Estratégia

Lojistas aproveitam troca-troca de produtos para tentar recuperar vendas fracas de Natal

Tradicional movimentação de consumidor para trocar presente após o Natal vira oportunidade para lojas desencalharem estoque com promoções

Érika Rosa - Editora de Economia e Capa

Atualizada em 11/10/2022 às 12h42
Consumidora foi a loja de sapatos trocar presente que não deu no tamanho
Consumidora foi a loja de sapatos trocar presente que não deu no tamanho (troca)

Por causa das vendas fracas neste Natal (ver texto correlato), ontem, dia da tradicional troca de produtos após a festa, muitos lojistas aproveitaram para fazer promoções e tentar atrair quem foi aos locais de compra para trocar o presente. Foi uma estratégia para desovar os estoques de Natal e aproveitar a presença dos consumidores nas lojas e nos shoppings.

“Hoje (ontem) muita gente veio para trocar o presente porque não deu no tamanho ou não agradou e a equipe está aproveitando essa movimentação de mais consumidores na loja para vender mais”, afirmou Letícia Mendes, gerente de uma franquia de roupas no São Luís Shopping.

Igual orientação deu à sua equipe de vendedores o supervisor José Luís Travassos, que trabalha em uma loja de eletroeletrônicos do Shopping da Ilha. “Estamos apostando agora na troca dos presentes para aproveitar os últimos cinco dias de 2016, fidelizar o cliente e vender mais”, informou.

Uma das pessoas que voltaram ao shopping ontem, mas desta vez para trocar o presente que ganhou de amigo invisível, foi a universitária Renata Bezerra. E aproveitou para levar mais um produto. “Ganhei um par de sapatilhas numa numeração menor do que a minha. Vim e troquei, e quando estava saindo da loja gostei de uma sandália e estou levando também, pois me deram um desconto para levar à vista”, explicou a consumidora, ao sair de uma loja de calçados no Rio Anil Shopping.

O gerente José Antonio Lisboa informou que vários produtos estão com desconto para atrair os consumidores que estão voltando às lojas para trocar produtos ou que deixaram para fazer as compras depois da correria do Natal. “É uma estratégia que adotamos todos os anos e que tem dado certo”, pontuou.

Opinião semelhante deu Francisco Sousa, gerente de uma loja de roupas no São Luís Shopping, onde também há promoções para atrair os consumidores nestes dias. Ele afirmou que, mesmo não sendo obrigatória, a troca este ano, mais do que nos outros, pode ser vantajosa para o comércio. “Até o momento foram feitas umas 20 trocas. A maioria por problemas de tamanho. Mais de 10 foram convertidas em novas compras”, ressaltou ele, no início da tarde.

Muitos comerciantes acreditam que o movimento de troca se estenderá até janeiro, pois muitos clientes ainda estão viajando e só vão trocar os presentes nos últimos dias de prazo da substituição, normalmente de 30 dias.

Troca - Apesar de a prática de trocar produtos ser comum neste período do ano, entidades de defesa do consumidor esclarecem que a insatisfação com o presente não está entre os motivos que obrigam as lojas a substituírem os produtos. De acordo com o Código de Defesa do Consumidor, a troca só é um direito quando a mercadoria apresenta algum defeito ou vício.

“Em caso de roupa, por exemplo, se o tamanho não é adequado ou a pessoa não gostou da cor ou do modelo, o lojista não é obrigado pela lei a trocar”, explica José Geraldo Tardin, presidente do Instituto Brasileiro de Estudo e Defesa das Relações de Consumo (Ibedec).

No entanto, se o lojista se comprometer com a troca no ato da compra, é preciso especificar as condições em nota fiscal, como a obrigatoriedade de a embalagem não estar violada ou da presença da etiqueta no produto, por exemplo.

Prazo - Os prazos para troca de cortesia variam de acordo com os termos estabelecidos por comerciante e podem variar de sete a 30 dias, dependendo do produto. Se o presente apresentar defeito, a loja tem até 30 dias para consertar, de acordo como Código de Defesa do Consumidor.

Se a manutenção não for bem-sucedida ou suficiente, a loja deve trocar o produto ou devolver o dinheiro ao cliente. A lei também prevê a possibilidade de acordo entre a loja e o consumidor, que pode ficar com o produto imperfeito e receber um abatimento no valor pago ou esperar até 180 dias para o conserto ou outro tipo de solução.

No caso de produtos não duráveis, como alimentos, medicamentos e aqueles considerados essenciais, como geladeira e fogão, a lei diz que a troca deve ocorrer até 24 horas depois da reclamação.

Varejo registra queda

no volume de vendas

São Paulo - O comércio varejista registrou mais um Natal com queda no volume de vendas. De acordo com o indicador apurado pelo Serviço de Proteção ao Crédito (SPC Brasil) e pela Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL), as consultas para vendas a prazo registraram queda de 1,46% na semana que antecedeu o Natal, de 18 a 24 de dezembro. Trata-se do terceiro ano consecutivo em que as parcelas parceladas apresentam queda no período, mas em 2015 a contração havia sido a pior em cinco anos, de -15,84%; em 2014 de -0,7%.

As consultas para vendas a prazo no Natal repetiram o comportamento de baixa das demais datas comemorativas deste ano: a queda nas intenções de vendas parceladas também se repetiu no resultado do Dia das Mães (-16,40%), Dia dos Namorados (-15,23%), Dia dos Pais (-7,15%) e Dia das Crianças (-9,02%). O recuo no Natal foi o menor de todas as datas comemorativas.

Segundo o presidente da CNDL, Honório Pinheiro, a queda no volume de vendas parceladas no comércio é consequência direta da crise econômica. “O comércio vendeu menos a prazo, mas não significa que o brasileiro deixou de presentear. Os consumidores estão mais preocupados em não comprometer o próprio orçamento com compras parceladas, por isso optaram por presentes mais baratos e geralmente pagos à vista, as famosas 'lembrancinhas'. Com o acesso ao crédito mais difícil, juros, inflação e desemprego elevados, o poder de compras do brasileiro ficou muito mais limitado para compras caras”, afirma Pinheiro.

Promoções - Na avaliação da economista-chefe do SPC Brasil, Marcela Kawauti, o movimento nas lojas nos últimos dias do ano e nas primeiras semanas de janeiro dependerá da criatividade dos lojistas e da atratividade das promoções. "A expectativa é de que as promoções reaqueçam o mercado até o final de janeiro. Com os tradicionais descontos, o comerciante tem a oportunidade de emplacar novas vendas para melhorar o fraco desempenho no Natal”, afirma Kawauti.

O Natal é considerado pelos lojistas a data comemorativa mais importante em faturamento e volume de vendas.

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