Ângela Soares, funcionária pública

“Escolhi a vida e estou aqui, vitoriosa”

A funcionária pública Ãngela Soares, 42 anos, é um exemplo de superação; ela teve câncer de mama duas vezes, retirou os seios, fez a cirurgia restauradora, e hoje comemora a cura

Paula Boueri Da equipe de O Estado

Atualizada em 11/10/2022 às 12h44

Receber o diagnóstico de um câncer de mama nunca é fácil. E quando isso acontece duas vezes em um período de cinco anos, balança as estruturas de qualquer um. E o que dizer quando os dois casos são descobertos durante o processo de amamentação e o outro durante outra gravidez? A funcionária pública Ângela Soares, 42 anos, passou pela situação e sabe bem as dores e a felicidade de vencer o câncer duas vezes.

“Da primeira vez, em 2009, meu bebê, Marco Antônio, estava com 8 meses e eu ainda amamentava. Meu primeiro pensamento foi mesmo de desespero. O diagnóstico soa como um sentença de morte. E eu tinha um bebê para criar! Mas depois você conversa com seu médico e vai descobrindo que, se tratado a tempo, o câncer tem cura”, relata.

Ângela descobriu o nódulo em casa, apalpando o seio com a ajuda do marido, Antônio Mendes. Procurou ajuda imediata. Retirou a mama e fez quimioterapia. “Estava muito desorientada na época, então não fiz a reconstrução mamária. Mas nunca me deixei abater. Escolhi viver desde o primeiro dia, quando passou o susto. Fiz quimio, ia e voltava das sessões dirigindo meu próprio carro”, conta.

Os cabelos, sempre tão elogiados, caíram. “Fui cortando aos poucos. Até que um dia, entrei em um salão que não frequentava e pedi para raspar, já que estava caindo muito. Baixei minha cabeça e só levantei quando terminou. Chorei muito, mas só ali. Depois segui em frente”, diz.

Parto antecipado

O segundo diagnóstico Ângela Soares recebeu fazendo exames de acompanhamento, comuns a quem teve a doença. Era fevereiro de 2014. Ela foi à consulta e o médico passou todos os exames e um mês depois, descobriu que estava grávida. “Eu não evitava filhos, mas achava que não poderia mais tê-los por causa da quimioterapia. O médico suspendeu os exames e disse para eu fazer somente a ultrassom das mamas em agosto. Foi quando descobri o câncer no outro seio”, conta.

Descobrir a doença durante a gravidez faz as preocupações ficarem ainda maiores e as decisões difíceis devem ser tomadas. Interromper a gestação era algo impensável, primeiro porque o feto já estava formado, segundo porque a possibilidade era algo que a professora nem cogitava. “Os médicos decidiram antecipar o parto, principalmente porque na gravidez o tumor evolui mais rápido, por causa das alterações hormonais”, afirma.

Ao completar 38 semanas, nasceu João. “Um mês depois de dar a luz, fiz a retirada do segundo seio. Foi muito mais difícil dessa segunda vez. Além de ter de pensar nos meus dois filhos, um deles recém-nascido, ainda senti todos os efeitos da quimio aumentados”, conta. Nesse momento, o marido, a família e os amigos foram fundamentais. “Eles colocavam o bebê no meu colo para que eu pudesse dar a mamadeira. Se revezavam entre cuidar de mim e do bebê”, relembra.

Nova vida

Em 2015, Ângela começou o processo de reconstrução mamária. Primeiro, colocou expansores. E em julho de 2016, pôs as próteses definitivas. “Quando descobri os dois casos, as pessoas se espantaram muito. Eu sempre me cuidei muito e fazia consultas regulares. Também não tinha casos de câncer na família, então foi surpresa. O câncer de mama não escolhe classe social, nem raça, nem idade. Nós temos que nos cuidar e fazer sempre o auto-exame”, afirma.

Feliz com o marido e com os dois filhos, ela comemora cada passagem do Outubro Rosa, pois sabe que é uma vencedora. “É difícil e fica sim um medo de recaídas, mas é preciso ser forte. Optei em não me abater, escolhi a vida desde o início e estou aqui, vitoriosa. Não sou mais forte do que ninguém, mas escolho viver. Quero ver meus filhos crescerem”, finaliza.

Um mês depois de dar a luz, fiz a retirada do segundo seio. Foi muito mais difícil dessa segunda vez. Além de ter de pensar nos meus dois filhos, um deles recém-nascido, ainda senti todos os efeitos da quimio aumentados”

“É difícil e fica, sim, um medo de recaídas, mas é preciso ser forte. Optei em não me abater”

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