Descaso

Árvores ficam vulneráveis com ausência de cuidados

Plantas não passam pelo manejo adequado e, por isso, acabam adoecendo e morrendo, como ocorreu com o oitizeiro na Deodoro, que desabou na 2ª-feira

Atualizada em 11/10/2022 às 12h41

SÃO LUÍS - O oitizeiro centenário que caiu na tarde de segunda-feira, 23, na Praça Deodoro em São Luís, chama a atenção para a questão da segurança no local. A árvore, ou os galhos dela, poderiam ter machucado seriamente alguém que inadvertidamente estivesse passando, ou trabalhando ali naquelas proximidades.

De fato, Dhone Almeida, que trabalha em um dos quiosques atingidos pela planta na queda, conta que ouviu um estalar, alguém gritando “vai cair” e só teve tempo de correr de dentro do ponto. No outro lado, sua funcionária, que atendia um cliente, não teve condições de correr para a porta e pulou pela janela mesmo. “Não deu para fazer mais nada”, lembra-se.

E mesmo com a queda, o perigo ainda não passou, tanto para quem trafega na Praça Deodoro, quanto para quem anda por outros pontos em São Luís onde existam árvores. Isso porque, segundo o pós-doutor em Agronomia e professor da Universidade Estadual do Maranhão, Hamilton Almeida, as plantas na capital maranhense não passam pelo manejo adequado e por isso acabam adoecendo e morrendo, como ocorreu com o oitizeiro na Deodoro, vítima de uma infestação de cupins.

Plantas doentes
Na mesma praça, outros oitizeiros centenários estão na mesma situação, completamente podres por dentro e lotados de cupins que seguem comendo a planta. O resultado é que em breve, muito em breve, se algo não for feito, eles também devem cair e trazer risco às milhares de pessoas que trafegam diariamente pelo logradouro.

“Falta o trato fitossanitário, que consiste no combate a cupins, fungos, parasitas, além da poda e do coroamento de algumas plantas. O que a gente percebe é um abandono geral das árvores existentes na cidade”, ressalta o professor.

E esse descaso com a arborização da cidade já começa na escolha das árvores. Segundo Almeida, muitas das espécies que são plantadas na região não são nativas daqui, pior ainda, não estão adaptadas para o solo, clima e local. Caso por exemplo dos pés de “fícus”. Muitas dessas plantas estão espalhadas pela cidade. De acordo com o professor, são árvores que não oferecem muita sombra, não tem folhas largas, não dão frutos e ainda possuem raízes, que não são condizentes com o solo.

E andando pela cidade ainda é possível ver aberrações ainda maiores, como por exemplo uma barrigudeira plantada no canteiro central da Avenida Daniel de La Touche. Agora, a árvore ainda está pequena, mas ela crescerá e tomará conta de toda a extensão do canteiro, como é típico deste tipo de vegetação.

Risco
Na edição do dia 17 deste mês, O Estado já relatou a situação de algumas árvores que correm o risco de cair nas avenidas e praças de São Luís. São plantas com caules tortos e ressecadas e galhos podres. No Ipase, por exemplo, em frente a uma escola, um fícus morto traz risco para crianças e seus pais. A árvore já não tem condições de ficar em pé e pode cair a qualquer momento.
O que levou a planta a chegar a esse nível é a mesma situação das outras: falta de manutenção. O que se percebe é que o mato, fungos e outros tipos de parasitas acabaram com a árvore. “Se tivessem feito a poda e o tratamento adequado, a planta teria sobrevivido”, ressaltou o professor Hamilton Almeida.

SAIBA MAIS

TOMBADAS

Dezenas de árvores em São Luís são tombadas pelo patrimônio histórico estadual, entre elas, estão duas da espécie Ceiba pentranda (as barrigudeiras do Monte Castelo e do Parque do Bom Menino), dezenas de figueiras (conhecidas como Fícus microcarpa), palmeiras imperiais (Roystonea oleraceae), reserva de juçarais e buritizais, e os oitizeiros (Licania tomentosa), da Praça Deodoro.

Essas árvores foram tombadas pelo Departamento de Patrimônio Histórico Artístico e Paisagístico do Maranhão (DPHAP), por meio do decreto 11.593, do dia 12 de outubro de 1990, publicado no Diário Oficial do Estado, dia 24 de outubro daquele ano. Na época, o tombamento dessas árvores ocorreu baseado na lei 3.999, do dia 20 e dezembro de 1978, e na resolução nº 018, do Conselho Estadual de Cultura, de novembro de 1987.

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