Há cerca de um mês, o Governo do Estado divulgou um relatório das condições de balneabilidade das praias da Região Metropolitana de São Luís e que atestou que elas estão próprias para o banho. No entanto, o reflexo dessa situação não está sendo visto em bares espalhados pela orla, pois o público ainda não voltou a frequentar esses espaços como em anos anteriores, antes do anúncio da poluição das praias.

Desde quando foi feito o anúncio que diversos trechos das praias de São Luís estavam impróprios para o banho, no ano de 2012, os donos de bares e restaurante, principalmente aqueles localizados ao longo das praias da Ponta da Areia e São Marcos (que concentravam a maior parte desses pontos) amargaram queda no faturamento, uma vez que as pessoas deixaram de frequentar esses locais, pois já não tinham à seu dispor as praias.

A poluição afetou não apenas esses comerciantes, mas todo o setor turístico da cidade. Nos hotéis também foi registrada uma diminuição na quantidade de reservas, pois as praias poluídas não eram atrativos para turistas que desejavam conhecer a capital maranhense.

Vazios

Com o anúncio feito pelo Governo do Estado de que as praias já estão próprias para o banho novamente, os donos de estabelecimentos comerciais localizados às margens da Avenida Litorânea, por exemplo, esperavam não apenas o retorno do público como em épocas anteriores, mas também recuperar o faturamento perdido. Mas isso não está acontecendo.

Na manhã do dia 27, quinta-feira, O Estado conversou com funcionários de alguns bares localizados ao longo da Avenida Litorânea que reclamaram que o movimento ainda está abaixo do esperado. Mesmo nos fins de semana, quando aumenta o fluxo de pessoas na orla marítima, a movimentação de pessoas nos estabelecimentos comerciais ainda não está agradando.

Tânia Alves é funcionária de um bar da Litorânea e disse que o movimento no local ainda continua fraco e muitos clientes não acreditam que de fato houve a despoluição das praias.

Outra reclamação é com a infraestrutura do espaço, pois as dunas avançam por causa do vento e não há uma limpeza efetiva para retirar a areia principalmente do calçadão, trabalho esse que deveria ser realizado pela Prefeitura de São Luís.

“Os clientes nem sentam mais. Apenas os clientes antigos que ainda vem. É um grande prejuízo para os donos de bares e também para os funcionários”, disse. Ela afirmou também que há muito tempo a movimentação no local vem caindo gradativamente.

Elias Oliveira é proprietário de um restaurante na Avenida Litorânea e também sentiu a queda na movimentação com a poluição das praias. Após o anúncio de que elas estavam próprias para o banho, a movimentação em seu estabelecimento ainda não teve aumento significativo.

Para driblar a situação e chamar o público novamente, o empresário afirmou que faz promoções, oferecendo produtos mais baratos em comparação a outros estabelecimentos, e também já disponibilizou um outro espaço para que os seus clientes possam apreciar uma música, degustar os frutos do mar e assistir as partidas de futebol aos domingos. “Estamos criando as condições para que os clientes venham para o bar. Nessa época de crise, o importante é criar”, enfatizou.

Despoluição

De acordo com o Governo do Estado, após o trabalho de interceptação de esgotos feitos pela Companhia de Saneamento Ambiental do Maranhão (Caema), os laudos mostraram que todos os 21 pontos constantemente monitorados da orla marítima de São Luís pelo Laboratório de Análises Ambientais (LAA) apresentam condições próprias para banho.

No entanto, esse mesmo laudo que atesta as condições de banho das praias da Região Metropolitana foi colocado em xeque durante audiência realizada na Assembleia Legislativa realizada no dia 19 deste mês.

Durante o encontro coordenado pelo deputado estadual Adriano Sarney (PV), pesquisadores da Universidade Federal do Maranhão (UFMA) disseram que não é possível afirmar que a orla da Grande Ilha esteja limpa, pois os rios, por exemplo, que afluem para o mar (como o Bacanga e o Calhau), ain­da apresentam índices “acima da média” de coliformes fecais.

Segundo a professora do Núcleo de Geociências da UFMA, Ediléia Pereira, além do fato que comprova a elevação dos níveis de coliformes dos rios afluen­tes, seriam necessárias contraprovas para a eficácia dos laudos.

“A meu ver, não há como tecnicamente afirmar que, de um mês para o outro, a cidade que tinha apenas nove pontos liberados para banho, tenha no mês seguinte, 21 pontos próprios para o uso da população”, questionou na época a pesquisadora.

Contraprova

Ainda segundo ela, seriam necessárias contraprovas dos resultados das amostras das praias feitas por pessoas ligadas a instituições fora do Governo, como a UFMA, por exemplo. Sobre as contraprovas, o governo não se opôs à ideia e afirmou que tem interesse na promoção de novos testes, que devem ser feitos nas próximas semanas.

“Não há nenhuma objeção do governo. Pelo contrário. O nosso interesse é que tudo seja esclarecido. O nosso posicionamento é que a população pode ficar tranquila que as praias estão próprias para banho”, disse naquele dia a O Estado o secretário estadual do Meio Ambiente a O Estado, Marcelo Coelho.

Mais

Praias liberadas para banho

Ponta d’Areia

Ao lado do Forte Santo Antônio, em frente ao Edifício Herbene Regadas, atrás do Hotel Praia Mar e do Bar do Dodô; em frente à Praça de Apoio ao Banhista e em frente ao Hotel Brisa Mar.

São Marcos

Em frente aos bares Do Chef, Marlene’s até Barraca da Marcela e em frente ao Agrupamento Batalhão do Mar e do Ipem até o Bar Kalamazoo e Foz do Rio Calhau.

Calhau

À direita da elevatória II da Caema, em frente à Pousada Tambaú e do Bar Malibu.

Olho d’Água

À direita da Elevatória Iemanjá II e à direita da Elevatória Pimenta I

Praia do Meio

São José de Ribamar

Araçagi

São José de Ribamar

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