Mamografia

Exame não causa câncer de tireóide, desmentem entidades

Vídeo viral, de 2013, voltou a ser compartilhado por meio de redes sociais, veiculando informação falsa sobre riscos na mamografia

O Estadoma.com

Atualizada em 11/10/2022 às 12h44
(mamografia)

Em meio ao Outubro Rosa, campanha que divulga a necessidade de prevenção ao câncer de mama, um boato envolvendo a mamografia - principal exame utilizado no diagnóstico precoce da doença - voltou a circular na internet. Segundo o vídeo viral, o exame aumentaria os riscos de câncer da tireóide por causa da exposição aos raios X, o que é desmentido tanto pela Comissão Nacional de Mamografia do Conselho Brasileiro de Radiologia e Diagnóstico por Imagem (CBR) quanto pelo Instituto Oncoguia. As entidades esclarecem que os níveis de radiação do exame são ínfimos e não chegam a expor o paciente ao risco.

O vídeo - que data de 2013, mas voltou a ser compartilhado nas redes sociais este ano - fala que o uso dos protetores de mamografia para diminuir a incidência de radiação só ocorre quando o próprio paciente solicita. No entanto, a Comissão Nacional de Mamografia assegura que não há necessidade de utilização dos protetores, o que só é feito quando o paciente pede, mais para efeitos psicológicos do que como medida necessária de proteção. De acordo com o Instituto Oncoguia, o uso do protetor nem é recomendado porque pode atrapalhar o diagnóstico.

Exame

A mamografia é uma radiografia especial que constitui-se como a melhor maneira de detectar tumores nas mamas com menos de 2 cm, ou seja, antes que eles possam se espalhar para outras partes do corpo. O exame deve ser feito por toda mulher a partir dos 40 anos ou, no caso de incidência na família, a partir dos 30.

Leia na íntegra o esclarecimento da Comissão Nacional de Mamografia do CBR sobre o uso do protetor durante a mamografia

Vários estudos têm confirmado a importância da mamografia na redução da mortalidade pelo câncer de mama. Por outro lado, existe preocupação com os efeitos que a radiação ionizante pode trazer para o organismo. Em especial, uma discussão sobre o aumento do câncer de tireoide nas pacientes submetidas ao rastreamento mamográfico tem causado ansiedade entre as mulheres. A respeito disso, alguns pontos devem ser esclarecidos:

1) A alusão ao efeito da mamografia em aumentar a incidência do câncer de tireoide é feita sem base científica, pois há diversos estudos publicados mostrando que o exame de mamografia não expõe a tireoide a doses consideradas nocivas;

2) Segue abaixo a tradução do texto original referente ao uso de protetores em mamografia, extraído do documento Quality Assurance Programme for Digital Mammography – IAEA Human Health Series, nº 17, página 139, publicado pela Agência Internacional de Energia Atômica, em 2011:

“Na mamografia moderna, há uma exposição insignificante para outros locais sensíveis à radiação que não seja a mama. O principal valor da utilização do vestuário da proteção contra radiações é psicológico. Se tal vestuário deve ser fornecido, só deve ser feito a pedido da paciente. O vestuário não deve ser mantido em exposição na sala de exame. A presença dos aventais e colares na sala de mamografia pode sugerir que seu uso é uma prática aceitável, o que não é o caso.”

“Tanto cálculos como medidas mostram que a quantidade de radiação atingindo a tireoide durante a mamografia é insignificante. A quantidade de radiação atingindo os ovários é ainda menor, devido à atenuação pela bandeja de suporte da mama e pelo tecido sobrejacente. Virtualmente, todo o feixe de raios X é bloqueado pela mama e a bandeja de suporte da mama existente no mamógrafo; somente uma fração extremamente pequena de radiação dispersa atinge outras partes do corpo humano. A dose calculada para a tireoide em um exame de quatro incidências é menor do que 0,03 mGy. Isso é cerca de 1% da dose que seria recebida pela mama durante o exame e é igual à dose que seria recebida pela tireoide por três dias de radiação natural de fundo (nota da tradução: a radiação natural de fundo provém do espaço extraterrestre e de materiais radioativos existentes na crosta terrestre). Em outras palavras, isso seria o equivalente a receber 368 dias de radiação natural de fundo por ano em vez dos 365 dias de radiação de fundo que seria recebida sem o exame. A radiação natural de fundo varia de localidade para localidade em valores muito maiores do que este”.

Portanto, de acordo com a Agência Internacional de Energia Atômica, o uso do protetor de tireoide em exames de mamografia não é recomendado na rotina, devendo ser utilizado apenas nos casos em que a paciente o solicite. É importante sempre informar que a utilização dos protetores pode, inclusive, atrapalhar o exame, pois se não for bem colocado na paciente, pode ser a causa de repetição nos casos em que a sua imagem se sobrepõe à imagem da mama.

Atenciosamente,

Comissão Nacional de Mamografia do CBR

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