Sem moradia

Palafitas que ficavam em área imprópria são retiradas

Atividade de ontem foi desenvolvida em conjunto pela Secretaria das Cidades e Blitz Urbana. Moradores alegaram não terem sido notificados à tempo para procurar um novo local. Ação contou com a participação de mais de 200 policiais

Atualizada em 11/10/2022 às 12h43

Era por volta de 6h de ontem, quando as primeiras guarnições da Polícia Militar (PM) se posicionaram próximo às diversas palafitas construídas no bairro da Liberdade, às margens da Avenida IV Centenário, em São Luís. A situação despertou a apreensão das pessoas que lá moravam. O susto foi maior quando uma retroescavadeira começou a derrubar os casebres erguidos na região.

Tratava-se de mais uma operação de retirada de palafitas que foram erguidas em uma área inapropriada e de maneira irregular. A ação foi realizada em conjunto pela Secretaria Estadual das Cidades e Desenvolvimento Urbano (Secid) e Blitz Urbana, órgão da Prefeitura de São Luís ligado à Secretaria Municipal de Urbanismo e Habitação (Semurh). Mais de 200 homens da PM deram suporte à atividade.

Derrubada
Os moradores alegaram que não haviam sido notificados a tempo para procurarem outro espaço para morar e foram surpreendidos com a derrubada das palafitas. Já os representantes do Governo do Estado e Prefeitura afirmaram que todos já haviam sido notificados e, inclusive, recebiam aluguel social para que pudessem encontrar outras moradias, portanto, não deveriam permanecer na área.

Enquanto as duas partes envolvidas no conflito tentavam resolver o impasse, a retroescavadeira ia avançando sobre as palafitas, derrubando o que estava pela frente. Os moradores apenas tiveram tempo de tirar seus poucos pertences e bens materiais e jogá-los na rua. Caso contrário, também seriam destruídos da mesma forma como aconteceu ontem com as 56 palafitas que foram ao chão.

Uma das vias da Avenida IV Centenário, no sentido Camboa/Alemanha, teve de ser interditada. As pessoas que trafegavam pelo sentido contrário se espantavam com a quantidade de policiais que estavam presentes no local. “São 250 policiais do 9º Batalhão, da Tropa de Choque, da Cavalaria e do Batalhão Tiradentes”, disse o coronel Honório, comandante do 9º BPM, que afirmou ainda que os militares estavam no local para dar suporte à operação e seriam acionados em caso de alguma eventualidade.

A operação chamou a atenção de muitas pessoas que moravam nas proximidades. Os donos das palafitas, sem terem mais o que fazer, apenas observavam atônitos a derrubada dos casebres. Outros, cujos casebres já haviam sido derrubados, apenas embrulhavam seus pertences, colocando-os no caminhão de mudança, em busca de um novo local para morar.

Moradia
A autônoma Larissa da Silva, de 19 anos, morava há cerca de três anos em uma palafita construída por ela e sua irmã. Antes de viver no local, ela contou que morava em outra palafita que também construíram na Camboa, bairro vizinho, mas que foi destruída em uma operação semelhante.

Ela alegou ainda que, mesmo recebendo o aluguel social, o dinheiro apenas foi depositado ontem e, após terem sido notificados há cerca de três semanas, ela reclamou de falta de tempo hábil para fazer a mudança. “Agora tenho de dar o meu jeito”, disse a moradora, sentada diante de seus objetos pessoais, como cama, fogão e televisor, enquanto observava, mais ao fundo, a palafita que construiu sendo demolida pela retroescavadeira.

Vamos minimizar o déficit habitacional e fazer o reassentamento das famílias”Flávia Alexandrina, titular da Secid

De acordo com Flávia Alexandrina, titular da Secid, o órgão estadual acompanha permanentemente a situação das famílias e as assiste no que é necessário, disponibilizando, por exemplo, o valor do aluguel social.

Sobre a notificação, a secretária frisou que todas as famílias já estavam cientes do processo e que foi dado o tempo necessário para que elas procurassem outros locais. “A Blitz Urbana esteve aqui no dia 18 de novembro e antes dela vir aqui entregar as notificações nós já estávamos em contato com essa comunidade e eles receberam a notificação no prazo regulamentar. Estamos cumprindo esse prazo e todos já receberam aluguel social”, destacou.

Ainda segundo ela, esse aluguel é de R$ 500,00, pago todos os meses com recursos do Governo do Estado.“A partir do momento que pagamos o aluguel social, a responsabilidade de encontrar uma nova moradia em local com condições passa a ser das famílias”, frisou.

A secretária disse também que as famílias receberão as chaves dos apartamentos para onde serão reassentadas. As obras para a construção do novo residencial foram iniciadas em setembro, com recursos do Programa Minha Casa, Minha Vida e a previsão é de que estejam prontos em setembro de 2018. A partir de então, as famílias deixarão de ser contempladas com o aluguel social.

Local de derrubada faz parte de projeto de urbanização

A retirada das palafitas faz parte do projeto de continuidade das obras do PAC Rio Anil. No local, onde aconteceu a derrubada na manhã de ontem será feita uma urbanização no entorno de um canal de drenagem.

No local, serão construídos equipamentos de lazer, posto de saúde, escola e também uma estação elevatória que faz parte os serviços de esgotamento sanitário da Companhia de Saneamento Ambiental do Maranhão (Caema).

No espaço, onde meses atrás aconteceu uma operação semelhante, no bairro da Camboa, a empresa já iniciou os serviços de urbanização.

Nessas atividades também está inclusa a conclusão da Avenida IV Centenário. De acordo com a secretária Flávia Alexandrina, no momento estão sendo finalizados os guarda-corpos e calçadas e a previsão é que todos os serviços estão prontos em fevereiro de 2017.

derrubada de casebres

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