GEORGE VIDOR

Dramático

Atualizada em 11/10/2022 às 12h43

É muito triste, mas a dura e dramática realidade é que a folha de pagamentos dos servidores (ativos, inativos e pensionistas) não cabe mais no que o Estado do Rio consegue arrecadar. Uma situação como essa não pode passar em branco, e o difícil é discuti-la a fundo no clima beligerante que envolve a situação financeira do estado. Não é de hoje que a folha ultrapassou o chamado patamar prudencial. No entanto, o uso inadequado dos royalties do petróleo, de maneira permanente, camuflou o problema.
Pela legislação, os royalties não podem ser destinados a gastos correntes, como pagamento de servidores, compra de esparadrapo, giz, combustível etc. Como é recomendado para esse tipo de receita, finita, e que merece ser usufruída também por gerações futuras, royalties e participações especiais na produção de petróleo devem se destinar a investimentos. Mas há uma brecha na legislação: royalties podem servir também para pagamento de dívidas, pois isso permite ao estado contrair novos financiamentos e realizar investimentos, como ocorreu com o empréstimo para a construção da Linha 4 do metrô.
Podem ainda capitalizar o fundo previdenciário que é formalmente responsável pelo pagamento de inativos e pensionistas. "Capitalizar" é um eufemismo, nesse caso, pois o dinheiro entrava por um lado e saía quase que imediatamente para cobrir a folha de pensões e aposentadorias. Esse mecanismo deixou o estado, contabilmente, em uma situação confortável quanto ao cumprimento da Lei de Responsabilidade Fiscal, que estabelece percentuais máximos de comprometimento da receita líquida disponível (já descontados as transferências obrigatórias aos municípios) com a folha dos servidores. Os elevados preços do petróleo, na faixa de US$ 100 por barril, deram uma folga financeira ao estado. Mas o preço caiu à metade, e a produção se estagnou em face da crise da Petrobras. Resultado: o governo estadual passou a destinar cada vez mais recursos de suas demais receitas para cobrir o rombo do fundo previdenciário.

O Estado do Rio tem uma situação financeira que lembra a Grécia. A folha de pagamento não cabe na arrecadação

Agora não dá mais para pagar a folha dos servidores ativos, cobrir o rombo do fundo, saldar as dívidas e manter a máquina funcionando, tudo ao mesmo tempo. O cobertor ficou curto. Mesmo que a situação melhore, o estado levará anos para pôr em dia as contas atrasadas.
O estado carrega um desperdício crônico nos seus gastos correntes. A corrupção também agravou esse desperdício. Todavia, o tamanho da folha é tão grande que, mesmo deixando de pagar as demais despesas, não sobra o suficiente para pagar o funcionalismo. A data de pagamento anda para a frente porque o estado avança sobre receitas que teoricamente serviriam para o mês seguinte. Um quadro dramático. Daí que a solução de curto prazo caminha para uma saída tipo Grécia: corte de benefícios (que lá chegou a 40% do valor das aposentadorias, em alguns casos), aumento de contribuição previdenciária e qualquer outra coisa possível para diminuir a folha. O funcionalismo está inconformado e se pergunta: por que não foram tomadas providências antes? A gravidade da crise da economia brasileira surpreendeu a todos, é verdade. Mas há décadas a situação financeira do Estado do Rio é ruim. Aumentar impostos será um tiro no pé. A carga tributária do estado já é uma das mais altas entre os entes federativos. Empresas baterão em retirada, com perda de empregos e, no fim das contas, queda de arrecadação.


Azeitado
O Brasil é o quarto importador mundial de azeites. Em 2008, pela primeira vez foram produzidos 20 litros de azeite no Sul de Minas. Na safra deste ano, a produção atingiu 52 toneladas, predominantemente no Rio Grande do Sul, que segue a trilha do vizinho Uruguai. Ainda que iniciante, o Brasil é um dos países onde a produção mais cresce. E trata-se de um azeite de boa qualidade.
O azeite é um dos alimentos mais fraudados no comércio mundial. Por isso, atenção ao escolher o produto, alerta Marcelo Scofano, especialista que ensina tudo sobre azeite aos alunos de gastronomia do Senac-RJ e consultor de uma rede de supermercados carioca. Os apreciadores de azeite geralmente se preocupam mais com o teor de acidez, mas, segundo Scofano, isso nem sempre é o mais importante. O azeite, diferentemente do vinho, envelhece mal. O ideal é consumi-lo o mais perto possível da safra de oliva. No caso do Brasil, a colheita termina em março. Considerando-se o tempo de envase e distribuição, agora seria a época de consumir o jovem azeite brasileiro.
A data de envasamento quase sempre aparece no rótulo, embora em muitos casos não haja qualquer referência à safra. Em um país tropical, depois de aberto, o azeite deve ser consumido em 50 dias. Ou seja, de nada de poupar uma garrafa aberta de azeite só porque ele é bom.
Conhece-se um bom azeite tanto pelo sabor como pelo aroma. Fraudado ou velho, o gosto de outros óleos vegetais sobressai. Azeites frutados, que têm um leve sabor picante e até um certo amargor, costumam ser os melhores.
Antes condenado, o azeite aparece cada vez mais como um alimento saudável, que ajuda a emagrecer e a baixar a glicemia no sangue. Como tudo na vida, em excesso é que causa problemas à saúde. Então, aproveitem.

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