Análise

Pátria Amada

Conhecido pela sua trajetória no jornalismo policial, o escritor maranhense relembra dos preconceitos que sofreu no Rio de Janeiro, no início da carreira

José Louzeiro, especial para o Alternativo

Atualizada em 11/10/2022 às 12h42
José Louzeiro começou no jornalismo policial quando tinha 20 anos
José Louzeiro começou no jornalismo policial quando tinha 20 anos (José Louzeiro)

Quando cheguei ao Rio, eu “vim ao mundo” na maternidade da Praça Mauá, que hoje está se tornando “corredor cultural da cidade”, graças ao projeto Porto Maravilha, onde se destacam o Museu do Amanhã e o MAR – Museu de Arte do Rio de Janeiro.

Nesse tempo, aquela região era quase que exclusivamente dedicada aos escritórios das grandes empresas.

A empresa que eu pertencia era dirigida por um descendente de poloneses – Peter Houff. Boa pessoa, tinha por objetivo transformar um modesto escritório em um centro cultural da Polônia, incluindo toda a larga circunferência da cidade do Rio de Janeiro da época.

Peter Houff tinha um problema sério: não gostava de festas e fingia esquecer as muitas para as quais era convidado, pois além de chefe de um importante escritório de atividade geográfica, era bastante envolvido com as artes gráficas.

Eu era o exemplo disso – lá estava por ser jornalista e nessa época integrante da equipe de repórteres do jornal “A Noite”.

Foi afinal meu primeiro trabalho na imprensa no Rio de Janeiro. Junto ao jornal, vinha sempre um caderno chamado “A Noite”, especialista em atividades noturnas.

Boicote

O comandante do caderno era o alemão Peter Hoffmann, que me detestava e eu o achava simpático por ser o chefe da reportagem de polícia.

Por querer me prejudicar, Peter Hoffmann quase não me dava tarefa nenhuma do seu agrado – me ocupava, em geral, com as atividades na área policial, em vez de estar causando meu desagrado como era o pensamento dele – era a sopa no mel – o que eu gostava mesmo era de percorrer as delegacias de polícia que funcionavam dia e noite na Praça Mauá.

Se Peter Hoffmann me aceitava como repórter, eu era detestado como “pau de arara” pelos coleguinhas que já haviam feito cursos de Jornalismo.

Eram jornalistas concursados e eu, jornalista de polícia, era discriminado e sentia isso na pele.

De um desses colegas-adversário, que me detestava, ainda recordo por duas razões: chamava-se Percival e se fazia especialista no tratamento das matérias que vinham por teletipo de Brasília.

Eu era privilegiado porque conhecia Brasília, onde já estivera a serviço, mas nunca pretendi me estabelecer na Capital Federal, que na época não tinha bons jornais e, assim sendo, não tinha onde trabalhar na minha atividade de repórter geral.

Nessa época eu já participava da instalação do jornal “Última Hora”, sob os cuidados

José Louzeiro é jornalista, roteirista e escritor, seus livros inspiraram filmes como Pixote-A Lei do Mais Fraco, Lúcio Flávio-Passageiro da Agonia, “O Homem da Capa Preta” e “Os Amores da Pantera”

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