Lançamento

Orquestra Sinfônica Nacional lança CD

Fundada em 1961, na Rádio Nacional, orquestra de Niterói interpreta, em novo disco, obras inéditas de importantes compositores

Atualizada em 11/10/2022 às 12h44
Orquestra Sinfônica Nacional tem novo CD “Orquestra Sinfônica Nacional interpreta Compositores de Hoje”
Orquestra Sinfônica Nacional tem novo CD “Orquestra Sinfônica Nacional interpreta Compositores de Hoje” (orquestra sinfônica nacional)

RIO DE JANEIRO - Há projetos que nascem de oportunidades e outros que nascem simplesmente de uma enorme vontade de realizar junto. E esse projeto surgiu exatamente desta última forma: a compositora americana Rami Levin e o compositor e produtor carioca Sergio Roberto de Oliveira queriam realizar um CD juntos, além do desejo deste em sacramentar em disco a parceria com a Orquestra Sinfônica Nacional, bem como poder reunir outros nomes expoentes da composição erudita contemporânea. Assim, a Orquestra Sinfônica Nacional, integrada ao Centro de Artes da Universidade Federal Fluminense (Niterói – RJ), em parceria com a gravadora A Casa Discos, lança seu mais novo CD “Orquestra Sinfônica Nacional interpreta Compositores de Hoje”.

No repertório, um importante recorte da cena erudita, a partir de obras inéditas de compositores vivos e atuantes, como Marisa Rezende, Pauxy Gentil-Nunes e Alexandre Schubert, além dos próprios Sergio Roberto de Oliveira e Rami Levin. Tal cena, no Rio de Janeiro, vem sendo apresentada e divulgada através de diversas iniciativas de grupos de câmera, séries de concertos e eventos de grande porte, como o Festival Internacional Compositores de Hoje, evento anual idealizado e dirigido por Sergio Roberto de Oliveira, que neste ano chegou à sua 4º edição.

Com direção artística e regência do maestro Tobias Volkmann, o disco conta ainda com participações especiais dos solistas Cristiano Alves (clarinetista) e Aloysio Fagerlande (fagote). O CD abre com “Phoenix”, uma obra autobiográfica de Sergio Roberto de Oliveira, compositor e produtor por duas vezes indicado ao Grammy Latino em categorias de Música Clássica, que aborda as mortes e renascimentos na vida do autor. Composta e dedicada ao clarinetista Cristiano Alves e à própria orquestra, após uma introdução, a obra alterna momentos de júbilo, em quase 15 minutos de duração, que celebram o renascimento e os momentos difíceis do compositor.

Construída em dois momentos contrastantes, embora guardem similaridades, “Expressões”, da compositora Rami Levin, foi escrita em 2015, também dedicada à orquestra e começa com o primeiro movimento (“Refletivo”) caracterizando um ambiente de calma e reflexão. O acorde inicial revela-se lentamente nas cordas e flauta, nota por nota, sobre o tímpano leve ao fundo. Uma melodia aparece na flauta, acompanhada por acordes nos sopros e metais, e passada em seguida para o fagote. O mesmo acorde do início reaparece sob forma retrógrada na flauta e cordas. O movimento termina com uma retomada da melodia original na flauta acompanhada pelas cordas e tímpano, sempre preservando o ambiente inicial.

Já o segundo movimento (Efusivo) revela um estado de espírito que combina o resoluto e indócil ao audacioso, expressando determinação e destemor. Três motivos musicais são desenvolvidos de formas distintas durante o movimento. O primeiro é uma série de notas repetidas, inicialmente nos trompetes e percussão, depois nos sopros e cordas. O segundo consta de acordes revelados uma nota por vez (como no primeiro movimento), apresentados nos metais e sopros, e depois nas cordas. O terceiro, rítmico usando quiálteras de três, permeia todo o movimento. Efusivo abre energicamente apresentando sucessivamente os motivos. Após a uma seção mais leve com melodias nos sopros, a energia de início do movimento retorna, cresce, e a peça conclui-se com brilho atingindo seu ponto culminante.

Para orquestra de câmera, “Fragmentos”, da carioca e consagrada compositora e pianista Marisa Rezende – premiada neste ano com a medalha Villa-Lobos da Academia Brasileira de Música como reconhecimento por sua obra - é inspirada pela oposição entre o músico, em seu anseio por liberdade, e a orquestra, dominadora. Campos harmônicos distintos marcam seus pequenos trechos, expostos à expansões e retrações da massa sonora, pontuando também essa oposição.

Outro nome de relevo da cena contemporânea, Pauxy Gentil-Nunes dedica ao fagotista Aloysio Fagerlande sua composição. “Variações para fagote e orquestra”, escrita em 2014. Como o título indica, é uma coleção de variantes de uma estrutura fixa, composta por 12 sonoridades, que se apresentam em ordem inalterada por toda a obra e sem sofrer nenhum tipo de derivação. Este procedimento, aparentado da chacona e da passacaglia, tem sido usado desde 1985 em algumas peças como uma maneira de produzir superfícies e texturas variadas, em concepção rapsódica e eclética, porém conectadas por um princípio unificador forte, que se situa entre uma série e um sistema harmônico. A distribuição das texturas foi organizada de forma sistemática com o uso da Análise Particional, teoria analítica e composicional do mesmo autor.

Em “Jornada fantástica num trem de ferro”, Alexandre Schubert propõe uma viagem imaginária por meio da música, vista como uma metáfora de nossos sonhos, nos transportando a lugares e situações que fazem parte de nosso inconsciente. Divide-se em cinco movimentos. “Estrada de Ferro” descreve o nosso transporte, a máquina que se move em trilhos que dão a impressão de um único caminho possível: ir em frente. “Ermo” é um olhar para fora, para a vastidão da paisagem imaginária, que nos remete ao nosso interior. Nesse interior surge o “Jeca-Tatu”, a figura lúdica da simplicidade, da pureza de sentimentos e ações. Encontramos um “Santuário”, onde depositamos nossas esperanças, como oferendas, e desejamos estar em harmonia com o Cósmico. Surgem “Lembranças” que nos levarão de volta ao caminho para a “Metrópole”, ao burburinho da vida e à “Estação Final”.

Orquestra

A Orquestra Sinfônica Nacional nasceu em janeiro de 1961, pela assinatura do então presidente da República, Juscelino Kubitschek. A OSN era parte da Rádio MEC e atuou por muitos anos no sistema de radiofusão, desempenhando uma importante função social de divulgação da música brasileira de concerto. Em 1984, a orquestra foi integrada à Universidade Federal Fluminense, onde dá continuidade à sua missão de preservar e apresentar para o público obras de compositores nacionais e estrangeiros.

Em 2009, a OSN UFF deu início a uma nova fase. Sem deixar de lado seus objetivos principais, a orquestra optou por trabalhar com regentes convidados, além de solistas especializados nos mais variados instrumentos. Junto com os tradicionais concertos abertos ao público, a OSN UFF desenvolve também projetos como o Sons da Orquestra, voltado para formação de plateia, que se apresenta em escolas da rede pública com uma mistura de música e contação de histórias, e a série Rio, que visa ocupar espaços da música de concerto na cidade do Rio de Janeiro.

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