Editorial

Black Friday da crise

Atualizada em 11/10/2022 às 12h43

Depois de amargar o segundo ano consecutivo de queda nas vendas, o comércio brasileiro “respirou” com a sexta edição da Black Friday, que este ano foi realizada na última sexta-feira e cujos números preliminares foram divulgados ontem. Ao oferecerem descontos médios de 40% - que em alguns casos pontuais chegaram a até 80% -, os lojistas do comércio eletrônico, por exemplo, elevaram em 17% seu faturamento em relação a igual período do ano passado.

O varejo de lojas físicas também comemora boas vendas, principalmente os supermercados. Na Black Friday da crise, o brasileiro foi gastar dinheiro no supermercado para fazer a compra do mês. Aproveitou ofertas com itens de uso diário, como cervejas, alimentos industrializados e artigos de limpeza. Observou-se também que, nos supermercados, houve ofertas mais agressivas do que nas lojas on-line, com corte de até 50% no preço de cervejas, por exemplo.

De uma forma ou de outra, a Black Friday a cada ano se consolida como um antídoto contra a crise, o que explica a adesão cada vez maior dos comerciantes.

O dia dedicado exclusivamente a promoções - tradição importada dos Estados Unidos - subverteu o calendário nacional das datas de maior sucesso de vendas. Desde 2014, a Black Friday ocupa o primeiro lugar, passando à frente do Natal e do Dia das Mães. Na sexta-feira passada, em média, vendeu-se de 12 a 15 vezes mais do que em um dia comum.

É por essa razão que as empresas do varejo, tanto físico quanto on-line, empenham suas maiores ações promocionais para esses dias do final de novembro, e não mais nas semanas que antecedem o 25 de dezembro.

Segundo levantamento da BigData Corp., a esmagadora maioria (95,6%) dos e-commerces brasileiros aderiu - no intervalo de quatro semanas pré-BlackFriday - à febre de promoções on-line da data comercial mais expressiva da internet. Entre os grandes do varejo on-line, com mais de 500 mil acessos por mês, a adesão foi de 100% na Black Friday. Entre os pequenos, com menos de 10 mil acessos mensais, ela chegou a 85,79%.

Entre as categorias com os maiores descontos, destaque para os eletroeletrônicos (39,23%), seguidos por roupas e acessórios (38,62%), casa e decoração (37,89%), turismo (36,44%) e cosméticos (34,11%). Entre os itens mais procurados nas lojas on-line estão os smartphones, televisores, notebooks e eletrodomésticos.

O bom resultado deste ano foi também impulsionado por um crescimento das vendas por celular ou tablet, que representaram quase uma a cada cinco compras no e-commerce no período. Foram 19,8% das compras por aplicativos móveis nesta Black Friday, ante um patamar de 8,7% em 2015 e de 6,8% em 2014.

Muitos consumidores aproveitaram para antecipar algumas compras de Natal, já que as promoções foram ainda maiores do que em 2015. Duas semanas antes da Black Friday, os descontos deste ano bateram em 14,73% (contra 6,69% no ano passado); uma semana antes da data, os descontos avançaram para 22,67% este ano (contra 17,29% em 2015); e na Black Friday propriamente dita, os descontos atingiram o pico de 35,27% este ano (contra 30,86% em 2015), segundo dados da BigData Corp.

No geral, o êxito da Black Friday ocorre como resultado de uma fórmula atraente para os consumidores, com ofertas únicas, e para as empresas, que aproveitam a oportunidade para queimar estoques. Isto é especialmente importante em um ano no qual os produtos se acumularam nas prateleiras por conta da recessão econômica. A percepção é a de que o consumidor esperou pelos descontos, principalmente em artigos de maior valor, como eletrônicos e eletrodomésticos.

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