Descaso na saúde

Estado trata crianças com microcefalia sem zelo

De acordo com os responsáveis pelas crianças, faltam profissionais de saúde e medicamentos no Centro de Referência entregue pelo poder público estadual em março deste ano.

Thiago Bastos

Atualizada em 11/10/2022 às 12h42
Pais de crianças com microcefalia se manifestaram ontem na rua
Pais de crianças com microcefalia se manifestaram ontem na rua (Pais)

A falta de assistência do Governo do Estado às crianças com microcefalia motivou pais, mães e responsáveis legais a promoverem um ato público, na tarde de ontem (14), em frente à Casa do Maranhão. De acordo com os pais, o número de profissionais de saúde (como fisioterapeutas e terapeutas ocupacionais) oferecidos pelo poder público estadual no Centro de Referência em Neurodesenvolvimento, Assistência e Reabilitação de Crianças (Ninar) é insuficiente para atender a demanda da capital maranhense e do interior do estado.

Antes do ato, O Estado conversou com os pais das crianças com microcefalia e que questionam a atual assistência do Governo do Maranhão. Uma das mães, Liciane Santos, possui uma filha de 1 ano de idade (Heloísa Nicolle) com microcefalia. Ela contou que descobriu o diagnóstico da filha um dia após o parto. “Entrei em depressão e achei que nunca mais poderia fazer nada na minha vida. Um mês depois, decidi seguir em frente e procurar assistência. Mas quando cheguei ao Ninar, descobri que ainda falta muita coisa para dizer que a gente é bem atendido por lá”, disse.

Até o fechamento desta edição, o Governo do Maranhão não se pronunciou sobre os problemas relatados pelos pais do Ninar.

e acordo com a mãe, além da baixa quantidade de profissionais médicos, há demora na marcação de exames e outros procedimentos clínicos. “Para a gente conseguir algo para janeiro de 2017, tem que ter marcado em outubro deste ano”, contou. Já o pai Miguel Jorge Goiabeira, que tem um filho de 3 anos com microcefalia, outro problema é a carência de medicamentos. “Há um determinado remédio de meu filho que custa duzentos reais aproximadamente. Como o Governo [do Maranhão] não está dando, decidi pagar por conta própria”, afirmou.

Interior

Além de pessoas da capital maranhense, cidadãos do interior do Maranhão também se sentem prejudicados, segundo eles, pela carência na assistência pública estadual às crianças com microcefalia. A dona-de-casa Fernanda Cristina Barros está em São Luís com sua filha, Andressa Ranielle (que possui microcefalia).

Natural de Humberto de Campos (MA) – distante 250km de São Luís, a mãe relatou que precisa vir à capital a cada 15 dias para fazer o tratamento de sua filha no Ninar. “Mas de uns tempos para cá, quando chego até a cidade, não consigo atendido para a minha filha. Já aconteceu de eu chegar até o Ninar e lá ser informada que o médico não compareceria. Aí tive de voltar para o interior sem nada”, disse.

Após a concentração do ato, em frente à Casa do Maranhão, os manifestantes seguiram até o Palácio dos Leões, sede do poder Executivo Estadual.

A microcefalia é uma doença em que a cabeça e o cérebro das crianças são menores que o normal para a sua idade, o que prejudica o seu desenvolvimento mental, já que os ossos da cabeça se unem muito cedo, impedindo que o cérebro cresça e desenvolva suas capacidades normalmente.

Mais

O que é Ninar

O Ninar foi entregue pelo Governo do Estado como uma solução para o acompanhamento de crianças com microcefalia. À época, segundo dados da Secretaria Estadual de Saúde (SES), a unidade – que funciona ao lado do Hospital Juvêncio Matos – contaria com 35 profissionais de saúde, entre pediatras, neuropediatras, oftalmologistas, dentre outros.

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