Lixo acumulado

Sem coleta, lixo se acumula nas ruas e causa transtornos

Desde sexta-feira, resíduos não são coletados em diversos bairros de São Luís; na Feira da Liberdade, ontem havia lixo acumulado, mau cheiro e larvas; a causa da suspensão é o medo de novos ataques a caminhão de coleta

Atualizada em 11/10/2022 às 12h44

O lixo acumulado na Feira da Liberdade resultou ontem em uma situação inusitada: os feirantes usavam máscaras para evitar aspirar o odor fétido dos resíduos sólidos, especialmente os orgânicos, já em decomposição. O lixo acumulado, desde a última sexta-feira, não só na Liberdade, mas em outros bairros, é devido aos atentados à ônibus, escolas e veículos de serviços, que vem ocorrendo sistematicamente há quase uma sema­na em São Luís.

Os atentados estão prejudicando o sistema de coleta do lixo na cidade. Segundo moradores de bairros periféricos e regiões consideradas perigosas, há pelo menos cinco dias que os caminhões de lixo não têm passado pela região. Isso porque existe um medo de que mais carros sejam queimados, como ocorreu na quinta-feira, dia 29.

Ontem pela manhã, uma das situações mais críticas era na Feira da Liberdade. Os feirantes afirmaram que a coleta de lixo não era realizada no local há cinco dias. O resultado era uma montanha enor­me de dejetos que tomou de conta da lixeira do mercado e já saía pelas portas.

O mau cheiro, advindo de restos de comida e vísceras de animais mortos, como peixes, era insuportável e se propagava por todo o galpão. Por volta das 11h o lixo começou a ser coletado.
Os comerciantes se viram obrigados a utilizar máscaras, para continuar trabalhando. E quem não tinha o equipamento, como os parcos compradores que se aventuraram a enfrentar o odor, improvisavam com a mão, ou com as roupas.

Alternativa
A feirante Severina Costa Araújo é uma das que não tinha máscara. Ela amarrou um pano vermelho em volta do rosto e atendia seus clientes dessa forma. Segundo conta, não havia muita coisa o que fazer, a não ser ir trabalhar e aguentar o fedor.

Não dava para aguentar por muito tempo. Tanto que bem antes de 12h os feirantes já estavam recolhendo suas mercadorias e indo embora para casa.
“Ninguém está entrando na fei­ra, com nojo. E mesmo esse fedor impregna nas coisas da gente. Estamos indo embora, porque ninguém aguenta mais”, afirmou a feirante Jaqueline Pacheco, que se utilizava de uma máscara para amenizar o odor.

Segundo afirmou, o mau cheiro começou ainda no mesmo dia em que a coleta parou, já que grande parte do lixo se concentra em restos de peixe, carne e aves, além de frutas estragadas, e na segunda-feira, dia 2, a quantidade de larvas que saia da lixeira era tanta que já estavam subindo pelas pernas das pessoas que ousavam caminhar por perto.

Outro feirante, Claudino Rocha, ressaltou que, por dia, cada feirante paga R$ 8,50 para a administração da feira e que em outros momentos de crise na limpeza, como nas greves dos agentes de limpeza, o mercado nunca ficou sem limpeza, mas desta vez, eles se viram em uma situação complicada.

São Francisco
Na Feira do São Francisco, a situação demorou bem menos tempo para ser consertada. Fo­ram apenas três dias sem coleta, mas que mesmo assim causaram transtornos.

Nesse bairro, o maior problema está nos containers de lixo, que ficam fora do mercado. Como a coleta na região está irregular desde a semana passada, os moradores retiram o lixo de suas portas e jo­gam nos coletores da feira, que ficam lotados em poucas horas e passam a transbordar.
No mesmo bairro, é comum ver sacos de lixos se acumulando nas portas das casas, alguns pendurados em muros, outros em árvores. A situação também se repete por diversos outros locais de São Luís, onde os moradores seguem com o acúmulo de resíduos sólidos em suas portas.

Outro lado
Carolina Estrela, do Comitê Gestor de Limpeza Urbana do Município, afirmou que, durante dois dias, à noite, na sexta-feira e no sábado, realmente os caminhões de lixo deixaram de circular, por conta dos ataques, já que um caminhão de limpeza foi destruído na região da Ribeira e outro sofreu uma tentativa de atentado, nas proximidades do Recanto dos Vinhais.

Os próprios agentes de limpeza estavam com medo de saírem para trabalhar durante o período da noite, ainda mais em regiões mais distantes da cidade.

O fato causou um acúmulo de lixo em alguns bairros e regiões que são atendidos nesse horário, caso do Mercado da Liberdade. Mas desde domingo os caminhões voltaram a circular normalmente.
Segunda-feira e ontem, houve até mesmo um reforço no número de veículos e homens na rua para que o lixo acumulado seja recolhido o mais rápido possível. A previsão é de que até amanhã tudo esteja normalizado e sem odor.

Saúde pública
O lixo não é somente um problema de caráter ambiental, mas também de saúde e qualidade de vida. Desse modo, a sua coleta configura como um dos principais serviços públicos.

Para os feirantes, a falta de coleta de lixo tem como consequência diversos problemas, não só no ambiente, mas também às pessoas da comunidade.
Entre os problemas gerados pelo lixo acumulado estão: disseminação de insetos que são hospedeiros de doenças, como a peste bubônica, dengue, leptospirose, entre outras. l

Números

1,3 toneladas de lixo são geradas por dia em São Luís

Problema com lixo podem ser relatados através do disque-coleta - 0800 098 1936

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