, debaixo da vista dos fiscais de trânsito. “Se você for bem ali, vai ver um agente da Secretaria Municipal de Trânsito e Transportes [SMTT], que deveria coibir os carrinhos, mas ele fica lá dentro do carro dele, com o ar-condicionado ligado, e não fiscaliza nada”, frisa um taxista que trabalha na Praça Deodoro e pediu para não ser identificado.

Opinião
O presidente do Sindicato dos Taxistas afirmou que a categoria não é contra o aplicativo Uber, mas contra a irregularidade do exercício da profissão. Segundo ele, os motoristas de Uber seriam ilegais, já que contrariam diversas leis municipais e nacionais. Como a Lei nº 12.468, que regulamenta profissão de taxista e estipula uma série de deveres e requisitos para o condutor.

[e-s001]Com relação aos aplicativos, os taxistas também desdenham. Na Praça Deodoro, por exemplo, os motoristas dizem que seus passageiros geralmente são pessoas idosas, que vão ao banco ou a clínicas e que não têm tempo e nem paciência para ficar clicando em aplicativos e esperar um carro.

Segundo contam, certa vez um passageiro pediu um táxi por um aplicativo de uma operadora local e o carro demorou a chegar. Isso fez com que ele pegasse logo um veículo que já estava ali parado. “Temos um trânsito ruim, uma internet ruim. Tudo isso contribui para um serviço ruim”, afirma Medeiros.

Ainda há o problema da segurança. Segundo os taxistas, é fundamental que o passageiro saiba quem o transporta. Que se trata de um motorista qualificado e com bons antecedentes, algo que ele não vai saber se pegar um veículo pirata ou um Uber.

Combate
Ainda assim os taxistas não estão tão condescendentes quanto parece. Eles já estão de olho no Projeto de Lei 001/2017, de autoria do vereador Paulo Victor (PROS), que regulamenta o transporte individual por meio de aplicativos que conectam condutores e passageiros usando o smartphone, como Uber e também o YetGO, que já opera em São Luís há algum tempo. Caso seja aprovado, o sindicato pretende entrar na Justiça para barrar a sanção.

Em julho de 2016, um projeto de lei que proíbe o Uber de atuar na capital foi aprovado por unanimidade pelos parlamentares presentes em sessão na Câmara de Vereadores. Mas não foi sancionado pelo prefeito Edivaldo Holanda (PDT).

Na outra mão do combate aos aplicativos, Medeiros afirmou que os taxistas já estão se adaptando para oferecer um melhor serviço aos clientes, como, por exemplo, a disponibilização de wi-fi dentro dos veículos. “Quem trata mal o cliente é o táxi pirata. Nós dependemos do nosso cliente e queremos que ele volte”, ressaltou o sindicalista.

SAIBA MAIS

Yet GO
O Yet GO começou a operar em Janeiro, em São Luís. O aplicativo estreou com aproximadamente 300 motoristas, com a proposta de fazer corridas a um preço de 40% até 70% mais barato, dependendo do serviço solicitado pelo cliente.O aplicativo cobra uma tarifa de R$ 1,70 por Km para o carro comum e R$ 2,00 para o carro de luxo. A tarifa base será de R$ 3,00 e R$4,00, respectivamente.

Uber
Começou a operar ontem em São Luís. A empresa não diz quantos veículos tem disponíveis, mas garante um tempo mínimo de espera. As tarifas cobradas são de R$ 2, o preço base, mais R$ 1,15 por quilômetro rodado e um acréscimo de R$ 0,15 por minuto dentro do veículo. O preço mínimo por viagem é de R$ 6, mesmo valor da taxa de cancelamento

Easy Taxi
Easy Taxi oferece viagens com um preço diferenciado. No aplicativo é possível optar pelo Easy Economy, que dá até 30% de desconto na corrida. O pagamento com abatimento do valor é feito por meio do cartão de crédito e o preço é gerado automaticamente pelo próprio aplicativo.

Táxi comum
São Luís tem 2.300 táxis legalizados. A bandeirada custa R$ 4,50. Enquanto que o quilômetro rodado está delimitado em R$ 2,80, para bandeira 1 e R$ 3,30 para a bandeira 2.

Carrinhos
A capital maranhense ainda tem os táxi-lotação, ou carrinhos, que atuam foram da lei em toda a cidade, mas principalmente fazendo viagens para a região Itaqui-Bacanga. Uma viagem, em média, custa R$ 2,50 nesse veículos, dependendo da localidade.

MAIS

Em entrevista a uma rádio local, na tarde de ontem, o secretário municipal de Trânsito e Transporte de São Luís, Canindé Barros, afirmou que autorizou os agentes da sua pasta a apreenderem os veículos que estiveram trabalhando para o Uber. Segundo o secretário, o serviço não tem autorização para funcionar na cidade, por isso é ilegal. Daí, a razão da medida extrema. Canindé só não explicou como será feita a apreensão, já que os veículos não possuem identificação.

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