A comunidade do bairro Aurora segue mobilizada em protesto contra a instalação da unidade de ressocialização da Fundação da Criança e do Adolescente (Funac), proposta pelo Governo do Maranhão, no bairro. De acordo com os moradores, os protestos em frente ao prédio onde já está funcionando a unidade seguirão até que seja revista a decisão do Poder Executivo Estadual.

Representantes do bairro estão desde quarta-feira, 4, com cartazes afixados nas portas de suas casas, com dizeres críticos ao Governo e questionando a instalação da unidade da Funac. Na tarde de sexta-feira, 6, para intensificar a mobilização, moradores instalaram tendas nos arredores do novo prédio. Eles também fecharam, com pedaços de madeira e pedras, a Rua Frei Hermenegildo, principal via que corta a Aurora.

Segundo os moradores, desde quarta-feira, 4, pelo menos sete internos haviam sido transferidos para a nova unidade. De acordo com eles, os adolescentes infratores seriam do Centro de Juventude Canaã, no bairro Vinhais. Até o fechamento desta edição, o Governo do Estado não havia confirmado esta informação.

De acordo com o morador do bairro Aurora e uma das lideranças do movimento de protesto contra a instalação da unidade de ressocialização, Raimundo Costa, a comunidade deve manter os protestos durante o fim de semana. “Não arredaremos o pé, diante desta medida sem sentido e sem o apoio da comunidade. É preciso lutar contra esta arbitrariedade”, disse.

Já o presidente da União dos Moradores da Aurora, Mário da Silva Lopes, disse que jamais pensou em lidar com a presença de uma unidade da Funac no bairro em que reside. “A gente nunca pensou que fosse passar por uma situação como esta. Eu, que já moro aqui há tanto tempo, não pensei que teria um tormento deste, ainda mais no fim da vida”, disse.

Policiamento
Na sexta-feira, 6, o policiamento na entrada da unidade de ressocialização da Aurora era feito com grande contingente.

Pelo menos 30 homens estavam nos arredores do prédio. O 9º Batalhão da Polícia Militar (BPM) é o responsável pela segurança na área. Nenhum confronto com a população foi registrado.

Pintura
Do lado de fora, operários trabalhavam na pintura do muro principal da unidade. Na parte interna, segundo informações de funcionários do local, que não quiseram ser identificados, as obras de readequação do prédio prosseguiram normalmente.

Até o momento, o Governo do Maranhão não informou quem é o responsável pela reforma do prédio que abriga a nova unidade e não há nenhuma placa de reforma no local.

Encontro
Uma das moradoras mais indignadas com a instalação da Funac na Aurora era a missionária Lilian Raquel Garcês. Ela informou a O Estado que, no dia 21 de dezembro do ano passado, uma comissão de moradores se encontrou com o governador do Maranhão, Flávio Dino.

Na ocasião, o governador teria confirmado que pretendia instalar a nova unidade de ressocialização no bairro. A assessoria do Governo do Maranhão não confirmou se houve, de fato, o encontro. Desde então, não houve novo encontro entre o Governo e a comunidade para tratar sobre o tema.

Decisão judicial
Na quinta-feira, 5, a defesa da comunidade da Aurora protocolou uma Ação Civil Pública em que solicitava a revisão da decisão do Governo em instalar a unidade de ressocialização no bairro Aurora. De acordo com a defesa, o local traz “claros riscos”, especialmente pela presença de adolescentes com passagens pela polícia.

Ainda segundo a defesa, a decisão sobre a permanência ou não da unidade no bairro deverá ser expedida na próxima segunda-feira, 9.

Até o fechamento desta edição, o Governo do Maranhão não se pronunciou sobre os apelos da comunidade que questiona a instalação da unidade de ressocialização na Aurora.

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