Crise carcerária

Judiciário, Executivo, MP e OAB discutem o sistema carcerário

Reunião aconteceu ontem na sede do TJMA e na ocasião foram debatidas ações conjuntas para pacificação da população carcerária e prevenção de rebeliões; um novo encontro será realizado em 30 dias para avaliar medidas que estão sendo tomadas

Atualizada em 11/10/2022 às 12h41
A reunião ocorrida no Tribunal de Justiça contou com a participação de representantes de diversos órgãos
A reunião ocorrida no Tribunal de Justiça contou com a participação de representantes de diversos órgãos ( A reunião ocorrida no Tribunal de Justiça contou com a participação de representantes de diversos órgãos)

Representantes dos poderes Judiciário e Executivo, do Ministério Público do Maranhão e Ordem dos Advogados – Seccional Maranhão, reuniram-se, ontem, na sede Tribunal de Justiça do Maranhão (TJMA), para discutirem questões relacionadas à crise carcerária e definirem ações conjuntas para pacificação da população carcerária e prevenção de rebeliões.

Durante a reunião, o presidente do TJMA, desembargador Cleones Cunha, falou sobre a necessidade de se efetivar um trabalho em conjunto entre as instituições estaduais, no sentido de se fazer um esforço concentrado para tomada de decisões e ações, a fim de buscar soluções para a crise. No dia 12 deste mês, ele participou de reunião com a presidente do Supremo Tribunal Federal (STF) e do Conselho Nacional de Justiça (CNJ), ministra Cármen Lúcia, com todos os presidentes de Tribunais do país para tratar da situação dramática do sistema prisional brasileiro.

“Juízes, promotores, defensores, advogados precisam estar envolvidos em uma meta conjunta com o Executivo. O problema não é só do Executivo, mas de toda a sociedade. É o que a Igreja chama de pecado social. Todos nós temos nossa parcela de responsabilidade”, frisou o presidente.

Questão processual

Cleones destacou o papel do Judiciário na solução da problemática carcerária e explicou que o principal foco, no Judiciário, é a questão processual. “Não podemos chamar para si a responsabilidade do Executivo, mas nós devemos cumprir a nossa parte que é diminuir sensivelmente o número de presos provisórios e fazer os julgamentos dos que estão pendentes”, esclareceu. Segundo dados oficiais do TJMA, compilados pela Unidade de Monitoramento Carcerário, atualmente existem 5.022 presos provisórios no Estado.

Além do presidente do TJMA, estavam presentes na reunião a corregedora-geral da Justiça, desembargador Anildes Cruz; o chefe do MPMA, procurador-geral de Justiça Luiz Gonzaga Martins Filho; o presidente da OAB-MA, Thiago Diaz; o presidente da Associação dos Magistrados do Maranhão, Ângelo Santos; a diretora-geral do TJMA, juíza Isabella Lago; entre outras autoridades.

Ação inicial

O presidente do TJMA informou que foi expedido Ofício Conjunto, assinado por ele e pela corregedora-geral da Justiça, desembargadora Anildes Cruz, aos juízes criminais do Maranhão, por determinação da presidente do STF e CNJ, ministra Cármen Lúcia, para que em 60 dias fossem conclusos e julgados os processos criminais com réus provisórios. Além disso, foi determinada às secretarias judiciais, a atualização no sistema Themis em 15 dias, sob pena de responsabilidade.

O defensor público-geral do Estado do Maranhão, Werther de Moraes Lima Júnior, falou sobre a necessidade de resolver problemas relacionados à expedição da Guia de Recolhimento (Carta de Guia) de presos provisórios pelos magistrados. Sobre isso, o presidente ressaltou que já estão sendo expedidos ofícios aos juízes para identificação dos presos provisórios sem as guias. Werther também informou que a Defensoria do Maranhão está organizando uma força-tarefa, no dia 20 de janeiro, para análise de processos e atendimento presencial de internos da Unidade Prisional de Ressocialização São Luís III.

O promotor de justiça, José Cláudio Cabral Almada Marques, defendeu que existe uma deficiência nas políticas públicas e a necessidade de medidas efetivas para o combate à criminalidade em seu local de origem. “Precisamos fazer um diagnóstico nas nossas comunidades e atacarmos as causas. As medidas emergenciais são necessárias, mas não resolvem o problema”, destacou.

Superlotação

Para o desembargador Cleones Carvalho, antes de tudo, o maior problema enfrentado é a superlotação. “Se não houvesse a superlotação, o controle em cima das facções seria muito mais efetivo, e aí incluímos também as condições sub-humanas”, disse. Em contrapartida, ele destacou melhorias observadas nos presídios estaduais, no que diz respeito ao controle de entrada de telefones e chips com a utilização de sistemas modernos de scanner de pessoas (body scanner) e a melhora no tratamento de familiares, que agora possuem estruturas mais dignas para a espera durante as visitas.

Sobre a construção de novos presídios, o procurador-geral do Estado, Rodrigo Maia, informou que houve recebimento de verbas para a construção de novas carcerárias no Estado, o que será feito num período de dois anos. A informação já havia sido comunicada ao TJMA pelo secretário de Administração Penitenciária, Murilo Oliveira, em reunião realizada pelo presidente da Corte em 9 de janeiro. Segundo ele, está prevista a construção de três novos presídios regionais em 2017, com a oferta total de aproximadamente mil vagas. O objetivo é ter em 2018 cinco mil vagas a mais no sistema prisional.

Mais

Na reunião de ontem, também foram destacadas questões operacionais sobre a realização das audiências de custódia (que consiste na garantia da rápida apresentação do preso a um juiz nos casos de prisões em flagrante), com relação ao deslocamento de presos para as audiências nos fóruns. Para a solução dessas e de outras questões levantadas, o presidente do TJMA, desembargador Cleones Carvalho Cunha marcou outra reunião, após 30 dias, com a presença dos representantes das secretarias de Estado de Administração Penitenciária (SEAP) e Secretaria de Estado de Segurança Pública (SSP).

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