A Estação de Tratamento de Esgoto do Vinhais (ETE), entregue em agosto deste ano pelo Governo do Maranhão como uma das soluções para o saneamento básico da cidade, está operando atualmente com menos da metade de sua capacidade. A informação foi repassada a O Estado por um dos funcionários da parte técnica da unidade, que preferiu não ser identificado, subordinado diretamente à direção da Companhia de Saneamento Ambiental do Maranhão (Caema).

De acordo com o funcionário, o esgoto recebido pela ETE é devolvido à natureza com uma taxa de impureza superior a 50%. Segundo ele, para a operacionalização plena da estação, faltam pelo menos quatro reatores e o ozonizador (uma das estruturas responsáveis pela purificação dos resíduos recebidos dos bairros), que não funciona por falta de tubulações necessárias para o transporte dos dejetos.

Ainda segundo o funcionário da parte técnica da ETE, a obra foi entregue fora do prazo recomendado inclusive pela supervisão técnica da Caema. “Nós fizemos o alerta, inclusive, à direção da Caema que resolveu entregar a obra logo”, disse. Ele definiu ainda a entrega da ETE, fora do prazo, para atender, sem citar nomes, a “interesses políticos”.

O funcionário informou também que, quando estiver pronta, a ETE será uma das maiores do setor de toda a Região Nordeste e que recuperará a estrutura sanitária da cidade, contribuindo para a preservação das bacias hidrográficas e da orla da cidade. No entanto, ele ressaltou que a ETE somente deverá funcionar com sua capacidade plena a partir do próximo mês de dezembro. “Isto se não faltar dinheiro para as obras que faltam”, ressaltou.

Contestação

A ETE Vinhais é apontada pelo Governo do Maranhão como um dos fatores responsáveis pela condição de banho das praias de São Luís. De acordo com os laudos recentes da Secretaria Estadual do Meio Ambiente (Sema), todas as praias de São Luís estão próprias para banho.

Em contrapartida, a pesquisadora da Universidade Federal do Maranhão (UFMA) e representante do Núcleo de Geociências da instituição, Ediléia Pereira, contesta os laudos e disse que seriam necessárias contraprovas para a eficácia dos laudos. “A meu ver, não há como tecnicamente afirmar que, de um mês para o outro, a cidade que tinha apenas nove pontos liberados para banho, tenha no mês seguinte 21 pontos próprios para o uso da população”, questionou.

Procurado por O Estado, até o fechamento desta edição, o Governo do Maranhão não respondeu sobre o funcionamento da ETE Vinhais.

Mais

O Estado esteve na ETE, na tarde de sexta-feira (21) e verificou que técnicos da empresa contratada para a execução das obras de esgotamento sanitário da cidade estavam no local trabalhando. Caminhões e um trator eram utilizados no transporte de materiais de construção pela parte interna do local.

Saiba mais

Em audiência pública realizada na tarde de quarta-feira (19), na sala de comissões da Assembleia Legislativa do Maranhão (AL), e convocada pelo deputado estadual Adriano Sarney (PV), o diretor-presidente da Caema, Davi Telles, chegou a admitir que a ETE Vinhais estava operando com a capacidade reduzida.

Na edição de quarta-feira,19, O Estado publicou uma reportagem em que moradores do Vinhais denunciavam o mau cheiro que estava vindo da água bombeada pela estação para um dos braços do Rio Anil. Segundo eles, a água, que deveria ser tratada, na verdade é esgoto in natura.

Número

R$ 63.439.496,64

Foi o custo da ETE Vinhais, de acordo o Governo do Maranhão

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