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A gestão na agricultura

Atualizada em 11/10/2022 às 12h42

Conforme dados do IBGE de 2015, as atividades agrárias têm participação efetiva na economia brasileira, tanto no âmbito da composição do PIB (21,5%), como nas vendas externas totais brasileiras (46,2%). Tal importância foi adquirida, também, com grandes esforços dos produtores uma vez que o novo paradigma agrário obrigou-os à adesão de bens e serviços industriais, ou seja, mudança na: (i) parte fixa do capital constante (colheitadeiras, tratores, plantadeiras e etc.); (ii) na parte circulante do capital constante (fertilizantes, defensivos, sementes e etc.); (iii) no capital variável (força de trabalho, gestão e controle), para a sobrevivência uma estrutura alicerçada na grande concorrência e alta competitividade.

Diante disso, as estruturas e estratégias de gestão administrativa se tornaram um requisito essencial para sobrevivência e consolidação, independente do tamanho da propriedade e de quem administra (familiar ou não familiar), da empresa agrícola.

Com isso, o objetivo essencial da gestão científica nas empresas agrícolas é produzir produtos mais baratos possíveis, obter a maximização dos lucros, unificar os trabalhos de administração e minimizar os gastos dos recursos disponíveis. Aumentando a produtividade tanto do trabalho quanto da terra, com o aproveitamento das características mais adequadas dos funcionários. Expandindo o desenvolvimento da divisão do trabalho, usufruindo dos interesses de mercado.

No Brasil, de forma geral, principalmente nas empresas produtoras de grãos, cereais e fibras, existem dois grandes grupos de empresas: (i) o que internalizou os serviços de financeirização, consultoria agronômica e planejamento; (ii) e o que não interiorizou esses serviços e é administrado por mão-de-obra familiar.

No primeiro grupo, mesmo com o controle ou nas mãos de familiares, possuem processos administrativos comandados por técnicos profissionais, uma departamentalização bem definida, programas de qualidade total e a procura sistemática e efetiva em aprendizado e qualificação. Por outro lado, no segundo grupo pode gerar baixa competitividade em razão de: falta de planejamento; favorecimento de parentes e agregados sem qualificação necessária para vagas de emprego; conflitos de interesses nos herdeiros. Gerenciar uma fazenda moderna estrategicamente é estruturar as ações operacionais para que ela seja sustentável ao longo das flutuações de mercado, dos ataques dos concorrentes e das ofertas de produtos e insumos. Desta forma, a correta alocação dos recursos, o planejamento da produção ao longo do ano e o dimensionamento do volume da produção a ser estocado poderão viabilizar ou não o negócio.

A busca pela máxima profissionalização é um dos desafios que se impõem às empresas agrícolas que estão interessadas em crescer, em explorar corretamente diversidades edafoclimáticas e aproveitar as condições econômicas e sociais de cada região. Ademais, poderão estabelecer mais controle na comercialização dos produtos agrícolas frente às grandes Tradings, pois essas são agressivas e competitivas, uma vez que contam com poderoso staff executivo.

Cabe lembrar que essas estruturas e estratégias de gestão mudam de acordo com a temporalidade e a espacialidade, onde essas se desenvolvem em termos combinados e complexos, com agregação de atraso e dinamismo.

Roberto César Cunha

Geógrafo (UFMA), mestre e doutorando (UFSC)

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