Lava Jato

PGR pede arquivamento de investigação contra Roseana Sarney

Em manifestação encaminhada ao STF, Rodrigo Janot diz que apesar do esforço investigatório, não foram encontrados indícios de participação da ex-governadora em esquema de propina

Gilberto Léda

Atualizada em 11/10/2022 às 12h43
Roseana não tem qualquer implicação com a Lava Jato, admite MPF
Roseana não tem qualquer implicação com a Lava Jato, admite MPF (Roseana Sarney livre da Lava Jato)

A Procuradoria-Geral da República (PGR) pediu nesta semana que o ministro Teori Zavascki, do Supremo Tribunal Federal (STF), arquive o inquérito aberto para apurar suposta participação da ex-governadora Roseana Sarney (PMDB) no escândalo de desvio de recursos da Petrobras, investigado pela Polícia Federal na Operação Lava Jato.

A manifestação é assinada pelo procurador-geral da República, Rodrigo Janot, que apontou não ter vislumbrado “substrato probatório” suficiente a apontar qualquer crime cometido por parte da peemedebista, “a despeito do esforço investigativo empreendido”.

Roseana começou a ser investigada depois de o ex-diretor de Abastecimento da estatal, Paulo Roberto Costa – primeiro delator do esquema –, afirmar que “reuniu-se pessoalmente com Roseana em 2010 para tratar de propina”.

Num dos depoimentos, o delator declarou que teria tido “um monólogo” com a então governadora e que havia mandado entregar R$ 2 milhões para campanha eleitoral de 2010 no Maranhão.

O valor, disse ele, teria sido pago em espécie, a pedido de Roseana, através do doleiro Alberto Youssef, preso em São Luís em maio de 2013 e também investigado na Operação Lava Jato. Ele negou que houvesse feito qualquer entrega.

O ex-diretor não indicou de maneira específica o contrato do qual saíram os valores. Segundo ele, existia uma espécie de caixa de propina, administrada por Youssef, de onde o dinheiro supostamente entregue à ex-governadora teria sido retirado.

Segundo Janot, no entanto, as meras declarações de Costa – sem comprovação fática – não servem para a propositura de ação penal ou para a continuidade das investigações.

“A aludida afirmação [de entrega de R$ 2 milhões em propina], por si só, não se mostra suficiente para comprovar a prática de delitos criminais por parte das pessoas referenciadas pelo colaborador, havendo necessidade de elementos de corroboração […]. Sucede que năo foram colhidos elementos probatórios ao longo da instrução procedimental aptos a corroborar as declarações do colaborador Paulo Roberto Costa”, destacou o procurador, antes de requerer o arquivamento.

Durante as investigações, Roseana Sarney, assim que foi citada, estava com a família fora do Brasil e retornou para colaborar com a polícia federal e com o Ministério Público Federal.

Roseana ofereceu a quebra dos sigilos bancário e telefônico, sempre se colocando à disposição da Justiça.

A Polícia Federal já havia pedido, por duas vezes, o arquivamento do processo considerando que não havia mais o que ser investigado.

Agora, o inquérito segue para o despacho do Ministro Teori Zavaskci.

Arquivamento resgata a verdade, avalia advogado

Em entrevista a O Estado, o advogado Antônio Carlos de Almeida Castro, o Kakay, que representa a ex-governadora Roseana Sarney (PMDB) no caso, avaliou que o pedido de arquivamento feito pelo procurador-geral da República, Rodrigo Janot, deve ser imediatamente aceito pelo ministro Teori Zavascki, relator do processo da Lava Jato no Supremo Tribunal Federal (STF).

Para ele, a manifestação pelo encerramento do caso em relação à peemedebista “resgata a verdade”.

“Esse arquivamento, embora tardio, resgata, nesse ponto de vista, a verdade. Para Roseana que ficou sendo investigada desnecessariamente, é uma vitória. Este era o único inquérito em que Roseana era investigada. Embora a demora nas investigações tenha causado um enorme prejuízo pessoal e político, para Roseana a Lava-Jato é uma página do passado”, declarou.

Kakay apontou, ainda, que a demora nas investigações – foram aproximadamente dois anos de diligências e apurações -, expôs Roseana a “constrangimento desnecessário”, principalmente após a confirmação de que o delator Paulo Roberto Costa mentiu sobre a suposta propina de R$ 2 milhões.

“Foi um período de 2 anos de investigações e com várias diligências expondo Roseana a um constrangimento desnecessário. Nada foi provado porque era uma mentira deslavada do delator [Paulo Roberto Costa]”, completou.

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