Morosidade

Após adiamentos, reforma deve ser iniciada só em 2017

Para entidades que representam o comércio, o atraso no início das obras da Rua Grande traz prejuízos para lojistas e para a população; outros pontos, como a Praça Deodoro e Largo do Carmo, estão deteriorados

Jock Dean / Da equipe de O Estado

Atualizada em 11/10/2022 às 12h43
Largo do Carmo, um dos pontos turísticos do Centro Histórico de São Luís, tem infraestrutura precária, o que prejudica ludovicenses e turistas; área está incluída no projeto de requalificação
Largo do Carmo, um dos pontos turísticos do Centro Histórico de São Luís, tem infraestrutura precária, o que prejudica ludovicenses e turistas; área está incluída no projeto de requalificação (Largo do Carmo)

Prevista inicialmente para começar em setembro de 2015, depois adiada para outubro e novamente adiada para setembro deste ano, a obra de reforma da Rua Grande continua sem uma data definida para ser iniciada. Segundo a última informação repassada pela Superintendência do Instituto de Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), em São Luís, responsável pela obra, os serviços devem ser iniciados até o fim do primeiro semestre de 2017. Para entidades que representam o comércio, o atraso no início das obras traz prejuízos ao setor.

A ordem de serviço para o início das obras de requalificação urbanística da Rua Grande foi assinada em 26 de abril de 2015. Desde então, o comércio da região central de São Luís vem aguardando com expectativa a execução dos trabalhos, pois, além da Rua Grande, o projeto traria melhorias também para praças e ruas adjacentes ao principal centro de comércio popular da capital, resolvendo os problemas de infraestrutura das praças João Lisboa, Pantheon, Deodoro e suas alamedas.

O presidente da Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado do Maranhão (Fecomércio), José Arteiro da Silva, afirma que apesar do crescimento exponencial dos shopping centers, a Rua Grande ainda é considerada o principal polo de comércio de São Luís. “Principalmente por abrigar uma variedade de estabelecimentos comerciais com um leque bastante diversificado de produtos numa escala ampla de preços”, diz.

Mas ele ressalta que há vários anos o centro comercial vem sofrendo com a falta de infraestrutura para viabilizar a comodidade tanto para os consumidores quanto para os lojistas e comerciários. Ainda segundo José Arteiro, por se tratar de uma área histórica, as intervenções propostas trariam impactos positivos não apenas para o comércio como também para o turismo da capital.

Prejuízos ao comércio

Mas com o atraso no início dos trabalhos, a falta de acessibilidade à Rua Grande prejudica o comércio da região. “Nossas pesquisas de intenções de consumo demonstram que os shoppings vêm gradativamente ganhando espaço sobre o Centro. Na última pesquisa, que avalia a predisposição de consumo para o Natal, por exemplo, os shoppings alcançaram 44,5% da preferência, enquanto o Centro apareceu com 40,1% da indicação dos consumidores ludovicenses”, informa Arteiro.

O presidente da Fecomércio afirma também que a entidade acompanha as discussões sobre esse projeto, mas vê com preocupação os constantes atrasos do início das obras. “Conforme negociado com o Iphan, as obras ocorreriam quadra a quadra com o objetivo de minimizar os impactos para os lojistas, no entanto, chegamos a mais um período de fim de ano e não houve o início dessas intervenções”, afirma.

Outra entidade que acompanha as negociações para o início das obras de reforma da Rua Grande é a Câmara de Dirigentes Lojistas de São Luís (CDL). O presidente da entidade, Fábio Ribeiro, destaca que a requalificação urbanística da Rua Grande é um antigo sonho dos lojistas e da população. “A área de comércio mais tradicional e importante de São Luís foi se deteriorando ao longo do tempo e as consequências estão gerando danos à economia, à atividade empresarial e até na relação com o consumidor, que não tem uma infraestrutura adequada para fazer suas compras”, aponta.

Outras áreas

A CDL também defende que a revitalização da Rua Grande é fundamental para recuperar a vocação econômica daquela área, favorecendo o turismo, as atividades culturais e o bem-estar social.

“Quando a proposta de reforma ainda estava sendo idealizada, a CDL foi convidada pelo Iphan a integrar um comitê de acompanhamento do processo, e para atuar como interlocutora junto às empresas situadas na Rua Grande e adjacências. Nessa ocasião, o projeto da reforma foi apresentado detalhadamente e a classe empresarial pôde fazer questionamentos e dar suas sugestões para que a reforma potencialize a forte atividade comercial que existe naquela área”, informa Fábio Ribeiro.

De acordo com o Iphan, a ação de Requalificação da Rua Grande está em execução a partir de processo de contratação integrada (RDCi) de projetos e obra e a intervenção física na Rua Grande deverá ser iniciada no primeiro semestre de 2017, com previsão de duração de aproximadamente 18 meses.

As obras de requalificação urbanística da Rua Grande incluem ainda as praças Deodoro, Pantheon e suas alamedas (avenidas Silva Maia e Gomes de Castro). Para as obras de requalificação urbana da Praça Deodoro e adjacências, foram feitas diversas pesquisas históricas para que a área retome ao máximo suas características originais. A Praça Deodoro fica em uma área conhecida antigamente como Campo do Ourique que ia até a Rua de Santaninha. Naquela área ficava o antigo quartel da cidade que foi demolido para construção do Liceu Maranhense. Depois, toda a região foi sendo ocupada por diversos prédios, como a Biblioteca Pública e outros.

Obra

O projeto urbanístico da obra é assinado por dois arquitetos pernambucanos e inclui o nivelamento total da via, que não terá mais calçadas, mas um piso todo em granito de altíssima resistência, drenagem profunda, rede de esgotamento sanitário, a fiação elétrica e telefônica será toda embutida, pois causam uma série de problemas à Rua Grande. O principal deles é o comprometimento da aparência estética do conjunto de casarões da via. Além disso, em caso de queda, a fiação pode deixar toda a rua sem energia elétrica.

Também serão instalados postes de iluminação e equipamentos urbanos (lixeiras, jardineiras, bancos, iluminação artística, acessibilidade, sinalização e outros) colocados em pontos estratégicos para não comprometer a visão das fachadas que ainda preservam as características arquitetônicas originais. Os equipamentos serão instalados de modo a permitir que em caso de emergências, ambulâncias e outros veículos do tipo possam se deslocar com facilidade.

Também será feita a acessibilidade total dos cruzamentos da Rua Grande para garantir a mobilidade urbana. Todas as transversais da rua receberão serviços em um trecho de até 5 metros para que seja feito o nivelamento e assim crianças, idosos, cadeirantes e outras pessoas com dificuldades de locomoção possam acessar a Rua Grande em segurança. Por causa disso, os serviços de carga e descarga e de coleta do lixo terão de ser feitos por veículos menores e pelas transversais. A obra inclui ainda o monitoramento eletrônico 24 horas de toda a via.

Por causa dos trabalhos de drenagem profunda que serão feitos, a obra deve começar no sentido do antigo Cine Passeio para a Praça João Lisboa. Assim, a quadra inicial que será reformada compreende o trecho que vai do Palacete Gentil Braga às Lojas Americanas. À medida que os trabalhos de uma quadra forem finalizados, a empresa começa os trabalhos da quadra seguinte e assim até que se chegue à última quadra, na altura da Praça João Lisboa.

Mais

A reforma da Rua Grande é uma das 44 obras que serão executadas em São Luís pelo com recursos do PAC Cidades Históricas, que são de R$ 130 milhões. A primeira obra a ser entregue foi a da requalificação urbana da Praça da Alegria, no Centro. Também já foi entregue a restauração das fachadas do Sobrado dos Belfort, nº 37 (antigo Hotel Ribamar), na Praça João Lisboa, em janeiro de 2015. As demais obras em execução são a restauração do Palácio Cristo Rei, no Largo dos Amores, também no centro; a restauração do Sobrado 341, na Rua da Estrela, Praia Grande, onde funcionará o anexo do curso de História da Universidade Estadual do Maranhão (Uema); restauração do Sobrado 286, também na Rua da Estrela, onde funcionará a sede da Fundação de Amparo à Pesquisa e ao Desenvolvimento Científico e Tecnológico do Maranhão (Fapema) e a restauração do Palácio das Lágrimas, na Rua da Paz, centro, onde será implantado o Museu da Ciência.

Número

R$ 28.589.157,91 foi o valor estimando pelo Iphan em 2015 para a execução das obras

“Nossa expectativa é que em 2017 possa se concretizar essa obra tão esperada pelos empresários de São Luís, o que dará uma nova vida econômica para o nosso Centro”, José Arteiro da Silva, presidente Fecomércio

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