Em Berlim

Obama diz esperar que Trump enfrente a Rússia, se necessário

Em entrevista coletiva em Berlim, p presidente americano ainda disse que espera que o seu sucessor "faça frente" à Rússia em caso de necessidade e que procure a todo custo um compromisso com Moscou; Obama que o país rival é um superpoder militar

Atualizada em 11/10/2022 às 12h43
Presidente Obama cumprimenta a chanceler Merkel na Alemanha
Presidente Obama cumprimenta a chanceler Merkel na Alemanha ( Presidente Obama cumprimenta a chanceler Merkel em visita à Alemanha)

Berlim - O presidente dos EUA, Barack Obama, disse ontem esperar que seu sucessor eleito, Donald Trump, esteja disposto a "enfrentar a Rússia quando ela desviar dos nossos valores e de normas internacionais".

Obama participava de uma coletiva de imprensa em Berlim ao lado da chanceler alemã, Angela Merkel, sua principal aliada europeia. Eles haviam discutido, durante o dia, possíveis sanções econômicas à Rússia devido à anexação da Crimeia em 2014 e aos constantes bombardeios na Síria.

Obama afirmou que o país rival "é um superpoder militar" com influência ao redor do mundo. "É do nosso interesse trabalhar com a Rússia para resolvermos diversos grandes problemas", disse.

O presidente americano e a chanceler se reuniram em Berlim, na última viagem internacional de Obama, para estreitar seus laços e discutir as relações entre os Estados Unidos e a União Europeia.

Obama disse a repórteres que Merkel foi uma "parceira extraordinária" nos últimos anos e que, caso fosse alemão, apoiaria a chanceler.

Esteve em pauta durante sua reunião, além da Rússia, o combate à organização terrorista Estado Islâmico e um acordo de livre comércio.

Eles devem se encontrar na sexta-feira (18) com a premiê britânica, Theresa May, o premiê espanhol, Mariano Rajoy, o premiê italiano, Matteo Renzi, e o presidente francês, François Hollande.

Bastão

Obama entregará seu cargo a Trump em janeiro. Seu legado e projeto, porém, devem ser transferidos à chanceler Merkel, vista como sucessora do presidente americano na liderança de um projeto político específico.

Merkel é considerada por Obama como sua aliada mais próxima. O jornal americano "New York Times" diz da alemã que pode ser a "última defensora dos valores liberais do ocidente". A revista "Foreign Policy" considera ela guardiã das instituições que formam a ordem mundial desses últimos 70 anos.

As expectativas são altas. Depois de 11 anos no poder, espera-se agora que Merkel busque um quarto mandato nas eleições previstas para o ano que vem — apesar de sua popularidade estar em queda devido a sua política de acolhimento de refugiados.

Em visita a Berlim, o premiê francês, Manuel Valls, afirmou na quinta-feira que "a União Europeia está sob risco de romper-se a não ser que a França e a Alemanha, em especial, trabalhem duro para estimular o crescimento e o emprego."

Divergências

Merkel e Trump têm estilos bastante distintos. Ele criticou a gestão da crise dos refugiados na Alemanha e afirmou que sua rival democrata, Hillary Clinton, era um tipo de "Merkel dos Estados Unidos".

A chanceler alemã se distingue, também, de outros líderes em ascenso na Europa, como a francesa Marine Le Pen. Merkel enfrenta, ademais, a extrema-direita em seu próprio país, o partido AfD (Alternativa para a Alemanha).

São diversas as divergências entre Merkel e Trump. Merkel defende, por exemplo, a Otan (aliança militar ocidental). Trump exige maior participação da Europa no orçamento do tratado e questiona o dever de os EUA defenderem outro país no caso de um ataque russo.

Trump também não vê com simpatia o tratado de comércio entre EUA e Europa (chamado TTIP), defendido nesta semana por Obama e Merkel em um artigo publicado em uma revista alemã.

Durante a coletiva de imprensa com Obama, Merkel afirmou que o tratado "não será concluído agora", depois da eleição de Trump.

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