Lula

‘Uma canalhice que fizeram com ela”, diz Lula, em velório de Marisa

Ex-presidente declarou que a esposa morreu triste e afirmou esperar que “os facínoras que levantaram leviandades contra ela possam um dia ter a humildade de pedir perdão”

Marco Aurélio D''Eça - Editor de Política

Atualizada em 11/10/2022 às 12h41
Lula desabafa em velório de Marisa
Lula desabafa em velório de Marisa

SÃO PAULO - O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva falou por cerca de 40 minutos no encerramento do velório da ex-primeira dama Marisa Letícia. Lula disse esperar encontrar com ela usando o mesmo vestido com o qual ela foi cremada, “para mostrar que não temos medo de vermelho”. A manifestação popular mencionou ainda mais o ex-presidente

“Eu vou continuar agradecendo à Marisa, até o dia que eu não puder mais agradecer, o dia em que eu morrer. Espero encontrar com ela, com esse mesmo vestido que eu escolhi para colocar nela, vermelho, para mostrar que a gente não tinha medo de vermelho quando era vivo, e não tinha medo de vermelho quando morre”, disse Lula, profundamente emocionado.

No momento mais forte de seu discurso, o ex-presidente disse que Marisa morreu triste, que fizeram uma “canalhice” contra ela e que quer provar a inocência da esposa nas investigações da Operação Lava Jato, em que era ré junto com Lula em duas ações penais.

“Na verdade, Marisa morreu triste. Porque a canalhice que fizeram com ela, e a imbecilidade e a maldade que fizeram com ela, eu vou dedicar [Lula não encerrou a frase]. Eu tenho 71 anos, não sei quando Deus me levará, acho que vou viver muito, porque eu quero provar que os facínoras que levantaram leviandade com a Marisa tenham, um dia, a humildade de pedir desculpas a ela”, disse, emocionado.

Militência petista velou o corpo da ex-primeira dama
Militência petista velou o corpo da ex-primeira dama

O ex-presidente alternava a fala pausada com momentos em que era tomado pela emoção, e era interrompido por palmas de populares, familiares, amigos e militantes do PT que lotavam o terceiro andar do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, em São Bernardo do Campo (SP). Lula lembrou dos momentos em que conheceu Marisa, no Sindicato, e da história deles juntos.

“Ela está com uma estrelinha do PT no seu vestido, e eu tenho orgulho dessa mulher. Muitas vezes essa molecada [os sindicalistas] dormia no chão da praça da matriz [de São Bernardo do Campo] e a Marisa e outras companheiras vendendo bandeira, vendendo camiseta para a gente construir um partido que a direta quer destruir”, disse.

Após o velório, o corpo da ex-primeira-dama foi levado para o crematório do cemitério Jardim da Colina, em São Bernardo do Campo. A ex-primeira-dama morreu ontem (3), aos 66 anos, após ficar dez dias internada no hospital Sírio-Libanês onde Marisa estava internada desde o dia 24 de janeiro após sofrer um acidente vascular cerebral hemorrágico.

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O corpo de Marisa Letícia foi coberto com as bandeiras do Brasil e do PT. Também foram ao velório o presidente do PT, Rui Falcão; o deputado Waldir Maranhão; Jair Meneguelli, ex-presidente da CUT, Vicentinho, deputado federal, Gilberto Carvalho, ex-ministro dos governos Lula e Dilma, outros ex-ministros dos governos PT como Luiz Dulci, Juca Ferreira e Marco Aurélio Garcia. Luiz Fernando Pezão, governador do Rio de Janeiro, Renato Janine Ribeiro, ex-ministro da Educação, o ex-prefeito de São Paulo, Fernando Haddad, Eleonora Menicucci, ex-ministra da Secretaria de Política para Mulheres, entre outros também foram levar seu abraço.

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Políticos e autoridades compareceram ao velório da ex-primeira-dama Marisa Letícia, na sede do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, em São Bernardo do Campo, local onde o casal se conheceu. A ex-presidente Dilma Rousseff chegou à cerimônia por volta das 11h30 de sábado. Ela cumprimentou Lula e permaneceu ao lado do caixão recebendo abraços de populares.

Ao chegar ao velório, o senador Lindbergh Farias (PT-RJ) disse que a ex-primeira-dama foi “vítima de perseguição”, o que teria agravado seu estado de saúde. “Estou engasgado com isso. Ela foi vítima de uma perseguição gigantesca e não aguentou”, disse o senador.

Segundo o vereador de São Paulo Eduardo Suplicy (PT-SP), Marisa estava sempre junto de Lula. "Algumas vezes que jantei no Alvorada ela estava sempre amável nos recebendo. Então, eu venho aqui mais uma vez dar meu abraço a Lula e a todos os companheiros recordando os momentos significativos na vida do Brasil", disse.

Ele também se disse impressionado pela visita de adversários políticos de Lula. "Fiquei bastante impactado com a visita do Temer, FHC, José Sarney, José Serra e Henrique Meirelles e que o Lula teve a oportunidade de dizer a eles que, por mais que tivessem opiniões diferentes sobre o que está se passando no Brasil, queria agradecer a todos e se colocar à disposição para dialogar", afirmou Suplicy.

O vereador ressaltou que Lula disse estar disposto a conversar com Temer, mesmo que "todos soubessem que ele queria que quem tivesse ali era outra pessoa".

Na sexta-feira (3), antes da confirmação da morte da ex-primeira-dama, o ex-governador do Ceará e ex-ministro Ciro Gomes (PDT) foi ao Hospital Sírio-Libanês, em São Paulo. Na saída, Ciro afirmou que, apesar de triste, Lula está “firme”.

“Precisamos chamar a atenção para a compaixão, que é a premissa para distinguir o ser humano de uma besta”, afirmou o pedetista, que foi ministro da Integração Nacional durante o governo Lula.

Deputado federal e ex-ministro do Esporte, Orlando Silva (PCdoB-SP) também destacou o clima de solidariedade com Lula. “Apesar dos conflitos, ainda existe maturidade. Todo mundo sabe que Marisa era o equilíbrio emocional do Lula”, disse o ex-ministro.

Nas redes sociais, Lula lembrou com carinho da esposa. "A ex-primeira-dama costurou a primeira bandeira do PT, começou a trabalhar aos 9 anos e organizou resistência das mulheres durante as grandes greves do ABC."

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