Escondendo a Zika

Atualizada em 11/10/2022 às 12h44

Até parece coisa de Brasil, mas a doença Zika está sendo ocultada na Flórida. Inacreditável! Pois é, o Miami Herald informou que os prefeitos de Miami-Dade County e Miami Beach afirmaram que as autoridades do estado da Flórida pediram para que a localização de focos do mosquito transmissor da Zika fosse mantida em sigilo.
É preciso, antes, situar o início da “epidemia” de Zika na Copa do Mundo, em 2014, no Brasil, espalhando-se rapidamente pelo país no ano seguinte. Então, uma cientista, Adriana Melo, do Instituto de Pesquisa Professor Joaquim Amorim Neto, em Campina Grande, na Paraíba, viu correlação entre o Zica e a microcefalia. Virou piada na internet e na mídia e no meio científico, afinal, na Polinésia Francesa, nenhum francês viu, e justo uma cientista do nordeste e mulher...
Isso até cientistas dos Estados Unidos confirmarem a correlação. Os cientistas eram do CDC, Centro de Controle e Prevenção de Doenças, principal instituição de pesquisa de saúde do governo americano. A descoberta foi a primeira a confirmar que a picada do mosquito Aedes aegypti é capaz de provocar problemas cerebrais congênitos. O estudo foi publicado no “New England Journal of Medicine".
O medo do Zika ficou patente antes das Olimpíadas do Rio. Enquanto isso, o prefeito de Miami-Dade County ouvia dos funcionários do Departamento de Saúde da Flórida que a informação sobre os locais onde detectaram mosquitos Aedes aegypti contaminados com o vírus Zika era confidencial, isso porque tinham que proteger a privacidade dos moradores das respectivas regiões. E o mesmo ocorreu com o prefeito de Miami Beach.
A Flórida era o único estado continental dos Estados Unidos onde foram registrados focos de Zika. Segundo o Departamento de Saúde, até o final de setembro, foram contabilizados quase 900 casos da doença, sendo que 90 eram de mulheres grávidas.
O conhecido CDC, Centro de Controle e Prevenção de Doenças, também divulgou dados computados até 24 de agosto, indicando que desde 1º de janeiro de 2015, nos EUA foram 8.968 casos relacionados à viagem e 43 casos contraídos localmente, todos na Flórida, totalizando 9.011 casos. E também foram registrados 26 casos de Síndrome de Guillain-Barré, sendo 16 casos de bebês nascidos com defeitos congênitos com evidência de infecção pelo vírus Zika e cinco perdas de gravidez com defeitos congênitos.
O governador da Flórida divulgou que vai investir US$ 25 milhões para pesquisar uma vacina contra a doença. O presidente Barack Obama, em fevereiro, quis investir US$ 1,9 bilhão para combater o Zika, mas os republicanos, que têm a maioria no Congresso, bloquearam o pacote proposto. Parece coisa de esquerdista do Brasil, mas foi nos EUA. Incrível!
Uma curiosidade, enquanto no Brasil, reclama-se muito dos “fumacês”, aquela camionete que passa pulverizando e irritando a muitos, nos EUA a pulverização é feita por aviões e helicópteros. Porém, Miami Beach usa o pesticida BTI, que é natural e já é usado nas fazendas orgânicas de Florida Keys, enquanto Miami-Dade County usa o Nalede que foi proibido na Europa por poder provocar problemas de saúde.

Mario Eugenio Saturno
Tecnologista Sênior do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE) e congregado mariano
cienciacuriosa.blog.com

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