Prêmio

Três pesquisadores britânicos dividem o Prêmio Nobel de Física

David Thouless, Duncan Haldane e Michael Kosterlitz fizeram descobertas sobre mudanças abruptas das propriedades, ou fases, de materiais ultrafinos

Atualizada em 11/10/2022 às 12h44
Duncan Haldane, David Thouless (detalhe)  e Michael Kosterlitz
Duncan Haldane, David Thouless (detalhe) e Michael Kosterlitz (nobel de física 2016 h)

ESTOCOLMO - Três cientistas nascidos no Reino Unido conquistaram o prêmio Nobel de Física de 2016 ontem por revelarem estados incomuns da matéria, o que irá levar a avanços na eletrônica e terá o potencial de ajudar trabalhos em futuros computadores quânticos. David Thouless, Duncan Haldane e Michael Kosterlitz, que hoje atuam em universidades dos Estados Unidos, compartilharam o prêmio por suas descobertas sobre mudanças abruptas das propriedades, ou fases, de materiais ultrafinos.

A pesquisa está centrada na topologia, um ramo da matemática que envolve alterações escalonadas, como fazer uma série de furos em um objeto. O conceito, difícil de entender, foi ilustrado por um membro do Comitê do Nobel, Thors Hans Hansson, em uma coletiva de imprensa usando um pão de canela, um bagel e um pretzel.

As fases são óbvias quando a matéria vai do estado sólido para o líquido e para o gasoso, mas os materiais também podem sofrer alterações escalonadas topológicas que afetam suas propriedades elétricas. Um exemplo é um supercondutor, que em temperaturas baixas conduz eletricidade sem resistência.

"Graças ao seu trabalho pioneiro, começou a busca por fases da matéria novas e exóticas. Muitas pessoas estão esperançosas com as aplicações futuras tanto na ciência de materiais quanto na eletrônica ", disse a Real Academia de Ciências da Suécia.

Promissora

Metade do prêmio total de 8 milhões de coroas suecas (equivalente a R$ 3.028.000) foi concedido a Thouless e a outra metade foi dividida entre M. Haldane e Kosterlitz. "De repente, as pessoas estão percebendo que os efeitos topológicos da mecânica quântica são um assunto tremendamente rico", disse Haldane, que falou com os repórteres em Estocolmo por meio de uma ligação pela internet. O cientista de 65 anos disse estar "muito surpreso e muito grato" por receber uma chamada para ser informado sobre a conquista.

Andy Schofield, professor de física teórica da Universidade de Birmingham, onde Kosterlitz e Thouless realizaram seu trabalho inicial nos anos 1970, disse que a nova compreensão dos estados de fase é particularmente promissora na computação.

"Uma das implicações tecnológicas mais empolgantes são isolantes que não transmitem eletricidade normalmente, mas que podem ser forçados a transmitir corrente elétrica na superfície", explicou ele à Reuters. "Este é um estado muito robusto, que dá uma estabilidade essencial para a computação quântica".

Os computadores quânticos supervelozes, um dos santos graals da ciência, devem ser capazes de testar soluções múltiplas para um problema ao mesmo tempo e, em teoria, poderão solucionar em segundos problemas que exigem anos das máquinas atuais mais rápidas.

Os computadores tradicionais usam pedaços de informações binários para armazenar dados, enquanto os quânticos usam "qubits" que podem ser 0 e 1 simultaneamente, o que os torna supervelozes, mas instáveis.

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