Semana do Bebê Quilombola

IV Semana do Bebê Quilombola movimenta Bequimão

Direito, sobrevivência e o desenvolvimento da criança são temas do evento

Atualizada em 11/10/2022 às 12h43

Bequimão - Até o dia 30 deste mês, o município de Bequimão sediará a IV Semana do Bebê Quilombola. O evento visa disseminar conhecimentos que contribuam para o melhor entendimento da primeira infância, pelos pais, mães, cuidadores e demais moradores das comunidades remanescentes de quilombos envolvidas.

Criada em Bequimão, por meio de lei municipal, a semana é voltada ao atendimento de crianças até 6 anos, para a promoção da melhoria das condições de vida das crianças e respectivas famílias.

A semana do bebê quilombola vem sendo realizada desde 2013 e é motivada pelo número expressivo de crianças negras vivendo em situação de vulnerabilidade social em localidades remanescentes de quilombos existentes no entorno do município.

A ideia principal é a de deflagrar um processo de sensibilização e mobilização para estimular gestores públicos, lideranças comunitárias, famílias e sociedade em geral a considerar a necessidade do bem estar, do pleno desenvolvimento físico e cognitivo, da formação de competências sociais, emocionais e de comunicação da criança negra rural quilombola.

Foco

Este ano, o evento tem também um foco específico na paternidade e nas atividades voltadas ao empoderamento dos jovens participantes. A proposta é prepara-los para o protagonismo dentro de suas comunidades e perante a sociedade de forma geral. Serão inseridas ainda na programação do evento atividades de raciocínio lógico, matemática (jogos como dama e dominó) e leitura.

No último ano, cerca de 2 mil pessoas participaram (direta e indiretamente) das atividades desenvolvidas durante a Semana no município de Bequimão. Onze (11) comunidades quilombolas desenvolveram atividades integradas ao evento.

Neste ano, as comunidades quilombolas Juraraitá, Ramal Quindíua, Santa Rita, Mafra, Ariquipá, Marajá, Rio Grande, Sibéria, Pericumã, Conceição e Sassuí são contempladas com o projeto.

FJMontello

A Fundação Josué Montello (FJ Montello) tem papel primordial na concepção e realização da semana, articulando parcerias, fomentando e orientado tecnicamente as propostas de atividades, através de uma tecnologia social (modelo) desenvolvida pela instituição que busca a transformação da realidade das comunidades envolvidas para a melhoria da qualidade de vida de sua população.

A FJ Montello desenvolve, ainda, dentro da semana a atividade Cantinho do Bebê, já realizada em edições anteriores com expressivos resultados e que dão ênfase aos cuidados à crianças na chamada primeiríssima infância (até 3 anos).

Histórico

A relevância da Semana do Bebê Quilombola é a estratégia de mobilização da sociedade para questões relacionadas com a responsabilidade de todos, nos cuidados com as crianças. É a oportunidade para consolidar conhecimentos que contribuam para a melhoria da prática dos gestores e a qualificação da atuação das famílias alinhada com conceitos educacionais atuais.

As famílias que vivem nas comunidades remanescentes de quilombos enfrentam condições precárias diante da menor expectativa de vida, das maiores taxas de mortalidade e do maior risco de adoecer e morrer por doenças evitáveis.

As crianças negras quilombolas estão expostas a múltiplos fatores de risco, incluindo o ambiente de pobreza, desnutrição, desigualdades sociais (evidenciadas na educação, renda familiar e esperança de vida), negligência, abuso, discriminação, isolamento das comunidades, especificidades culturais, racismo presente em nossa cultura e sociedade, além da dificuldade de acesso às políticas públicas.

Para os coordenadores do evento, a resposta foi a construção de uma estratégia, de caráter experimental e inovadora, que contribuísse para o tema da primeira infância centrado no pressuposto que a criança é uma pessoa em desenvolvimento e sujeito de direitos.

Saiba mais

Pesquisa aponta comunidades quilombolas

De acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), no estado do Maranhão, 76,2% dos habitantes se autodeclaram pardos ou pretos (negros) e 38,5% encontram-se na zona rural. Segundo registros, foram identificadas 912 (novecentos e doze) comunidades remanescentes de quilombos.

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