Fronteiras

Secretário-geral da ONU quer fim de ordem de Trump sobre imigração

António Guterres considera veto a viajantes de sete países muçulmanos inefetivo no combate ao terrorismo; ele acha que os países têm o direito de proteger suas fronteiras; Vaticano afirmou que está "preocupado" com as iniciativas do presidente dos EUA

Atualizada em 11/10/2022 às 12h41
Guterres fez críticas a medidas do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump
Guterres fez críticas a medidas do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump (Guterres fez críticas a medidas do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump)

NOVA YORK - O secretário-geral da ONU, António Guterres, disse ontem que a ordem do presidente Donald Trump para barrar a entrada nos EUA de viajantes de sete países de maioria muçulmana deve ser "retirada antes cedo que tarde", já que a considera inefetiva no combate ao terrorismo.

Guterres, que assumiu o cargo máximo da ONU no começo deste ano, tem criticado, ainda que de forma indireta, mas reiterada, a medida de Trump. Ontem, ele já havia publicado comunicado em que diz que os países têm o direito de proteger suas fronteiras da entrada de terroristas, mas que isso "não pode ser baseado em qualquer forma de discriminação relacionada com religião, etnia ou nacionalidade", pois é contra os valores fundamentais das sociedades e "desencadeia a ansiedade e a raiva generalizadas, que podem facilitar a propaganda das próprias organizações terroristas que todos queremos combater".

"As medidas cegas, não baseadas em inteligência sólida, tendem a ser ineficazes, pois correm o risco de serem contornadas pelos atuais movimentos terroristas globais", acrescentou, sem se referir explicitamente a Trump.

Discriminação

Na sexta-feira,27, dia em que o republicano assinou a ordem, Guterres se disse preocupado em relação à discriminação de imigrantes e refugiados, assim como afirmou ser contra a exclusão de muçulmanos, considerando que isso facilita o caminho do extremismo.

"Está se instalando uma 'nova normalidade' no discurso público em que o preconceito tem livre curso e a porta está mais aberta ao ódio extremo", afirmou.

O diplomata português assinalou que o antissemitismo, o racismo, a xenofobia e a islamofobia estão atiçados pelo populismo e "por personalidades que exploram o medo para conseguir votos".

Preocupação

Vaticano afirmou ontem que está "preocupado" com as iniciativas do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, sobre a imigração, segundo a Reuters. Esse foi o primeiro comentário da Santa Sé sobre a ordem executiva de proibir as viagens aos EUA de cidadãos de sete países de maioria muçulmana.

"Certamente há preocupação porque somos mensageiros de outra cultura, a de abertura", disse o secretário de Estado adjunto do Vaticano, Angelo Becciu, a uma estação de televisão católica italiana em resposta a uma pergunta sobre a ordem de Trump.

A restrição imposta na sexta-feira,27, válida por 90 dias, atinge pessoas nascidas em sete países: Iraque, Iêmen, Síria, Irã, Sudão, Líbia e Somália. Trump também suspendeu o programa de recepção de refugiados durante pelo menos 120 dias, enquanto as autoridades definem o futuro sistema de verificação de vistos. O país é alvo de duras críticas internacionais e foi palco de protestos.

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