Abalo sísmico

Tremor de terra deixa população de São Luís assustada

Abalo sísmico teve epicentro no interior do Maranhão, mas foi sentido em vários pontos na capital, principalmente nas proximidades da orla

Jock Dean / O Estado

Atualizada em 11/10/2022 às 12h42

[e-s001]Um fenômeno atípico alterou a rotina de São Luís na manhã de ontem. Por causa de um tremor de terra sentido em diversos bairros, moradores ficaram preocupados com a possibilidade de acidentes. Muitos deixaram suas casas e até empresas dispensaram seus funcionários para garantir a segurança de todos. Confusa, a população das áreas atingidas tentava entender o que havia ocorrido, enquanto moradores de outras localidades mostravam-se incrédulos com a possibilidade de um terremoto na capital.

Por volta das 9h45 começaram os primeiros relatos em redes sociais de tremores de terra em São Luís. Vinham de moradores de prédios de apartamentos ou de pessoas que trabalham em edifícios comerciais de vários pavimentos em bairros como Renascen­ça, Lagoa, Ponta d’Areia, Ponta do Farol, Calhau e São Francisco. Mas moradores de áreas mais distantes como o Centro e até mesmo Cidade Operária chegaram a afirmar terem sentido o tremor de terra. Os relatos também davam diferentes durações do tremor, que, dependendo da localidade, não teria passado de 15 segundos.

Os tremores foram sentidos em edifícios como o da Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado do Maranhão (Fecomércio), do Tribunal de Contas do Estado do Maranhão (TCE-MA) e do Instituto Federal do Maranhão (IFMA), campus Monte Castelo e vários outros. “Por volta das 10h, estávamos trabalhando quando sentimos as cadeiras tremerem e percebemos que os quadros das paredes estavam balançando”, afirmou a advogada Carla Leonor, que trabalha em um escritório no Edifício Biadene Home, na Avenida dos Holandeses. O prédio tem 15 andares.

Gustavo Costa, morador do Edifício Saint Tropez, no Renascença, disse que estava deitado em sua cama quando sentiu o quarto balançar, as portas do guardar-roupas e do boxe do banheiro tremerem. “Eu cheguei a pensar que fosse alguma obra no apartamento de baixo, mas estranhei que apenas uma obra abalasse tanto as estruturas do meu apartamento”, comentou.

À medida que os relatos de tremores foram se espalhando, a preocupação da população das áreas afetadas foi aumentando e prédios começaram a ser evacuados. No Edifício Vinícius de Moares, localizado no Calhau, as pessoas deixaram o prédio e acionaram o Corpo de Bombeiros quando sentiram os primeiros tremores. “A gente achou que o prédio estava desabando. Então, chamamos o Corpo de Bombeiros para uma vistoria. Só depois ficamos sabendo que o tremor havia sido sentido em outros prédios”, informou Dilciane Costa, que trabalha no nono andar do prédio.

Os funcionários de um escritório no Office Tower, no Renascença, foram dispensados e voltaram para casa logo após o tremor. “A gente sentiu as cadeiras balançarem. Inicialmente, eu achei que estava tendo uma queda de pressão, mas percebemos que pessoas das salas ao lado estavam deixando o prédio, então descemos também. Nosso chefe acabou liberando todo mundo o resto do dia”, disse Dayane Lima.

[e-s001]Prédios foram vistoriados pelo Corpo de Bombeiros em São Luís

Por causa da desinformação sobre o que estava acontecendo e do medo de desmoronamentos, trabalhadores de edifícios de São Luís acionaram o Corpo de Bombeiros logo que sentiram os primeiros tremores. As vistorias aconteceram no Edifício Vinícius de Moraes, um prédio comercial localizado no Calhau, e na sede do Tribunal de Contas do Estado do Maranhão (TCE-MA), no Jaracati. As primeiras vistorias não apontaram qualquer dano na estrutura dos prédios. De acordo com o Corpo de Bombeiros, a população deve fica tranquila.

Segundo o comandante-geral do Corpo de Bombeiros, coronel Célio Roberto Araújo, os prédios com estrutura predominantemente metálicas foram os que mais sofreram os abalos dos tremores. “Essas estruturas propagam mais facilmente as ondas que vêm do solo. Já os edifícios com mais concreto não sentem tanto os abalos”, informou. No TCE, os funcionários esperaram no estacionamento enquanto os homens do Corpo de Bombeiros e da Defesa Civil faziam as vistorias.

O engenheiro de solo da Defesa Civil, Clóvis Sousa Filho, explicou que a sensação causada pelo abalo sísmico foi observada em praticamente toda a cidade, mas a dimensão dos prédios afetados por ele ainda será observada mais a fundo. “Ainda não temos a dimensão de quantos prédios, mas a sensação foi observada praticamente em toda a ilha e em alguns outros municípios do estado de fora do Maranhão, como em Teresina”, explicou.

Ele disse ainda sobre as características do solo maranhense. “Nós temos no Maranhão uma área característica sedimentada, onde há muita retirada de água do solo, e isso vai fazendo que haja uma sedimentação de rocha. Dos lugares que já visitamos, nenhum apresentou qualquer tipo de deformação relacionado a esse tremor. Houve uma vibração, mas nada tão sério”, afirmou.

Ainda de acordo com Clóvis Sousa Filho, a sensação mais forte sentida no prédio do TCE foi relacionada a estrutura da construção. “No prédio do TCE houve uma sensação mais forte por conta da característica própria da estrutura. Lá é uma estrutura metálica e a vibração e propagação do som, bem mais forte. Por isso a sensação foi bem maior”, explicou.

Sobre a ocorrência de pequenos tremores em São Luís e outros municípios do Estado, o Governo do Maranhão informou que mobilizou o Corpo de Bombeiros e a Defesa Civil para adotar providências sobre a situação. Ainda de acordo com o Executivo estadual, a equipe do Corpo de Bombeiros foi deslocada para o município de Belágua, epicentro do abalo sísmico, segundo o Centro de Sismologia da USP. O Corpo de Bombeiros e a Defesa Civil montaram sala de situação permanente para centralizar as informações e orientar a população a ter tranquilidade, pois os abalos registrados eram de pequena magnitude.

A Prefeitura de São Luís, por meio da Secretaria Municipal de Segurança com Cidadania (Semusc), informou que os agentes da Defesa Civil Municipal estão monitorando os imóveis onde há suspeita de abalos estruturais provocados pelo tremor ocorrido na manhã de ontem. Foram vistoriados o condomínio Jardins, no Cohafuma; Office Tower, no Renascença; Universidade Estadual do Vale do Acaraú (UVA), Procuradoria Geral do Estado e prédio da Embratel, no Centro; TCE, Ordem dos Advogados do Brasil Secção Maranhão (OAB) e Fórum Desembargador Sarney Costa, no Jaracati; o Tribunal de Justiça do Estado do Maranhão (TJ), na Praia Grande, uma residência no Apicum e a Secretaria Municipal da Fazenda (Semfaz), no Bairro de Fátima.

As vistorias foram feitas a pedido dos moradores ou funcionários dos respectivos imóveis. A Superintendência de Defesa Civil Municipal informou também que o trabalho está sendo feito em parceria com a Defesa Civil Estadual do Maranhão, seguindo o Plano de Contingência, o qual consiste em evacuação, vistoria e isolamento das áreas afetadas, caso seja necessário. Ao final da vistoria, será produzido um relatório destinado aos órgãos responsáveis.

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TREMORES

Até o início da tarde de ontem, tremores registrados no Maranhão foram relatados em pelo menos 17 municípios. O levantamento do Centro de Sismologia da Universidade de São Paulo (USP) é feito com ajuda de internautas. Registros foram feitos em São Luís, Timon, Chapadinha, Urbano Santos, Presidente Vargas, Itapecuru Mirim, Pinheiro, Rosário, Icatu, Caxias, Codó, Bacabal, Grajaú, Miranda do Norte, Vargem Grande, São José de Ribamar e Belágua.

Epicentro foi no interior do Maranhão

Pouco após os primeiros relatos de tremores de terra em São Luís, veio a confirmação, de dois centros de sismologia do Brasil, de que um terremoto havia sido registrado no interior maranhense. De acordo com o Centro de Sismologia da Universidade de São Paulo, o tremor teria começado em Belágua, município a 113 quilômetros de São Luís. Já segundo o Centro de Sismologia da Universidade de Brasília, o epicentro teria sido a cidade de Vargem Grande, que fica a 172 quilômetros da capital. No início da tarde, o Centro de Sismologia da Universidade de São Paulo atualizou seu sistema de monitoramento e retirou Belágua da lista.

De acordo com a informação inicial do Centro de Sismologia da Universidade de São Paulo, o epicentro do tremor teria sido em Belágua, com uma magnitude de 4.6 graus na Escala de Richter. A funcionária da Câmara de Vereadores da cidade Lívia Veras relatou a O Estado o que aconteceu. “Foi bem forte.

Estávamos na Câmara de Vereadores trabalhando e sentimos o chão, teto e paredes tremerem. Foi rápido, 10 a 15 segundos, mas bem intenso. A princípio não entendemos o que era, mas logo percebemos que podia ser terremoto e a ligações e no WhatsApp começaram a falar em tremor na terra. Foi quando nos preocupamos e deixamos o prédio”, informou. No período da tarde, a Prefeitura de Belágua confirmou que diversos imóveis tiveram rachaduras e afundamento no piso.

Enquanto o Centro de Sismologia da Universidade de São Paulo afirmava que Belágua era o epicentro do terremoto, no Maranhão, o Centro de Sismologia da Universidade de Brasília informava que os tremores vieram da cidade de Vargem Grande com uma magnitude de 4.7 graus na Escala de Richter. No período da tarde, o Centro de Sismologia da Universidade de São Paulo também passou a apontar Vargem Grande como epicentro e a existência de sete tremores no total, sendo o inicial com magnitude de 4.6 graus na Escala de Richter o mais grave. Em Vargem Grande, foram registrados seis tremores no total.

Posteriormente, os analistas da USP revisaram os dados, localizando o epicentro entre Vargem Grande e Presidente Vargas, onde um tremor de 1.5 grau na Escala de Richter também foi registrado pelo Centro de Sismologia da Universidade de São Paulo, a cidade está localizada a 165 quilômetros de São Luís. Presidente Vargas limita-se a sul e leste com Vargem Grande.

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