'Gato' de água

Caema encontra 34 pontos de furto de água na adutora do Italuís

Ligações clandestinas são instaladas na tubulação com o objetivo de desviar o produto; situação contribui para uma perda de 35% da água; R$ 8 milhões deixam de ser arrecadados com o furto de água destinada a bairros

Atualizada em 11/10/2022 às 12h41

SÃO LUÍS - Assim como o furto de energia elétrica é uma fraude comum na Região Metropolitana de São Luís, o da água disponibilizada pela Companhia de Saneamento Ambiental do Maranhão (Caema) está se tornando uma prática corriqueira. Para se ter uma ideia, a companhia já identificou ao longo da adutora do Sistema Italuís 34 ligações clandestinas de furto do líquido.

As ligações foram identificadas durante as vistorias realizadas ao longo da tubulação. Além desses pontos, existem diversos outros espalhados por bairros da região metropolitana, não somente aqueles localizados nas zonas periféricas, mas em bairros considerados nobres da cidade.

Furto
Na manhã de ontem, O Estado esteve em um dos pontos onde existe uma ligação clandestina no adutora do Italuís e constatou a irregularidade. A fraude estava situada nas proximidades do Km-2, à margem da BR-135.

No local, um cano estava ligado diretamente à adutora e por meio dele pessoas desviavam a água do Italuís, líquido que já vem tratado e pronto para ser distribuído às residências da capital maranhense.

Com o furto, alguns moradores da Vila Funil se beneficiam, uma vez que um dos trechos da adutora que está exposto no solo passa exatamente em frente do bairro, o que facilita o furto do líquido. Em outros trechos de bairros, como Vila Esperança, Vila Itamar e Estiva, em que a tubulação continua visível, acontece também o furto do líquido.

Da mesma forma como existem riscos para as pessoas que furtam energia elétrica, por causa dos choques que podem sofrer ao instalar os “gatos” nas redes elétricas, também há riscos para aquelas pessoas que furtam água diretamente da adutora.

Pela tubulação passa uma grande quantidade do líquido, submetido a uma alta pressão, Por um orifício feito na tubulação, pode sair um jato de água tão forte que tem a capacidade de causar um grave ferimento em qualquer pessoa.

Prejuízos
O furto de água também acarreta prejuízos. De acordo com a Caema, a estimativa é de que 1 mil m³ de água são perdidos por hora com o furto que acontece ao longo da tubulação do Italuís e em outros pontos da cidade. A companhia informou também que deixa de arrecadar cerca de R$ 8 milhões por mês com o furto.

“Nós temos dados concretos de que o que a Caema arrecada não cobre seus custos operacionais. Isso limita e dificulta a empresa fazer o que é necessário, como expansão e melhoria do sistema e a ligação clandestina não é contabilizada pela empresa”, disse Carlos Rogério Araújo, diretor de Operação e Manutenção da Caema.

Ele afirmou também que cerca de 35% da água produzida é perdida por causa das ligações clandestinas e são disponibilizadas para os moradores sem que haja a cobrança pelo produto. “Todas essas ligações serão retiradas e vamos dar soluções de abastecimento para a comunidade que está próxima”, destacou.l

Números

34 é a quantidade de ligações clandestinas identificadas na adutora
35% é o percentual de perda da água produzida com as ligações
R$ 8 milhões é o montante que a Caema deixa de arrecadar com as ligações

Nova adutora deve ser concluída em março

Os trabalhos de substituição da adutora do Sistema Italuís devem ser concluídos em março, conforme a atual previsão da Caema. Atualmente, as obras estão concentradas no trecho que passa sobre o Estreito dos Mosquitos, na construção de uma ponte que deve conduzir a canalização até a ilha.

“Nós temos 19 km implantados de adutora. Vamos fazer agora a travessia do Estreito porque a estrutura já está lá e fazer a interligação com o sistema velho”, disse Carlos Rogério Araújo. Ele afirmou também que, com a substituição, vai aumentar a quantidade de água produzida pelo sistema e, dessa forma, diminuir os problemas de abastecimento de vários bairros da capital maranhense, principalmente aqueles localizados na região central da cidade.

As obras de troca da adutora foram iniciadas em novembro de 2012, após assinatura da ordem de serviço pela então governadora do estado, Roseana Sarney. Segundo o cronograma do PAC, a obra estava orçada em mais de R$ 106 milhões. Atualmente, segundo a Cae­ma, cerca de 450 mil pessoas são atendidas pelo Sistema Italuís.

A atual vazão da adutora é de 1,8 metro cúbico por segundo, e com as intervenções que serão realizadas a estrutura passará a ter capacidade de 2,1 metros cúbicos por segundo. Com 19 quilômetros de extensão, no Campo de Perizes, a nova adutora será composta por 1.500 tubos de aço patinável, cada um com 12 metros de comprimento e 1,40 metro de diâmetro, que ficarão suspensos, visando facilitar a manutenção dos mesmos.

De acordo com a direção da Caema, com a troca da estrutura metálica da tubulação haverá diminuição nos riscos de rompimentos da estrutura, já que a adutora terá diâmetro maior e per­mitirá o aumento da vazão de água bombeada para São Luís em até 200 litros por segundo.

Além do aumento na capacidade de vazão, a estrutura metálica também estará menos suscetível a rompimentos, já que foi instalada em colunas de sustentação que possibilitam a montagem da tubulação longe do solo (com alta concentração de sal).

Assista o vídeo:

Italuís

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