Achado de cadáveres

27 corpos já foram achados este ano na Grande São Luís

Só este mês, cinco ocorrências foram registradas, e agosto foi, até agora, o que apresentou o maior número de desovas, com seis casos; dez vítimas nunca foram identificadas, apesar da SHPP ter designado equipe para investigar os casos

Ismael Araújo

Atualizada em 11/10/2022 às 12h44
Bombeiro desenterra o corpo de José Ribamar Câmara Barbosa, achado na área da Matança, no Anil
Bombeiro desenterra o corpo de José Ribamar Câmara Barbosa, achado na área da Matança, no Anil (27 corpos já foram achados este ano na Grande São Luís)


Vinte e sete casos de achado de cadáver com características de crime de homicídio já ocorreram este ano na Região Metropolitana de São Luís, segundo dados da Secretaria de Segurança Pública do Maranhão. Dez deles não foram identificados. Em todo o ano passado ocorreram 30 casos. Somente este mês, até sexta-feira, 21, cinco ocorrências foram anotadas na Ilha. O último corpo, do sexo masculino, foi achado na quinta-feira, 20, em uma área de matagal, no bairro Angelim, e ainda se encontra sem identificação no Instituto Médico Legal (IML) de São Luís.

A vítima apresentava sinais de violência, inclusive com uma perfuração na cabeça. A polícia esteve no local e informou que o caso tinha características de desova. Ainda segundo a polícia, a vítima teria sido executada em outro local e foi abandonada na área do Angelim.

Também ontem continuava sem identificação no IML outro corpo do sexo masculino encontrado por moradores no dia 14 deste mês em um terreno baldio, nas proximidades da Universidade Estadual do Maranhão (UEMA), na Cidade Operária. Ainda nessa data, a polícia achou o corpo do cobrador José Ribamar Câmara Barbosa, de 34 anos, em uma mata fechada na área da Matança, no bairro Anil.

O delegado Marcos Affonso Júnior, da Superintendência Estadual de Homicídios e Proteção a Pessoas (SHPP), que está investigando esse caso, informou que a vítima era moradora da Vila Embratel e trabalhava como cobrador para uma empresa em São Luís. Ela tinha saído de sua residência no período da manhã do dia 11, para fazer uma cobrança na área do Anil e não deu mais notícia aos seus familiares.

Dois dias depois os familiares do cobrador compareceram à SHPP e registraram o desaparecimento. O delegado explicou que durante a manhã do dia 14, em uma busca feita por uma equipe da delegacia, com apoio do Serviço de Inteligência da Polícia Militar, conseguiu encontrar o corpo do cobrador enterrado em uma cova rasa, coberto por folhas secas, na área da Matança, no Anil.

Desova
Marcos Affonso Júnior disse ainda que o local onde o corpo do cobrador foi achado é de difícil acesso, usado como ponto de desova por criminosos. O corpo de José Ribamar Câmara foi resgatado pelo Corpo de Bombeiros e em seguida removido para o Instituto Médico Legal (IML). “O reconhecimento do corpo somente pode ser feito após os exames realizados pelos peritos do Instituto de Criminalística”, informou o delegado.

O delegado disse ainda que os autores desse crime levaram a motocicleta da vítima, uma Honda vermelha, de placa PSG-4337. Os criminosos até sexta-feira, 21, não tinham sido localizados pelos investigadores da SHPP.

Ainda este mês, no dia 17, frequentadores da Reserva do Itapiracó acharam o corpo de uma mulher, que apresentava marcas de violência e possivelmente teria sido estuprada antes de ser assassinada a golpes de faca. O corpo foi removido para o IML e somente dois dias depois foi identificado como Aurigiane dos Santos Cardoso, de 27 anos, e era usuária de entorpecentes. No dia 2, a polícia encontrou o corpo de José Ribamar Campelo Conceição, de 18 anos. Ele foi morto a tiros por homens não identificados.

Maior registro
O mês de agosto até o momento é apontado como o período deste ano com maior número de achado de cadáveres. Foram seis casos. No dia 25, a polícia achou um corpo do sexo masculino às margens de um rio, na Vila Riod, em São Luís, sem a cabeça.

O comandante do 6º Batalhão da Polícia Militar, tenente-coronel Aritanã Lisboa, disse que o corpo estava de cueca. Os peritos do Instituto de Criminalística (Icrim) constataram que a vítima teria sido degolada alguns dias antes do achado, devido à rigidez cadavérica.

No dia 12, a polícia registrou mais um caso de desova, desta vez a vítima foi identificada como Sabino da Vera Cruz Pereira, de 59 anos. O corpo dele foi encontrado por populares enrolado em uma capa de sofá na Avenida dos Agricultores, na região do povoado Mata, na cidade de São José de Ribamar. A polícia informou que a vítima foi morta a tiros e abandonada no local.

Dia 3, o corpo do caseiro da loja maçônica do Turu, Lourêncio Gomes dos Santos Júnior, de 30 anos, foi achado enterrado em uma cova de aproximadamente um metro de profundidade, em uma área de matagal na Ribeira, região do Maracanã. A polícia informou que ele havia desaparecido do bairro Vinhais desde o dia 2 de março deste ano, mas o corpo só foi achado em agosto. Ele ainda teve o seu veículo, um Fiesta azul, de placas JUO-2450, roubado.

A polícia conseguiu prender três envolvidos nesse crime, identificados como Wagner Martins Moraes, Débora de Jesus Sardinha dos Santos e Diego Martins dos Santos. Ainda falta ser capturada uma mulher, identificada apenas como Sílvia. A polícia já solicitou o mandado de prisão contra ela.

Resgate
O corpo foi achado em uma mata fechada. Os bombeiros tiveram que utilizar pá e enxada para fazer o resgate. Os pés e as mãos da vítima estavam amarrados com uma corda e dentro da cova havia pedaços de roupa. A polícia, no primeiro momento, estava investigando o caso como desaparecimento, mas no decorrer da investigação acabou mudando a linha para crime de latrocínio.

A polícia ficou sabendo que a vítima havia tido um relacionamento amoroso com Débora Sardinha e com Sílvia por cerca de dois anos. No momento, as duas estavam mantendo uma relação matrimonial com Wagner Moraes. Inclusive, os três envolvidos estavam morando em uma casa, na área do Maracanã.

No dia do crime, Sílvia teria ligado para a vítima e pediu para ela ir até a sua casa, no Maracanã. No local, ela, em companhia de Wagner Moraes, pegou Lourêncio Júnior e o levaram até a área da Ribeira, onde já estava Diego Martins, que é primo de Wagner Moraes, que teria recebido R$ 200,00 para abrir a cova onde a vítima foi enterrada. No local, os criminosos teriam agredido fisicamente a vítima e a mataram a golpes de faca.

Os outros corpos achados em agosto foram de Pedro Agnaldo Chagas da Silva, de 52 anos, no dia 6, e mais dois não identificados no dia 31, no Novo Horizonte, na cidade de Paço do Lumiar.

Mais casos
A polícia registrou ainda quatro casos de achado de cadáver, em setembro; um em julho; dois em junho, um deles por espancamento. A vítima foi Jovenilson Barros Costa, de 31 anos. Em maio ocorreu um achado de cadáver e a vítima também teria sido morta por espancamento.

No mês de abril, dia 20, os moradores encontraram o corpo de Herbeth dos Santos Coelho, de 38 anos, que estava esquartejado dentro de vários sacos, na Avenida Principal do bairro da Vila Esperança. A polícia acredita que a vítima tenha sido morta em outro local e jogada às margens da via, naquele bairro. O corpo foi removido para o IML onde foi submetido a autópsia. Já em março, a polícia registrou três casos de achado de cadáver e em janeiro e fevereiro, dois casos em cada mês.

O titular da Superintendência Estadual de Homicídios e Proteção a Pessoas (SHPP), delegado Leonardo Diniz, informou que em todos os casos de assassinatos e ainda achado de cadáver é designado uma equipe da SHPP para ir até o local do crime e o caso imediatamente começa a ser apurado. “Em achado de cadáver caso seja comprovado índices de latrocínio ou de pessoas desaparecidas há equipes da SHPP específicas para investigar”, declarou o delegado. l

Saiba Mais

Achado de cadáver neste ano na Ilha

Janeiro: Washington Miguel R. Lima Júnior e Paulo Rodrigues

Fevereiro: Gleidson Reis Silva e João Luis Barbosa Pereira

Março: Raylson Pinheiro de Loura e dois corpos não identificados

Abril: Heberth dos Santos Coelho

Maio: vítima não identificada (espancamento)

Junho: Jovenilson Barros Costa (espancamento) e Carlos Roberto Lacerda Rodrigues

Julho: vítima não identificada, em estado de decomposição

Agosto: Pedro Agnaldo Chagas da Silva, Sabino da Vera Cruz Pereira, Lourêncio Gomes dos Santos Júnior e mais três corpos não identificados.

Setembro: Cleyton Henrique Cardoso, Edivanilson Vale Serra, Ricardo Lima Silva e um corpo não identificado

Outubro: José Ribamar Câmara Barbosa, José Ribamar Campelo Conceição, Aurigiane dos Santos Cardoso e dois corpos não identificados.

frase

“Em achado de cadáver caso seja comprovado indícios de latrocínio ou foi de pessoas desaparecidas há equipes da SHPP específicas para investigar”

Delegado Leonardo Diniz, Superintendente SHPP

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