Raio-X

Aurora: bairro antigo, tranquilo e de quase nenhuma estrutura

Não há escolas, nem postos de saúde; desde sua criação, no século XIX, além do asfalto, água encanada, luz elétrica e linha de coletivos, o poder público levou ao bairro apenas a unidade da Funac, que nenhum morador quer no local

Adriano Martins Costa / O Estado

Atualizada em 11/10/2022 às 12h42
Aurora  é um bairro pequeno, que nasceu de  um sítio
Aurora é um bairro pequeno, que nasceu de um sítio (Aurora)

O que impele os moradores do bairro Aurora a lutarem arduamente contra a instalação de uma Unidade de Ressocialização da Fundação da Criança e do Adolescente (Funac) no local é o medo e a vontade de ter de volta sua paz roubada. O mesmo medo que ma­tou Elisabete Raposo Costa, aos 65 anos, em 2003, quando um grupo de presos fugiu da Unidade Prisional de Ressocialização (UPR) do Anil, antiga Cerec.

A Aurora é um bairro nascido ainda no século XIX, às margens do Rio Anil. Com moradores antigos -alguns vivem lá há mais de 80 anos -, é uma região pacata e tranquila, onde esporadicamente ocorrem episódios de violência, muitos decorrentes das invasões que surgiram no entorno, ou das fugas da UPR.

Segundo a pesquisadora doutora Heloísa Reis Curvelo Matos, em sua “Análise toponímica de 81 nomes de bairros de São Luís”, foi a criação de uma estrada, ligando o Anil a São José de Ribamar, que favoreceu a povoação da região. O bairro ficava justamente no fim do chamado “Caminho Grande”, que terminava no Anil, bairro próspero por causa da Companhia de Fiação e Tecidos do Rio Anil.

“Ao que tudo indica, a ligação do Anil com a conhecida Estrada de São José de Ribamar e a do Bairro Tirirical não atraiu somente a atenção da alta elite que já vivia no Anil, mas de trabalhadores e de outras classe sociais que adquiriram ou construíram suas moradias na Aurora e seu entorno”, afirmou a pesquisadora.

Ainda de acordo com a pesquisadora, antigamente toda a localidade compreendida entre a Rua Frei Hermenegildo e a Avenida Nos­sa Senhora, que ligam a Aurora e o Anil ao retorno do bairro Forquilha, era chamada de Outeiro do Giz. Já segundo Rosa Félix Alves, de 86 anos, uma das moradoras mais antigas do bairro, onde hoje está o prédio motivo de discórdia com o Governo do Estado, havia um sítio que foi batizado de Sítio Aurora, em homenagem à filha do proprietário. O nome, então, foi adotado pelos habitantes para toda a localidade.

A mesma Rosa Félix Alves ainda conta que a Aurora sempre foi um bairro pequeno. As casas, inicialmente, eram de barro, cobertas de palha. As portas e janelas eram de piaçava. “Não tinha assaltante, não tinha estuprador, não tinha nada. Não tinha nem luz. Era tudo na lamparina. As casas todas eram longe uma da outra, com aquele quintal grande”, destaca a idosa.

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