Perigo na praia

Infectologista alerta para o perigo da água contaminada

Como algumas das praias estão com os níveis de coliformes fecais acima do permitido, banhistas estão propícios a ter problemas gastrointestinais; micro-organismos entram no corpo das pessoas

Atualizada em 11/10/2022 às 12h41
Crianças são principais vítimas, pois é comum que ingiram água, se enterrem na areia e cometam imprudências
Crianças são principais vítimas, pois é comum que ingiram água, se enterrem na areia e cometam imprudências (água contaminada)

SÃO LUÍS - O último relatório da Secretaria Estadual de Meio Ambiente e Recursos Naturais (Sema) mostra que 6 dos 21 pontos de praias analisados na orla de São Luís ainda estão impróprias para banho. Como a cidade é litorânea, a população não perde a oportunidade de tomar banho de mar, pegar sol e praticar alguma atividade de lazer na areia. Mas é preciso tomar alguns cuidados com a saúde para que o momento de descanso não traga problemas depois.

A infectologista Rosângela Cipriano destacou que, como muitas praias de São Luís estão impróprias para banho, as pessoas precisam mesmo tomar cuidado para não contraírem alguma doença. “Em São Luís, são feitos apenas estudos para testar a qualidade da água, mas não para testar a situação da areia das praias. Como algumas das praias estão com os níveis de coliformes fecais acima do permitido, os banhistas estão propícios a terem problemas gastrointestinais. Como a água entra em contato com a areia, é possível que essa areia também esteja contaminada”, explica.

O contato com a água contaminada pode causar gastroenterite, a mais comum entre as doenças que se contrai na água imprópria para banho. A gastroenterite pode ser causada por bactérias, protozoários, como as amebas, ou vírus, como o rotavírus e o norovírus. Esses microorganismos entram no corpo quando a pessoa ingere água contaminada, ainda que em pequenas quantidades, ou alimentos que tiveram contato com ela. De maneira geral, os sintomas são vômito e diarreia, mas também pode haver cólicas, febre e sangue nas fezes.

Outra doença que pode ser contraída é a hepatite A. Essa doen­ça é causada por um vírus que chega à água pelas fezes de pessoas infectadas. A contaminação é por via oral, ou seja, pela boca, por meio da água ou de alimentos que tenham o vírus – ele consegue sobreviver por cerca de quatro horas na pele, após o banho de mar. “Nas praias de São Luís, os testes feitos não conseguem detectar o vírus da hepatite A. Além disso, não sei se ele sobreviveria por muito tempo na água salgada ao ponto de contaminar as pessoas”, diz Rosângela Cipriano.

Alerta
A médica alerta ainda que por causa dos seus hábitos as crianças estão mais sujeitas a contraírem essas doenças, pois é comum que elas ingiram a água do mar, se enterrem na areia e cometam outras imprudências. “Além disso, elas não têm um sistema imunológico menos resistente que o dos adultos”, informou.

Para prevenir as doenças ou diminuir os riscos de contraí-las, é necessário que cuidados básicos sejam tomados. Entre eles observar os aspectos, conservação e transporte dos alimentos consumidos em praias, não frequentar praias sinalizadas como impróprias para banho, evitar levar animais para as praias, manter o corpo e os pé secos, lavar as roupas de banho após o uso, usar chinelos de borracha para não manter o pé úmido, evitar coçar os olhos, caso necessário, lavar as mãos, ingerir bastante água, evitar exposição excessiva ao sol e tomar cuidado com os afogamentos. “Como parte das praias de São Luís estão poluídas, o ideal seria que as pessoas não tomassem banho de mar nesses locais”, Rosângela Cipriano, infectologista.

O último relatório divulgado pela Sema, dia 27 de janeiro, quatro pontos da praia da Ponta d’Areia, não estão com níveis aceitáveis de impurezas, são eles: atrás do bar do Dodô; em frente a praia de apoio ao banhista; em frente ao Edifício Herbene Regadas; em frente ao Hotel Brisamar). Um ponto da praia do Calhau (Foz do Rio Calhau), e um ponto no Olho d’Água, (à direita da elevatória Pimenta I) também estão impróprios para banho.

SAIBA MAIS

Doenças comuns que podem ocorrer:

Bicho geográfico
O que é: parasita que vive no intestino de cães e gatos, que é depositado no solo pelas fezes. A larva penetra e se aloja embaixo da pele, formando um caminho parecido com um mapa.
Sintomas: coceira e o desenho feito pelo caminho do parasita.
Prevenção: se caminhar em ambiente aberto, como areia, use calçado ou chinelo. Evite levar animais à praia.

Frieira
O que é: doença provocada por um fungo que causa micose entre os dedos, mais conhecido como pé de atleta.
Sintomas: rachaduras entre os dedos que provocam coceira intensa.
Prevenção: seque bem os pés depois de lavá­los, principalmente entre os dedos. Se for preciso, use secador de cabelos.

Intoxicação alimentar
O que é: doença provocada por bactérias que não alteram o sabor dos alimentos. Em geral, é causado pela ingestão de alimentos ou água contaminados.
Sintomas: diarreia, vômito, febre alta, mal-estar e dor no corpo.
Prevenção: evite alimentos de origem desconhecida. Tome cuidado com a higiene na hora de preparar a comida.

Desidratação
O que é: efeito provocado pela falta de líquidos no organismo.
Sintomas: provoca dores no corpo e na cabeça, vômito, tontura e queda de pressão arterial.
Prevenção: beber bastante líquido, de preferência água. Em alguns casos, procurar o médico.

Insolação
O que é: exposição excessiva ao sol que causa queimaduras na pele que vão desde a vermelhidão até a formação de bolhas.
Sintomas: mal-estar, ardência na pele, queimadura de segundo grau, bolhas. Em alguns casos, enjoo, vômito e tontura.
Prevenção: evite exposição prolongada ao sol, entre 10h e 16h, use filtro solar com fator acima de 30 e beba bastante líquidos.

Câncer de pele
O que é: doença provocada pela exposição excessiva ao sol.
Sintomas: manchas que coçam, ardem, escamam ou sangram; sinais ou pintas que mudam de tamanho, formato e cor; feridas que não cicatrizam em até quatro semanas e mudança na textura ou cor da pele.
Prevenção: evite exposição prolongada ao sol, entre 10h e 16h e bronzeadores caseiros. Use proteção adequada, como bonés e filtro solar

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