Questão de aritmética

Atualizada em 11/10/2022 às 12h44

Talvez seja necessário repetir mil vezes a frase "em economia não há almoço grátis" para se entender por que o Brasil precisa estancar o desequilíbrio das finanças públicas. O déficit transforma a dívida pública em uma bola de neve que inviabiliza a recuperação da economia no presente e pode comprometer o futuro de duas gerações. A História está cravada de exemplos que mostram isso, desde os tempos das grandes navegações.
A defesa do desequilíbrio orçamentário como política anticíclica - como a que Lula e Dilma executaram a partir de 2008 - se deve a uma interpretação equivocada da teoria geral de lorde Keynes, pensador inglês, falecido em 1946, que ainda exerce forte influência sobre várias correntes de economistas. Na análise de Keynes, obras e gastos públicos eram bem-vindas em economias mergulhadas numa depressão aguda e com preços despencando, com consumidores se retraindo à espera de que seu dinheiro valorizasse mais a cada dia. Tratava-se de um remédio temporário. E o diagnóstico teria sido importante para salvar os Estados Unidos na década de 1930.
As crises mais recentes em economias com a do Brasil combinam recessão e/ou estagnação com inflação. E das primeiras décadas do século XX para cá houve uma mudança substancial no peso do Estado, que se multiplicou por cinco na média das principais economias - incluindo a dos EUA - de modo que os desequilíbrios orçamentários hoje fazem muito mais estragos que no passado. A poupança disponível para financiar investimentos capazes de tornar a economia mais dinâmica e eficiente, com benefícios para todos, acaba apenas tapando buracos financeiros do Estado. Rombos improdutivos que, por isso mesmo, atravancam o desenvolvimento, em vez de impulsioná-lo. Alimentam um consumo fugaz, sem sustentação. O problema do déficit público no Brasil é, na verdade, uma questão simples de aritmética. Felizmente o governo e o Congresso compreenderam isso. Aprenderam a fazer conta.

Ressacas da crise
Estudo da PwC, uma das maiores empresas de consultoria e auditoria externa, mostra como a economia mundial ainda sofre uma ressaca da crise financeira. Comparando-se dados atuais com os de 2008, a renda média por habitante em sete (Irlanda, Canadá, Estados Unidos, Grã-Bretanha, Alemanha, França e Holanda) dos doze países pesquisados não voltou ao mesmo patamar pré-crise.
Japão, Portugal, Espanha, Itália e Grécia recuperaram esse patamar, mas isso se deve a uma redução da população, pois em algumas dessas economias a queda registrada no Produto Interno Bruto foi brutal. A desigualdade também aumentou. Estados Unidos estão com a maior desigualdade - medida pelo coeficiente de Gini, o indicador usado para tal aferição - desde 1980. A desigualdade só diminuiu na Holanda e no Canadá.
O mesmo estudo da PwC prevê que a economia brasileira crescerá a um ritmo anual de 3%, em média, no período de 2017 a 2022. Acima da média dos países mais desenvolvidos.

Fez diferença
Muita gente tem habilidade culinária semelhante. Mas, nesse caso, o que fez a diferença foi o espírito empreendedor de Cláudia, filha de Dona Alzira Gonçalves, que ainda adolescente estimulou os pais a transformarem em negócio a receita de empada de camarão que a mãe executava divinamente. Assim, a partir de uma loja no bairro da Tijuca, em 1987, surgiu a Casa da Empada, hoje transformada em uma rede no Rio, líder no mercado carioca, com 24 franquias e mais quatro próprias.
Vender só empada de camarão não ia dar. O pai pediu então que a mulher buscasse uma receita igualmente saborosa para o frango. Atualmente são mais de vinte sabores (inclusive de empadas doces). A empada continua como carro-chefe, porém, a Casa teve de se adaptar aos tempos e passou a oferecer outros produtos, especialmente para os que se preocupam com o peso. Dona Alzira permanece em uma das lojas da Tijuca. Mas não adianta ir lá esperando por uma empada mais gostosa; da fábrica no bairro de Maria da Graça saem todos produtos que abastecem as lojas, a cada dois dias. A rede vende diariamente cerca de oito mil empadas.

Menos glamour
Sem uma Copa do Mundo, Jornada Mundial da Juventude ou Olimpíada pela frente, o Rio passará agora por uma fase menos glamorosa. Mas a equipe do alcaide que tomará posse em 1° de janeiro contará com uma infraestrutura invejável para atrair eventos de todos os vultos para qualquer parte da cidade. Somente na Barra da Tijuca a rede hoteleira conta agora com mais dez mil quartos. As arenas comportam públicos variados. O turismo, em todas as suas vertentes, precisa ser reconhecido como uma das forças motrizes da economia do Rio, e a prefeitura pode ajudar a compor uma agenda que seja capaz de movimentar a cidade o ano inteiro. Nesse sentido, pelo menos, muitos cariocas vão sentir saudades de Eduardo Paes.

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