Denúncia

“A saúde em São Luís só piorou”, diz Murad

Presidente do Conselho Regional de Medicina denuncia problemas nos Socorrões I e II, onde, segundo ele, até exames estão sem ser realizados

Leandro Santos / Da equipe de O Estado

Atualizada em 11/10/2022 às 12h44

“A saúde em São Luís piorou nesses últimos 10 anos”. A afirmação é do presidente do Conselho Regional de Medicina do Maranhão (CRM), Abdon Murad, que mais uma vez voltou a expor os problemas que atingem a saúde municipal.

Como exemplo, Murad mais uma vez citou a situação em que se encontra o Hospital Municipal Djalma Marques, o Socorrão I, localizado no centro da capital maranhense. Com exclusividade a O Estado, o presidente do conselho informou que, desde quinta-feira, dia 27, os serviços de raio-X, tomografia e ultrassonografia da unidade de saúde foram suspensos por falta de pagamento pela Prefeitura. Por causa disso, centenas de pacientes estão sendo prejudicados.

Na quinta-feira, dia 27, o diretor médico da Radimed Radiognóstico Médico, empresa contratada pela Prefeitura de São Luís para a realização desses exames no Socorrão I, encaminhou um ofício para Abdon Murad relatando a falta de pagamento.

No documento, o diretor médico da empresa afirma que desde o mês de março a Prefeitura não paga os serviços prestados no que diz respeito aos exames de raio- X, tomografia e ultrassonografia. Devido aos oito meses de atraso no pagamento, esses serviços foram suspensos no Socorrão I até que a situação seja regularizada.

Situação semelhante também foi observada no ano passado, quando a empresa White Martins suspendeu o fornecimento de gás oxigênio para o Socorrão I, também por falta de pagamento. “Isso é um total desrespeito com a população”, ponderou o presidente do CRM.

Abdon Murad disse também que, atualmente, além do atraso no pagamento da empresa Radimed Radiognóstico Médico, os anestesistas do Socorrão I estão há sete meses com os salários atrasados, situação que vem causando a insatisfação da categoria.

Prejuízos

Murad atribuiu todas essas situações às deficiências da atual gestão municipal. “A administração da Prefeitura de São Luís e da Semus [Secretaria Municipal de Saúde] está prejudicando o funcionamento do Socorrão”, enfatizou.

Ele disse também que a Saúde como um todo na capital maranhense vem piorando gradativamente ao longo dos últimos 10 anos. Além das deficiências da gestão municipal, Murad também responsabilizou a falta de investimentos por parte dos governos pelo caos em que se encontra o setor da saúde em São Luís.

Ainda de acordo com o gestor, essa não é uma situação exclusiva da capital maranhense, mas de todo o Brasil, causado também pela falta de repasse da verba do Sistema Único de Saúde (SUS). Segundo ele, nos últimos cinco anos, cerca de 23 mil leitos de hospitais públicos, privados e filantrópicos, que eram custeados pelo SUS, foram fechados em todo o Brasil por casa da falta de condições em continuar atendendo os pacientes.

Além disso, houve uma migração de cerca de 1 milhão de pessoas dos planos de saúde para o SUS nos últimos anos por causa das demissões que aconteceram nas empresas, situação essa que levou esses trabalhadores a perderem os planos de saúde oferecidos por essas instituições. Com esse aumento na demanda, o atendimento oferecido pelo SUS ficou ainda mais comprometido.

“A saúde é uma reclamação nacional. São necessários mais investimentos e no Maranhão não é diferente. Há vários anos a tabela do SUS não é reajustada”, lamentou Abdon Murad, que também é provedor da Santa Casa de Misericórdia, unidade de saúde essa que está sendo penalizada com a falta de recursos. No local, diversos pacientes também estão nos leitos aguardando o momento de realizarem uma cirurgia.

Por fim, o presidente da CRM deixou claro que as denúncias relacionadas à saúde de São Luís não têm qualquer tipo de relação política. “Já fizemos vistorias nos Socorrões I e II e constatamos os problemas. Esse é um trabalho do conselho. A realizada de São Luís diz que são necessários mais investimentos para assistir a população e melhorar o trabalho dos profissionais de saúde”, frisou.

Posicionamento

Por meio de nota, a Semus informou que o equipamento de raio-X do Socorrão I está operando normalmente. Os serviços de ultrassonografia e tomografia apresentaram problemas técnicos na manhã de sexta-feira,28, mas já foram normalizados, sem prejuízos aos pacientes. Em relação ao fornecimento de oxigênio, está sendo feito pela empresa vencedora da licitação para a prestação desse serviço, não havendo contrato desta natureza com a White Martins.

Quanto aos investimentos na área, a secretaria informou que vem realizando um amplo programa de reestruturação da rede pública municipal de saúde, pelo qual 30 unidades de saúde já foram reformadas. Já os hospitais municipais, a exemplo do Hospital da Criança está em obras de ampliação dos serviços ofertados e no número de leitos. O hospital Socorrão I teve a UTI ampliada, permitindo o funcionamento de mais 10 leitos. O hospital possui cerca de 150 leitos de retaguarda. No Socorrao II foi construído um novo espaço para a Unidade de Terapia Intensiva (UTI), onde foram instalados 11 novos leitos.

Sobre o fornecimento de medicamentos na rede municipal, a Semus comunicou que realiza com frequência a compra do quantitativo necessário para suprir a demanda, obedecendo a relação de fármacos e insumos definida pelo Ministério da Saúde, em conformidade com o nível de atenção prestado por cada unidade. A secretaria esclareceu, ainda, que eventuais desabastecimentos podem ocorrer devido a atrasos na entrega ou distribuição.

Mais

Na quarta-feira, dia 24, Abdon Murad encaminhou para a Secretaria Municipal de Saúde (Semus) um ofício pedindo providência para uma série de irregularidades que foram constatadas nos Socorrões I e II. No documento, encaminhado à titular da Semus, Helena Duailibe, o presidente do CRM-MA afirmava que chegou ao conhecimento do conselho a precariedade na qual se encontravam essas duas unidades de saúde, com ausência de materiais básicos, cirúrgicos e até de higiene. No fim do oficio, Murad solicitava providências imediatas para as problemáticas apontadas nessas duas unidades de saúde.

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