Segurança

USC da Vila Luizão não é mais referência em segurança

Unidade de Segurança Cidadã se tornou mais um aparato policial fechado, sem contato com a população, e, muita vezes, não consegue suprir as necessidades básicas de combate ao crime naquela região

Atualizada em 11/10/2022 às 12h42
Unidade de Segurança Cidadã da Vila Luizão/Divineia não atende mais às necessidades da população
Unidade de Segurança Cidadã da Vila Luizão/Divineia não atende mais às necessidades da população (USC)

Quando foi inaugurada, em fevereiro de 2013, a Unidade de Segurança Cidadã (USC) da Vila Luizão/Divineia previa um novo conceito em segurança, na qual polícia e comunidade conviveriam para garantir melhorias à comunidade. Hoje, passados quase quatro anos desde a entrega à comunidade, a USC se tornou mais um aparato policial fechado, sem contato com a população e, muita vezes, não conseguindo suprir as necessidades básicas de combate ao crime.

De acordo com Maria da Glória Melo, do Conselho de Segurança do Turu, a USC está sucateada, acabada e sem sentido na comunidade em que está inserida. “Quando chegou aqui, a gente tinha cursos, conversava com os policiais. Hoje não tem mais nada disso. Nem a comunidade mais tem acesso à USC”, afirmou Glória Melo.

O que a USC previa, quando foi criada, em 2013, era uma nova abordagem na segurança. Além dos 92 policiais, 12 veículos novos e 10 câmeras de videomonitoramento 24 horas, instaladas que tratariam da parte prática, o local foi equipado com uma sala de convivência aberta à comunidade, um auditório com capacidade para 60 lugares e uma sala de inclusão digital onde funcionava um telecentro, com 15 terminais para a realização de cursos profissionalizantes para jovens, adolescentes e adultos da região.
“Eu mesmo fiz curso na USC e várias pessoas aqui fizeram e hoje vivem do que aprenderam por lá”, ressalta Maria da Glória Melo.

A primeira turma foi formada por 28 jovens no curso de Auxiliar de Escritório e 25 mulheres no Curso de Formação Inicial e Continuada em Preparo, Conservação e Congelamento de Alimentos.
Na época, a partir da instalação da unidade, a expectativa era de uma redução em até 70% no índice de criminalidade na área, mas pesquisas posteriores apontaram que, um ano depois, alguns setores, como casas lotéricas, bares, restaurantes e taxistas apresentaram 100% de diminuição no número de assaltos.

Sucateada
Hoje, segundo a conselheira de segurança Maria da Glória, nem mesmo ela tem mais acesso à estrutura da USC, quanto mais a população dos bairros. Não existem mais cursos, palestras, orientações, nada, e o pior, a estrutura do prédio está entrando em processo de sucateamento, por conta da falta de reformas e manutenção.

Os policiais militares que trabalham na unidade, não podem falar sobre a situação, mas em uma conversa informal, sob a condição de que não poderiam ser identificados, contaram que existem diversas rachaduras e infiltrações no prédio.

Por três meses a unidade ainda ficou sem água, até mesmo para beber. Foi necessário que os policiais fizessem uma coleta e providenciassem o conserto. Os veículos seguem a mesma lógica. Quando o problema é pequeno, são os próprios policiais quem tiram do bolso e pagam para que viaturas e motos não fiquem paradas.

SAIBA MAIS

A instalação da USC resultou de estudos feitos pela equipe de inteligência da Secretaria de Segurança Pública (SSP) e foi motivada pelos índices de criminalidade. O projeto foi implantado pela então governadora Roseana Sarney e seguia os moldes do Projeto Polícia Pacificadora, implantado nas comunidades do Rio de Janeiro.
A unidade teve um aporte financeiro orçado em R$ 1.248.070,16, em um terreno com uma área total de 1.778 m², sendo 475m² de área construída.

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